quarta-feira, maio 27, 2015

É o que disse o Coronel!!!

O Arquivo Histórico Sul-Africano (SAHA) divulgou recentemente o depoimento do antigo Comandante da Força Aérea Moçambicana, Coronel João Bernardo Honwana, perante a Comissão da Verdade e Reconciliação (TRC) da África do Sul. O depoimento do Coronel Honwana, que integrou a Comissão de Inquérito moçambicana instaurada para investigar as causas do acidente de Mbuzini, foi feito numa sessão à porta fechada da TRC, realizada na Cidade do Cabo em 3 de Junho de 1998. A divulgação do depoimento cumpre o estipulado na Lei da Promoção do Acesso à Informação em vigor na África do Sul desde 2000.
De acordo com o Coronel João Honwava, as relações entre Armando Guebuza e o Presidente Samora Machel, pouco antes do acidente de Mbuzini, “eram muito tensas”. O ex-comandante da Força Aérea Moçambicana acrescentou que “havia rumores de que Guebuza estava a preparar uma força especial, eventualmente com o objectivo de derrubar o Presidente Machel”. Em face desta situação, disse Honwana, “Guebuza deixou de ser ministro do Interior, passando a deter um cargo que, basicamente, não tinha nenhum significado”.
A sessão à porta fechada da TRC foi presidida por Dumisa Ntsebeza, membro do Comité para as Violações de Direitos Humanos, tendo contado com a presença de Wilson Magadhla, chefe de investigações especiais da Comissão da Verdade e Reconciliação, para além das jornalistas Debora Patta e Christelle Terreblanche.
No depoimento, Honwana referiu-se a uma série de reuniões do Bureau Político do Partido Frelimo, que “discutiram toda a questão em torno de Guebuza”, no decurso das quais “houve uma troca de palavras bastante tensas entre Guebuza e o Presidente Samora Machel”.

Honwana disse que as forças governamentais haviam perdido o controlo da situação militar em Moçambique, e que Samora Machel havia declarado “numa reunião em Maputo três dias antes do acidente de Mbuzini, que “desconhecia a gravidade da situação militar no terreno”. Salientou o Coronel Honwana: “Ele deu a entender que havia sido induzido em erro, e levado a acreditar que as Forças Armadas tinham o controlo da situação”, quando a realidade era outra. Numa visita à Base Aérea de Nacala, por ocasião do encerramento de um curso de formação de batalhões de forças pára-quedistas, Machel declarou, de acordo com o depoimento de Honwana, que “uma vitória contra a Renamo dependia da colocação da pessoa certa no lugar certo”. Na sequência destas declarações do Presidente Machel, acrescentou Honwana, “o General Sebastião Mabote foi substituído no cargo de Chefe de Estado-Maior da Forças Armadas de Moçambique por Armando Panguene, tendo Mabote seguido para Cuba”. Ainda de acordo com o depoimento do Coronel João Honwana, no regresso de Samora Machel da viagem à Zâmbia, em 19 de Outubro de 1986, o chefe do Estado moçambicano “preparava-se para remodelar a estrutura de comando das Forças Armadas de Moçambique”. (Redacção)

terça-feira, maio 26, 2015

Com + projectos estrangeiros

Moçambique foi o quinto país africano com maior número de projectos implementados através de investimento directo estrangeiro no continente africano, no ano passado. A informação consta num relatório publicado recentemente pela “Fdi Intelligence”, divisão estatística do “Financial Times”, que revela ainda que, em 2014, Moçambique implementou projectos financiados pelo investimento directo estrangeiro na ordem de nove mil milhões de dólares norte-americanos. O investimento fez com que o país subisse 67% face a 2013. Ainda segundo os mesmos dados, África foi o continente que mais cresceu durante o período em análise, ao ter aumentado o número de projectos em 6% e as verbas em 65%, para 87 mil milhões de dólares. Em Moçambique, onde o Fundo Monetário Internacional prevê um crescimento de 7% para este ano, foram recebidos nove mil milhões de dólares em investimentos de capital no ano passado, grande parte destinada ao sector imobiliário. O continente africano cresceu 5% em 2014, estando 1,5% acima do crescimento da economia mundial para este ano. Entretanto, o FMI e o Banco Mundial alertaram para um abrandamento do crescimento, entre 4 e 4,5%, devido aos efeitos da descida dos preços do petróleo no mercado internacional. (R.Moiane)

