sexta-feira, maio 24, 2019

Carteiras,sim,menos crime ,sim, riqueza... mas COMO e porquê ASSIM? ( 6 )


Finalmente, fizeram-lhe (ao Presidente da República) esta pergunta (desajeitada, como muitas delas): "Acha que, para os moçambicanos, merece mais um mandato?" (a pergunta devia ser: "porque acha que deve ser re-eleito?"). A resposta: "Mas por que quer que eu dê cábula aos meus adversários? Deixa lá as coisas vão acontecer, a mesma fórmula mágica de sobreviver com dificuldades, vamos trazer outra".
Confesso que aqui fiquei com forte impressão de que a transcrição não tivesse sido bem feita. Dum modo geral, contribuiu muito para a pobreza da entrevista a qualidade das perguntas (dum modo geral péssima porque não obedeceu a nenhum fio condutor, mas sim à necessidade que o entrevistador parecia ter de colocar "perguntas difíceis" para vincar a sua independência; não parecia ter ideia do que queria partilhar com os seus eleitores, se queria mostrar o Presidente como pessoa, como estratega, como fazedor, etc.; nada! foi apenas um encadeamento de perguntas). Um jornalista amigo confidenciou-me que ficou com a impressão de as perguntas do entrevistador terem sido editadas, mas as do Presidente não. Parece-me fazer muito sentido.
De qualquer maneira, escrevi (Elísio Macamoum texto, também em janeiro de 2015, sobre este hábito de fazer o mesmo por não saber fazer doutra maneira:

"Na falta do melhor
Os primeiros dias dum governo são interessantes. Tenho estado a acompanhar o nosso com algum interesse (aquelas dores de cotovelo…). Alguns pronunciamentos, senão todos eles, dos novos governantes fizeram-me recuar no tempo. Lembrei-me do meu avô materno que era curandeiro. Só tinha um remédio que servia para todas as doenças. Chamava-se “nthla-nthla ngati” (tradução literal: dilui ou liberta o sangue). O remédio consumia-se aos litros. Até dá volta no meu estômago só de pensar nisso. Quem se sentir tentado a rir por achar o meu avô curioso vá com calma, por favor. Ele não foi diferente dos europeus, uns 100 anos antes dele, que também tinham esta obsessão com o sangue. Nos meados do século XIX a França chegou a importar 40 milhões de sanguessugas que eram utilizadas nas famosas sangrias, o principal método de curar doenças durante 2000 anos… A ideia era simples. A doença tinha a ver com o equilíbrio dos líquidos do corpo (bílis, muco e sangue) que se restabelecia sugando o sangue do doente. Milhares de europeus morreram desta forma às mãos dos descendentes de Hipocrates, sobretudo barbeiros. E o curioso é o seguinte: não é que eles não tivessem consciência de que na maior parte dos casos esse método de cura fosse uma autêntica perca de tempo. Tinham. Mas não conheciam nenhum outro método melhor.
E isto traz-me de volta ao novo governo. Sistemas complexos – e o corpo humano é um sistema complexo – têm o condão de nos encorajar a desenvolvermos teorias que não abandonamos de qualquer maneira sem que haja uma melhor. Ficamos reféns das velhas maneiras de fazer coisas. Ouvi vários depoimentos dos novos governantes. O da educação diz que as suas prioridades consistem em colocar carteiras nas escolas e pagar os salários em atraso; o da ciência e tecnologia diz que a sua prioridade é de constituir o ministério, depois reconverter os desistentes da universidade para o ensino técnico-profissional e depois ajudar as universidades privadas a terem o mesmo nível da UEM, o do interior diz que vai reduzir a criminalidade e os acidentes de viação, o da terra diz que vai ajudar o povo a produzir riqueza a partir dessa importante conquista e a governadora de Gaza – que esse traidor do Jaime Langa já começou a bajular – diz que ainda vai conhecer a província, repetindo, na verdade, a exortação do seu chefe feita a todos os governadores para primeiro irem conhecer as suas províncias e aprenderem do povo, o novo patrão. Etecetera. 
Tudo isto dito 40 anos após a nossa independência. Praticamente o mesmo discurso de sempre. Há 40 anos que os nossos governantes são nomeados para irem “ganhar experiência” ou “resolver os problemas do povo”. Antes que seja mal-entendido e que o texto seja compartilhado efusivamente pelos que normalmente me consideram desvairado, apresso-me a dizer o seguinte: é bom aprender e é bom se preocupar com a sorte do povo. Mas governar devia ser mais do que isto. Dum governante, não importa o sector, nem a sua experiência, nem a sua formação, devíamos ouvir muito mais do que este tipo de lugar-comum. Colocar carteiras nas escolas, aumentar a segurança, pôr a terra a produzir riqueza, etc. é o que realmente deve acontecer. Mas o mais interessante, pelo menos para mim cá do conforto da minha mesa de trabalho, é saber qual vai ser a estratégia e porquê essa estratégia. E a razão é simples. Os seus antecessores também deviam ter logrado isso. O que é que se passou? Mudaram de prioridades ao meio do caminho, ou a estratégia por eles determinada falhou ou ainda não surtiu efeito? 


