sábado, fevereiro 05, 2011

Capitalismo divide o povo

O general na reserva, Marcelino dos Santos, considera que os actuais membros directivos do partido Frelimo contrariam os princípios que nortearam a formação da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), ao não dar informação ao povo sobre o que está a acontecer no país.O membro do triunvirato que foi criado para dirigir a Frente de Libertação de Moçambique depois do assassinato de Eduardo Mondlane na residencial de Bety King em Dar-es-Salaam, e general na reserva, deu, como exemplo, as manifestações de Setembro último, em que o povo saiu à rua a protestar contra a carestia da vida, como tendo acontecido como consequência da falta de diálogo entre os governantes e o povo.Marcelino dos Santos entende que se a FRELIMO – na altura ampla frente e movimento de libertação – tivesse actuado como os actuais membros do Governo moçambicano não teria levado a acabo, com sucesso, a luta de libertação nacional, porque, na altura, era imperativo explicar a todos o que estava a acontecer de forma a ter-se apoio do povo.Por isso, na altura entendia-se que era preciso que houvesse um grande diálogo entre o movimento e povo. Daí o que fez a força de movimento foi a capacidade de comunicação com o povo, argumentou Marcelino dos Santos.“Vocês sabem que guerra é sempre guerra. Não se pode levar uma pessoa só por levar. É preciso que ela saiba o que é guerra”, disse o general na reserva.No entanto, Marcelino dos Santos diz que o povo tem o direito de conhecer a realidade do nosso país para se evitar os problemas que nos últimos anos afectam o país, por falta de comunicação com o povo. Falando concretamente das manifestações de 1 e 2 de Setembro do ano passado, nas cidades de Maputo e Matola, Marcelino dos Santos disse que as mesmas eram evitáveis, mas os governantes pouco fizeram neste sentido. Considera que os governantes deviam ter descido até a base e explicar ao povo o que estava a acontecer, o que não sucedeu.“Depois das manifestações, fomos aos bairros afectados e a primeira coisa que nos perguntaram foi: porquê vocês não vieram ter connosco?”, disse.Acrescentou: “É só hoje que se fala disso, mas já sabiam. É bom que os dirigentes não se esqueçam disso”.Adianta ainda que o conhecimento é um direito de todos nós. Marcelino dos Santos, membro sénior do partido Frelimo, falava numa palestra organizada pela Autoridade Tributária de Moçambique, no âmbito da passagem de 03 de Fevereiro, dia reservado aos heróis moçambicanos. Este dia que ontem se celebrou ainda não é aceite por unanimidade e é até muito contestado por amplos sectores sociais e áreas do país, por só consagrarem os membros do partido Frelimo como heróis nacionais.Entretanto, Marcelino dos Santos disse que a FRELIMO soube entender e mostrar desde a sua fundação que durante a luta não podia haver exploração de homem pelo homem, através do capitalismo ou comércio livre.Essa foi a razão, segundo o general na reserva, que levou a FRELIMO, depois da independência nacional, a optar pelo socialismo, visto que, no seu entender, o capitalismo seria a continuação de exploração do homem pelo homem.“Se nós tivéssemos aceitado o capitalismo, teríamos criado grupos e não criaríamos a unidade nacional. Não estaríamos onde hoje estamos”, disse.Disse ainda que “logo que nasceram as primeiras zonas semi-libertadas, onde não havia a nossa administração, onde a população a partir desse momento estava livre do colonialismo, foi proibido o comércio privado”.“Daí, a Frelimo decidiu instalar lojas do povo. A Frelimo estabeleceu o programa de combater, de todos os meios, os traços do colonialismo”.“As posições internas não tardaram”. “Foi uma fase” que o general considera “de contradições internas no seio da Frelimo e não com o povo, como alguns advogavam”. (Egídio Plácido)

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