Maputo com dministrações paralelas

O “Observatório Constitucional”, boletim especializado do Instituto para Boa Governação e Desenvolvimento (GDI), escreve que, até aqui, ninguém conseguiu provar, através de norma constitucional, a inviabilidade de autarquias provinciais. Aquele boletim – que foi fundado por Gilles Cistac, que era seu editor-chefe – diz que existe a possibilidade criada pelo legislador constituinte para a criação das autarquias provinciais, à luz do n.o 4 do Artigo 273 da Constituição da República de Moçambique. Contra a ideia de que o projecto pretendia criar dupla administração e, consequentemente, insubordinação, o que ia por sua vez empurrar o país para uma situação de ingovernabilidade, o GDI refere que esta tese só pode ser levantada se quem governa o país não tiver a necessária noção de que administração pública estatal e administração autárquica, são, ambas, administrações públicas, e têm por finalidade servir o interesse público. A posição do GDI consta no “Observatório Constitucional”, um boletim que versa sobre matérias jurídicas.
Em vida, Gilles Cistac argumentou e demonstrou que era possível a criação de autarquias provinciais com base no n.o 4 do Artigo 273 da Constituição da República de Moçambique
Mais tarde, alguns juristas apareceram a declarar que as autarquias superiores referidas pelo legislador constituinte no Artigo em causa não abrangem as províncias. A opinião deste grupo de juristas acabou por ser determinante para a reprovação do projecto.
No seu boletim, o GDI diz que “esses mesmos juristas não demonstraram, através de citação de norma constitucional, onde tal despretensão do legislador constituinte se acha inscrita para fundamentar a sua tese”.
O GDI diz que o n.o 4 do Artigo 273 da Constituição da República deixa claro “que esta abre a possibilidade de exorbitar as autarquias do âmbito restrito das actuais circunscrições territoriais de municípios e povoações, referidas nos números 1, 2 e 3 deste modo.”
Não tendo o legislador se “pronunciado explicitamente de modo a vedar a transformação das províncias em autarquias, então não existe fundamento jurídico-constitucional que impeça ao legislador ordinário” a transformação “das circunscrições territoriais correspondentes às actuais províncias” em autarquias, afirma o GDI. No entendimento desta organização, “constitucionalmente não se detecta argumento jurídico que possa impedir que a AR aprove o projecto de criação das autarquias provinciais”

Sobre o receio de que, com a proposta da Renamo, se criem duas administrações provinciais paralelas, o GDI refere que isto “é o que está a acontecer na cidade de Maputo, onde se tem no mesmo território a administração autárquica e a administração estatal do Governo da cidade com o estatuto de província”. O GDI refere ainda que nos últimos anos se assistiu à “criação de administrações distritais paralelas nos municípios da Beira, Quelimane e Nampula, autarquias estas sob administração de um partido político diferente” daquele que está no Governo central. (A Mulungo)
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quinta-feira, maio 21, 2015

Governador recebe embaixador


Em Quelimane, o Embaixador americano Griffiths manteve um encontro com o Governador da Província Abdul Razak. Para além disso, o Embaixador fez uma visita ao projecto de saneamento e drenagem municipal na Cidade, na companhia do Edil Manuel de Araújo.O projecto de saneamento e drenagem municipal na Cidade de Quelimane é uma das obras financiadas pelo Governo Americano através do Compacto do Millennium Challenge Corporation em Moçambique e foi inaugurado em Abril de 2014.
Com uma extensão de um quilómetro, o sistema de drenagem ajuda a reduzir a incidência da malária e melhora os resultados de saúde, diminuindo danos pessoais e patrimoniais por inundações que eram frequentes naquela cidade.