E com isto volto à sangria. Os médicos primeiro cortavam uma artéria do braço e deixavam o sangue brotar, assim meio litro, até o doente desmaiar. No dia seguinte repetiam a mesma operação várias vezes até não sair mais sangue. Depois colocavam um frasco de vidro com ar quente sobre a ferida. À medida que o ar arrefecia criava um vácuo que espremia mais sangue. Finalmente, colocavam as importações francesas (as sanguessugas) na ferida que se refastelavam até nem mais. Ao fim de três meses o doente recebia alta, vivo ou morto. Mais morto do que vivo. Por falta duma teoria melhor para abordar um problema complexo.
E repito: não estou a criticar (apesar de estar). Eles estão a agir de acordo com o que sabem e na melhor das intenções. Portanto, o que estou a dizer é que se queremos mesmo que os nossos governantes sejam melhores teremos que os interpelar a um outro nível. Não ao nível dos resultados finais que eles deviam alcançar, mas sim ao nível do que eles pretendem fazer para alcançar esses resultados. Seria por aí que a discussão iria animar. É claro que quem aborda os assuntos politicamente vai sempre chamar a atenção dos governantes para os resultados. E isso é legítimo, ainda que não seja tudo. Mas se queremos ser mesmo parte do processo – já que fomos declarados patrões – devemos interpelar os nossos governantes a um outro nível. E recusarmo-nos a ecoar declarações, em minha opinião, vazias de sentido. Carteiras, sim, menos crime, sim, riqueza da terra, sim, melhor formação, sim, mais conhecimento da província, sim, mas COMO e porquê ASSIM?
É a falta deste tipo de interpelação que leva muita gente a pensar que também pode governar, basta fazer uma lista enorme dos resultados que espera alcançar. E é isso que empobrece a nossa política".

Paz no amarelo!!!