Benesses entre as elites

Qualquer coisa diferente produz exclusão e gera insustentabilidade perigosa. Os esquemas estabelecidos e ferrenhamente defendidos em alguns círculos, o poder por todos os meios, devem ser vistos como os verdadeiros atentados para a unicidade de Moçambique. É conversa fiada e enganadora repetir e mediatizar uma “unidade nacional” que não se sente nem se vive. Sem participação e comparticipação, sem democracia política e económica, dilui-se o sentido e significado de pátria. Pelo facto de a elite ou nomenclatura nacional recusar-se a compartilhar o país, milhões de moçambicanos vegetam, no lugar de viver com dignidade.
Os espectáculos dispendiosos chamados comícios são como os circos da antiga Roma. Finda a apresentação dos figurinos escolhidos a dedo, os jornais regimentalistas e estacões televisivas espalham a mensagem preparada, mas, no concreto, nada muda, pois o alvo continua a se não sentir envolvido nas lides nacionais.
Depois de tantos anos de promoção de assimetrias e estratégias de afunilamento e concentração do poder através de artifícios étnico-políticos, chegou-se a um fim de linha. De dentro do partido no poder surgem sinais preocupantes de clivagens em linhas supostamente raciais, que denotam um divórcio entre gente que antes era “camarada”. Na defesa daquilo que pode ser considerado de espólio de guerra, jamais vencida, mas oferecida de bandeja por outros “camaradas de Lisboa”, testemunha-se uma incoerência gritante por parte de pessoas com responsabilidades históricas.
Como já se concluiu que não é possível continuar a excluir a maioria, adopta-se corta-matos, para mostrar que todos beneficiam da riqueza nacional. Mas é por demais evidente que quem beneficia são os mesmos de sempre. Onde haja rubi ou turmalinas, ouro ou ferro, carvão ou gás, são os mesmos que atacam e agarram tudo. Como deve ser propagandeado que outros participam, até se concedem posições de accionistas a alguns eleitos, mas, no essencial, tudo está tomado e de forma ilícita por uma elite que se julga proprietária do país.
Numa situação de completa desigualdade e de regras de jogo diferentes, é caricato falar de “unidade nacional”. Os moçambicanos não estão à espera de distribuição gratuita de riqueza nem de esmolas.
Afastar a guerra do vocabulário das pessoas e concorrer efectivamente para a consolidação da paz passa por haver uma atitude de responsabilidade, honestidade e coerência entre os políticos.
Processos eleitorais vencidos através de manipulação e violência policial e política e através de conluios entre “toupeiras judiciais” e poder político são de utilidade reduzida e limitada. Como se pode ver, as eleições de Outubro de 2014 produziram toda a tensão actual por terem acontecido sob o signo da fraude organizada nos mais altos escalões politico-governamentais.
A mobilização dos pesos-pesados do partido no poder para o processo só confirma que havia consciência do risco de aquelas eleições não correrem de afeição e de passar de posição a oposição.
Este Moçambique precisa de normalizar-se, e isso só pode acontecer se houver disposição e realismo por parte de todos.
Um dos pilares da sustentabilidade nacional é a Justiça, que não pode continuar amarrada ao partido Frelimo. Foi a impunidade em Gaza que distorceu o jogo democrático. Foi a violência policial e coerção que mancharam o processo eleitoral. Se os observadores fazem vista grossa e se a máquina eleitoral está infiltrada por especialistas informáticos que antecipadamente decidem quem é o vencedor, não se pode designar os resultados finais como livres, justos e transparentes.
Se a elite detentora do poder decide que, para manter-se no topo da pirâmide, deve rapidamente distribuir parte do bolo, essa opção pode ser acertada, mas é insuficiente, pois continua a não responder aos anseios de milhões de moçambicanos.
Enquanto persistir a incapacidade de ver os assuntos discordantes ou as razões para a discórdia e tratá-los de forma realista, estaremos promovendo crises e alimentando o oportunismo divisionista.
Resultado de imagem para nao querem esmolasPrecisa ser dito que quem divide são aqueles que desde os primeiros dias após a Independência se colocaram como senhores inquestionáveis e donos da verdade absoluta.
Começaram com pequenos gestos como “lojas dos responsáveis”, depois avançaram para outros patamares, até se apresentarem com frontalidade como senhores todo-poderosos, senhores da vida e da morte dos outros. Quem viveu não se esquecerá jamais do que significava ser “estrutura” e o poder conferido a esta entidade. Depois de uma longa e sangrenta guerra civil, chegou-se a um entendimento e acordo chamado AGP. Regista a história que o AGP foi um fiasco no essencial, pois não conseguiu trazer a separação efectiva dos poderes democráticos.
Será que há seriedade e realismo para abordar os verdadeiros “dossiers” nacionais e tratá-los de forma adequada, promotora da paz e da estabilidade?
A ver vamos, pois o tempo escasseia, e os moçambicanos esperam por muito mais do que comícios e proclamações. O que é lamentável é que, após 40 anos, se toquem os mesmos “discos furados”.
Há oportunidade de incluir os outros na discussão sobre e por Moçambique.
Ninguém sabe tudo e ninguém nada sabe.
Os moçambicanos não querem esmolas, “frozy” nem bolachas oferecidas para baterem palmas ocasionalmente.Haja sensatez e seriedade e que se assuma que a “mentira tem pernas curtas”.Os “históricos” têm o seu lugar garantido na História de Moçambique, mas entendam que não são deuses para porem e disporem conforme lhes apeteça. (N.N.)