A Sala Da Paz, uma plataforma conjunta, que está a acompanhar o actual processo de recenseamento eleitoral em curso em Moçambique, mostra-se céptica em relação ao alcance das metas previstas e estima que, se o ritmo das inscrições continuar como vem acontecendo, cerca de 1.3 milhão de potenciais eleitores poderão ficar de fora do processo.A informação foi avançada hoje, em Maputo, por Egídio Guambe, gestor de projectos do Instituto para a Democracia Multipartidária, organização da sociedade civil que faz parte da plataforma conjunta de observação de processos eleitorais.“Ao ritmo que as coisas vêm acontecendo achamos que as metas estão bastante comprometidas. De acordo com os dados oficiais, esta foi a quinta semana do processo e a segunda pior até ao momento, com cerca de 893.827 eleitores inscritos a nível nacional”, disse.
Segundo a fonte, se o ritmo que se verifica, até ao momento, continuar até ao fim do processo, só duas províncias podem alcançar as metas previstas. Trata-se de Cabo Delgado, Norte de Moçambique, e Gaza, Sul do país.“Faltando uma semana para o término do processo as províncias de Cabo Delgado e Gaza estão com 80 por cento de eleitores já inscritos” disse.Guambe destacou que esta tendência mostra que os órgãos de gestão eleitoral do país devem repensar estratégias e envidar esforços para que a situação seja revertida nos últimos dias do recenseamento, sob o risco de limitar muitos cidadãos de participar do processo.“Esta meta pode variar positivamente caso se registe uma maior afluência nestes últimos dias e sejam criadas condições necessárias para que os cidadãos se recenseiem”, anotou.
Os dados oficiais dos órgãos de administração eleitoral apontam para uma meta de cerca de 7.241,739 eleitores e, até agora, estão recenseados 4.590,347 eleitores, faltando para a última semana do processo 2.751,392 potenciais eleitores por inscrever, sendo que, a missão torna-se difícil devido a forma pouco lenta como tem decorrido o processo.A fonte realçou que a situação pode melhorar se os órgão de administração eleitoral moçambicanos conseguirem ultrapassar os constrangimentos do processo, nomeadamente as paralisações constantes devido a falta de corrente nos mobiles, fraca reposição de materiais por parte do pessoal de apoio técnico, limitada capacidade de resposta por parte dos órgãos eleitorais dos distritos, entre outros.
“Ainda existem postos de recenseamento que nunca funcionaram desde o início do processo. Continuam as paralisações constantes das actividades nos postos de recenseamento e avarias sistemáticas das máquinas”, denunciou Guambe.A Sala Da Paz entende que os órgãos eleitorais estão a conduzir o processo num contexto em que há limitações de orçamento, onde o Governo moçambicano só disponibilizou 44 por cento do orçamento solicitado, mas, mesmo assim, podem ser tomadas medidas para evitar que uma parte significativa dos cidadãos moçambicanos fique de fora do processo.O recenseamento eleitoral em curso no país, que teve seu arranque no dia 15 de Abril passado e termina a 30 de Maio, conta com 7.737 postos de recenseamento, assistidos por 5.096 brigadas e espera-se atingir a meta global de cerca de 13 milhões de pessoas, incluindo os recenseados em 2018, aquando das eleições autárquicas.

l'un des bâtards que nous voyons dans la rue est son patron (5)


Mesmo coisas bem intencionadas, na ausência de visão, podem cair mal. Ao tentar mostrar a criatividade dos moçambicanos o Presidente disse: "Os moçambicanos é que são bons nisso. Acredite, meu irmão, só a concentração do moçambicano. Da maneira como os moçambicanos viveram nessa altura, foram para o essencial (...) Alguém estava a dizer que vocês imprimem o jornal na África do Sul, viram que aqui não compensa, imprime do outro lado, essa criatividade, essa imaginação de que o jornal não deve parar, é o que está a acontecer em quase que todos os sectores".
Lamento dizer, mas isto é grave. Se fosse maldoso diria que o Presidente encoraja as empresas a sair de Moçambique. Isso não é sério. Deve preocupar ao governo e, por isso, ao usar esse exemplo ele deve lamentar o facto de dizer o que o governo faz para que na procura de soluções os empreendedores não prejudiquem o País ainda mais! Isso é presidencial.