Isto SÓ a ..........


quinta-feira, maio 14, 2015

Abra o olho!



Em primeiro lugar, tenho de saudar a coragem e a determinação que o ex-ministro das Finanças Manuel Chang demonstrou ao manifestar publicamente a intenção de se candidatar para as próximas eleições da Federação Moçambicana de Futebol (FMF), numa altura em que o actual titular do cargo, Feizal Sidat, por força da lei, não mais poderá concorrer.A aparição de Manuel Chang é bem-vinda à família do futebol moçambicano, pois a sua experiência, acumulada ao longo de muitos anos como governante, poderá trazer uma mais-valia para a modalidade, só que, caro Chang, quem avisa amigo é.
Resultado de imagem para manuel changEm abono da verdade, candidato Chang, as pessoas que o rodeiam, em algum momento, não lhe estão a ser fiéis. Elas não lhe transmitem fielmente a actual realidade do futebol nacional. Quando lhe aconselham a dizer que hoje em dia muita gente não vai ao futebol, induzem-no em erro ou seja, não estão a ser realistas. Não é verdade que as pessoas não vão ao futebol. E não é verdade que os campos andam às moscas. O que deve estar a acontecer, na minha modesta opinião, é que as pessoas que o rodeiam devem ser elas primeiro que não vão aos campos. Por consequência, estão totalmente desfasadas da realidade futebolística do país.
Eu, que por obrigações profissionais tenho ido aos campos aos fins-de-semana, não posso admitir que haja pronunciamentos deste género, porque nos jogos do Moçambola, principalmente nas províncias, os campos andam abarrotados. Por exemplo, quando os “Mambas” jogam, mesmo que os resultados não sejam abonatórios, tanto o Estádio Nacional do Zimpeto como o Estádio da Machava ficam prenhes de espectadores.
Afinal de que campos estão a falar os seus sequazes, Manuel Chang? Acho que de todos menos dos que eu, como profissional, frequento com muita regularidade, sobretudo em cobertura dos jogos do Moçambola. Acho que deve haver outros campos algures, onde essa gente deve praticar outra modalidade que não seja futebol.
Aliás, entristece-me quando se fala do que acontecia há 20 anos. Queremos trazer o futebol de há 20 anos? Onde se jogava nos pelados e os atletas treinavam depois das horas normais de serviço? É isto que queremos trazer de volta? Gosto muito de comparações, sobretudo quando elas são sustentadas com dados, o que não deve estar a acontecer. Neste caso, acho que estamos diante de discursos infundados, elaborados por pessoas que não conhecem a actual realidade do futebol no país.
Afinal o que move esta gente toda a andar atrás do ex-ministro das Finanças? Será mesmo por questão de pura e simples vontade de ajudar o futebol nacional a desenvolver? Abra o olho, Chang, sob o risco de manchar o seu “bom” nome e a reputação de que goza em vários meandros do país.
Uma outra vertente, Chang, talvez por indicação dos seus seguidores, terá dito na Beira, na sua campanha, que quer potenciar a componente de infra-estruturas, sobretudo através dos campos nos bairros para a descoberta de novos talentos.
Não acredito que isto tenha saído da boca de uma figura idónea como Manuel Chang, um ex-governante que durante muito tempo teve o “saco azul” deste país nos seus pés. É muito delicado falar deste assunto, porque já tem “barbas brancas”.O que o candidato Chang devia ter feito, quando governante, era ter evitado que esses espaços nos bairros destinados à prática desportiva fossem usurpados por pessoas que não são da área para fins ilícitos como a construção de barracas, bombas de gasolina, etc., etc.Não acho que este assunto de infra-estruturas nos bairros seja da competência da Federação Moçambicana de Futebol. Talvez seja, em dose maior, do Governo que tem a função de proteger o seu cidadão de qualquer que seja a infracção. O bem-estar do povo é competência exclusivamente do Governo e do Estado.
Portanto, se o ex-ministro Chang quer granjear a simpatia dos amantes do futebol tem de falar mais do futuro do que do passado, porque efectivamente o que nos preocupa a nós todos são os resultados desportivos que raramente aparecem, principalmente nas competições internacionais. A não ser que Chang queira ser presidente de uma Federação Moçambicana de Futebol de Veteranos.
Abra o olho, Manuel Chang, sob o risco de cair no descrédito!
(Por Gil Carvalho/jornalista Notícias)

Proposta sobre como lutar contra a corrupção

Depois destes anos de uma luta inglória contra a corrupção em Moçambique e agora que estamos no inicio de um novo ciclo de governação, vale a pena parar para reflectir sobre como caminhar para frente em vez de seguirmos alimentando esse fingimento bacoco que assenta na produção de estatísticas de casos tramitados sobre desvio de função nos escalões inferiores da função publica. Mas para isso, eh preciso uma boa dose de humildade. Henning Mankel, esse guro da literatura sueca mas com costela moçambicana, reproduziu num texto já não sei estampado na The New Yorker ou no New York Review of Books uma daquelas sabedorias que marca nossa tradição oral: a ideia de que o homem tem dois ouvidos e uma boca porque mais importante que nossa propensao para dizer coisas eh nossa capacidade de saber ouvir. Hoje todo o mundo fala e ninguém ouve.
Nos últimos anos, as elites do governo e da magistratura do Ministério Publico fizeram ouvidos de mercador relativamente a um sem fim de propostas sobre como melhorar a reação penal contra a corrupção para que ela fosse mais tangível e não um desperdício de dinheiro através do Gabinete Central de Combate a Corrupção.
A única coisa boa que aconteceu foi a aprovação do pacote legal anticorrupção.
Mas depois disso permanecemos fingindo que a luta contra a expropriação do bem público esta a ser ganha. Não eh verdade. O foco do GCCC na pequena corrupção, em ações legais baseadas em denúncias, eh prova de insucesso. A eficiência desse gabinete devia ser medida pela quantidade de dinheiro desviado ao Estado e recuperado através de suas ações, mas nem isso consta dos seus relatórios. Eu, que esperava que o GCCC aprendesse por mimetismo, socorrendo-se de experiencias doutras agências anti-corrupção la de fora, sinto uma enorme frustração.
Ok, como iniciar um novo ciclo? Minha proposta eh: encerrar o GCCC e estabelecer-se que o tudo o que for assunto de pequena corrupção, desvio de fundos de baixa monta, pequenos subornos, seja tratado pelas Procuradorias adstritas aos Tribunais. Criar-se uma nova entidade, com poderes especiais, com mandato para monitorar, investigar e acusar casos de corrupção a partir dos 500 mil Meticais. Essa Unidade de Investigação de Crimes Económicos teria um foco específico sobre parcerias público-privadas, grandes concessões do Governo, solo urbano e procurement público e terra. A Unidade seria criada por Decreto Presidencial e seus procuradores e investigadores deviam ser bem remunerados. Sua função seria não apenas investigar e acusar mas também recuperar o dinheiro envolvido. Creio que chegou o momento de iniciarmos uma nova fase. Nalguns países, este tipo de recomeço envolve uma amnistia contra tudo o que tiver acontecido anteriormente. Não sei se no nosso caso uma amnistia possa servir para se traçar uma nova linha de demarcação, em que a tolerância zero seja correspondida por actos palpáveis e não uma apenas por essa retorica para doador ver, mas chegou o momento de recomecar do zero. Com vontade e humildade.(Marcelo Mosse in facebook)