Escrevi (Elísio Macamo) sobre a criatividade dos moçambicanos em janeiro de 2015:


"Sugestões para a primeira remodelação
A remodelação é tão previsível quanto o “ámen” na igreja. Vai acontecer. Daqui a um mês, um semestre ou dois anos, ninguém pode saber ao certo. Vai acontecer por várias razões. Para acelerar o passo; para responder melhor aos anseios do povo; para incutir novas dinâmicas. A lista é interminável. Há um baú qualquer lá na Ponta Vermelha onde as razões estão bem guardadas. As que não vão ser mencionadas são às que têm a ver com a política real e com a vulnerabilidade daquele que tem muito poder. Refiro-me às exigências da inclusão, ou mais precisamente – já que inclusão no nosso caso se refere aos outros partidos – à acomodação de descontentes nas próprias fileiras. Alas descontentes; militantes frustrados; frações alienadas. Prontos, a mistura explosiva de sempre que depois se reflecte no tamanho do governo. Adeus combate ao despesismo, bem-vindo governo realístico.
Eis a minha sugestão para esse momento crucial. 
Que se invente um Ministério para a Inovação e Criatividade. Vai competir com o da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico Profissional (cujo nome, fazendo justiça à erudição dos seus timoneiros, é em si já uma redação), com o do Trabalho, Emprego e Segurança Social (ainda estou a tentar perceber a profundidade filosófica da distinção entre trabalho e emprego) e com o da Educação e Desenvolvimento Humano (o desenvolvimento humano deixa-me com dúvidas: está para regressar o “homem novo”?). Esse novo Ministério vai ter como função aprender da sabedoria do povo, o novo patrão. Vai reverter uma tradição milenar no nosso país que consiste na crença segundo a qual a função de quem está no poder é de ensinar as populações. Sim, ensinar, não importa o quê. Educar o povo. Este é um dos maiores equívocos dos nossos tempos, e não é apenas moçambicano. A crença universal é de que o pobre e socialmente desfavorecido, por natureza, trabalha pouco, não tem criatividade e nunca inova. Está a mercê do acaso. Em contrapartida, o bem-sucedido – algo que se traduz no bem-estar material – é empreendedor, inovador e trabalhador. É, como disse, um dos maiores equívocos nacionais. Até mesmo pessoa cujos pais eram analfabetos, investiram na sua formação, consentiram sacrifícios para que tivesse vida melhor, chegado ao topo muda e começa a ver ignorância por todo o lado.
Para já – e estou apenas a conjecturar – mais de 95% daqueles que estão bem (que perfazem talvez menos de 7% da população moçambicana, senão mesmo menos ainda) são empregados, isto é trabalham para outros, de preferência para o Estado. A esmagadora maioria do povo vive do auto-emprego, isto é cada um dos desgraçados que a gente vê aí na rua é seu próprio patrão. Aprendeu a profissão sozinho ou com outros pobres, mobilizou os recursos para o seu negócio sozinho, fez os estudos de viabilidade contando com as suas próprias forças, assumiu os riscos sozinho e vai lutando com o quotidiano sozinho. É uma situação bem diferente daqueles que pensam que têm algo a ensinar aos pobres. Formaram-se, na sua maioria, com subvenções do Estado (para depois, quando não conseguem vender a sua mão de obra, reclamar que essa formação não presta para nada); criatividade para essas pessoas significa mobilizar influências para arrumar um emprego no Estado e inovação consiste em ajustar a sua visão do mundo ao discurso universal dominante, sobretudo o discurso do desenvolvimento que transforma os pobres em problema por resolver. Aquela do Nyussi dizer que o povo é patrão é característica e não deve ter surpreendido à população. Esse pessoal só sabe pedir emprego, isto é andar à procura de patrão, não tem nenhum sentido de empreendedorismo. Mas quer vir ensinar o povo…
O que o novo Ministério – após a primeira remodelação, claro – iria aprender da sabedoria popular seriam essencialmente duas coisas: que dinheiro fácil aniquila a motivação e que informação desnecessária empobrece a qualidade de decisões. Só essas duas coisas. O Prémio Nobel de Economia, Amartya Sen, fez um reparo interessante a propósito da designação “abaixo do nível de sobrevivência”. Ele perguntou se todos aqueles que vivem abaixo dessa linha (normalmente 1 dólar por dia) deixaram de viver. Claro que não. Mas como é que vivem, então? Pois, de várias outras coisas, incluindo da solidariedade, justamente aquilo que é difícil de monetorizar. Na verdade, se há alguma coisa que precariza a vida das populações é a crescente monetorização de cada vez mais aspectos da sua vida social. Malta nós, que anda aqui pelo Facebook, e aprendeu a viver bem à custa de terceiros, aprendeu que só o que tem valor monetário é que importa – recebe, por exemplo, per diem para participar num encontro, ou ajudas de custo para ir fazer o seu trabalho nas províncias – sacrifica a longo prazo a qualidade social na sua vida. É preciso ser pago para ajudar o outro, essa é que é a mentalidade. Este é o efeito nocivo do dinheiro fácil. É dinheiro fácil todo o dinheiro que não pode ser justificado a partir do desempenho económico do país. Enquanto o país não tiver um orçamento soberano toda a regalia que um funcionário público recebe – na verdade, mesmo o próprio salário – é injustificável e, portanto, dinheiro fácil. O mesmo se aplica às ONGs. Enquanto forem dinheiros de fora farão parte da categoria “dinheiro fácil”. E conforme disse mais acima, dinheiro fácil corrompe no sentido moral do termo. Empobrece as relações sociais ao mesmo tempo que produz os piores instintos animais em nós. A coisa é tão grave que mesmo lutar contra a corrupção é uma profissão, o que significa, nos meus termos aqui, que a pessoa é corrompida no mesmo momento em que tenta acabar com a corrupção!