quarta-feira, maio 13, 2015

Ministro executado com fogo de antiaerea

Resultado de imagem para Hyon Yong-Chol,O ministro da Defesa da Coreia do Norte Hyon Yong-Chol foi executado a 30 de abril por fogo antiaéreo por deslealdade e desrespeito ao líder Kim Jong-un, revelaram hoje os serviços secretos da Coreia do Sul.Centenas de funcionários assistiram, segundo o Governo da Coreia do Sul, à execução de Hyon Yong-Chol conforme foi revelado por Han Ki-Beom, vice-diretor da agência de Informações de Seul, a uma comissão parlamentar e noticiado pela agência Yonhap.Hyon Yong-Chol, nomeado para o cargo de ministro das Forças Armadas há menos de um ano, foi, aparentemente, detetado a dormir em eventos militares formais e terá desrespeitado Kim Jong-un em várias ocasiões, acrescenta a Yonhap.

sexta-feira, maio 08, 2015

Não é o projecto da Renamo que preocupa!!!!!!!!

Com a devida vénia, transcrevo dois depoimentos de personalidades da sociedade moçambicana que mão amiga me fez chegar aqui, longe da Pátria, e que, a meu ver, constituem importante contribuição para o amplo debate sobre o problema, que se impõe ao país:

1) Senhora Presidente
Como deve ter acompanhado a bancada da Frelimo chumbou o projecto das autarquias provinciais.Nao existia outra alternativa que nao fosse o seu chumbo embora a forma como ele tivesse sido feito nao me parecesse o mais conciliatorio e dialogante.
Image result for jose luis cabaçoEsperava ouvir da bancada o reconhecimento da incontornabilidade da descentralizacao,convidando a Renamo a retirar o seu projecto propondo a criacao dum grupo parlamentar para ,em conjunto,discutir o assunto ,e assim conduzir a discussao para a descentralizacao e nao para o projecto da Renamo.
Este assunto nao e tecnico nem juridico.E sobretudo politico e social.Recordo que quando introduzimos o Multipartidarismo,ele ,a luz da constituicao ,era inconstitucional.O que fizemos entao? Tornamo lo constitucional!
Eu,pessoalmente,independentemente das questoes constitucionais que o projecto levantava nao perfilho desse caminho para a descentralizacao.Antes,para uma maior descentralizacao do poder central para o poder local defendendo que ,no futuro,os governadores sejam eleitos e nao designados centralmente.Poderiamos ,nessa altura,falar de regioes administrativas que,apesar de nao existirem formalmente,na pratica,servicos do Estado,se organizam respeitando as regioes centro,norte e sul.
E preciso,saber quais os factores socio politicos e historicos e que estao,por detras da proposta da Renamo?
Queremos descentralizar para que? Para o poder ter acesso a recursos para fins pessoais? Ou queremos descentralizar para construir mais cidadania,mais participacao,mais responsabilizacao,mais transparencia ,mais desenvolvimento equilibrado?
E a resposta a este segunda questao que nos orientara,entao,de como fazer a descentralizacao.
A Renamo deu dois meses para o Parlamento reconsiderar.Mais uma vez ,nao e o,projecto da Renamo que me preocupa.Mas deveriamos aproveitar este momento para fazer um debate serio,descomplexado sobre a decentralizacao,como cidadadaos e como responsaveis.A Frelimo deveria tomar iniciativa,com ideias mais ousadas e novas.
Deixo o desafio no ar.O que fazer? Como fazer? Com quem fazer?
Abdul Carimo (antigo deputado da Frelimo,jurista)