A segunda coisa, nomeadamente a informação desnecessária, é um bocado complicada. Em poucas palavras: muitos de nós pensamos que a qualidade duma decisão depende do maior número de informação. Quanto maior for a quantidade de informação, melhor decidiremos. Acho que isto é um equívoco. Estou neste momento à procura dum apartamento. Vi um que me agrada e tinha intenção de o pegar; mas agora cometi a asneira de comparar, consultar páginas da internet, ler dicas sobre o que ter em conta, etc., e já estou indeciso. O que vai acabar acontecendo é que mantenha a minha decisão inicial (depois de ter perdido tempo) ou mudar para uma coisa que mais tarde me vai desagradar completamente. É o mesmo com decisões governamentais. Há consultores que elaboram estratégias, há relatórios disto mais daquilo, há seminários, conselhos consultivos, reuniões, mais relatórios, mas, invariavelmente, toma-se a decisão que menos tem a ver com o assunto. Com os pobres isto não acontece. Não têm muito por onde escolher, por isso vão directo ao que conta. Não ficam horas e horas a consumir informação desnecessária, tipo nós aqui no “Facebook” que somos constantemente bombardeados com informação inútil. Há gente que reproduz noticiário da CNN, BBC, jornal Notícias, etc. aqui e até com o mesmo título. Há gente que dá dicas sobre quantas vezes tomar banho por semana, resultado de jogos de futebol, novo governo de Moçambique, etc. Informação que ninguém precisa (eu não preciso tanto mais que evito ao máximo ler jornal ou ver noticiário na televisão) e que, precisando, pode ser adquirida com facilidade nos dias de hoje. O pobre, em contrapartida, tem informação de qualidade. Onde é que a polícia municipal está a controlar hoje? Quem na repartição tal aceita suborno? Quanto? E prontos, vai à vida.
Isto liberta a iniciativa criadora e o espírito de inovação. Um exemplo ímpar disto foi no ano passado quando as autoridades fronteiriças sul-africanas passaram a exigir certos montantes para que um moçambicano viajasse para lá. 3000 randes se não me engano. Imediatamente surgiu um negócio de gente que “emprestava” dum lado da fronteira e ia buscar do outro lado. Isto é empreendedorismo avant la lettre… e é  . Nyussi conhece o patrão".