2) Partilho na integra as preocupações apresentadas pelo Lourenço Rosário e Abdul Carimo . Estive a fazer alguns exercícios sobre o impacto ao nível de Orçamento Provincial da proposta da Renamo de autarquias provinciais e cheguei á conclusão que o problema não era financeiro nem orçamental , mas sim de poder politico; por exemplo , se Conselho Provincial para gerir a autarquia provincial respondesse perante a Assembleia Provincial e se o Directores Provinciais continuassem a ser nomeados pelo Ministro , teríamos uma situação insustentável e, de igual modo , se os Directores Provinciais fossem nomeados ou sancionados pela Assembleia Provincial e de confiança de Presidente , corria-se o risco de um caos administrativo e financeiro , pois é necessário um trabalho de preparação minucioso o que não dá para descentralizar em dois meses como pretende o Líder da Renamo .
Obviamente qualquer que seja a solução , há riscos políticos e não apenas esses . Contudo o risco politico de imobilismo é muito maior , porque existe a percepção ao nível da população do Norte e do Centro que a cidade de Maputo absorve uma parte importante de recursos ( o que , na essência é verdade , para isso basta constatar que para a cidade de Maputo e arredores estão consignados mais de 2 bilhões de usd de investimento público , certamente mais do que o resto do País )
Não havendo soluções fáceis , o processo de ampla discussão torna-se mais importante , para além de que o problema de descentralização deixa de ser monopólio da Frelimo ( pela negativa ) e sobretudo da Renamo ( que certamente ficou surpreendida com adesão popular a autonomia que infelizmente é confundida com o desenvolvimento económico e social )
Para o processo tenha impacto politico é necessário que seja o mais amplo possível , e para isso alguma organização com legitimidade deveria iniciar o processo de debate , ainda que mais tarde pudesse criar uma Comissão de Coordenação com representante de varias organizações - por exemplo a FDC ou mesmo o Centro de Documentação de Samora Machel poderia dar o pontapé de saída ?
Cumprimentos cordiais
Magid Osman  (Ministro na presidência de Samora Machel)

3) Saí de Maputo no dia da seca resposta ao projecto. Também eu penso que o projecto, assim como foi submetido, não tinha pernas para andar, porque a questão é complexa e exige madura reflexão por parte de todos nós.
Porém. isso não elimina o fato de que o problema da descentralização existe e é sentido, bem ou mal, por grande parte dos moçambicanos. Por isso, um NÃO seco a uma proposta não pode encerrar o indispensável debate nacional.
É minha opinião também que o debate, como acima foi proposto, decorra independente das estruturas partidárias, marcadas por paixões e inevitáveis esforços de instrumentalização (o que quer dizer, tão longe quanto possível dos apetites de poder). Ele deve desenvolver-se no quadro das organizações da sociedade civil e, ele próprio (o debate) tão descentralizado (geográfica e socialmente) quanto possível.
É evidente que as instituições não serão alheias a essa reflexão, mas é importante que elas não a comandem e não exerçam as pressões coercitivas que lhes são intrínsecas.
Só deste modo se pode pensar uma descentralização que, como diz o dr. Abdul Carimo, sirva a "construir mais cidadania, mais participação, mais responsabilização, mais transparência ,mais desenvolvimento equilibrado".
Queremos ou não uma democracia que não seja um mero regulamento no papel, mas um efectivo exercício cidadão? Queremos ou não uma sociedade cada vez mais inclusiva para benefício sempre mais alargado dos moçambicanos? Queremos ou não um país em paz para nós, para os nossos filhos e para os nossos compatriotas?
José Luís Cabaço (NA FOTO/Ministro na presidência de Samora Machel)