quinta-feira, fevereiro 24, 2011

O Governador do Banco de Moçambique, Ernesto Gove exortou hoje, em Maputo, o sector bancário a alinhar as suas estratégias comerciais com os objectivos do Governo de combate à pobreza e redução da dependência externa.Gove, que falava no lançamento da Pesquisa sobre o Sector Bancário, disse que o número de bancos e sociedades financeiras de capitais nacionais e estrangeiros licenciadas mostra uma tendência crescente. Contudo, a maioria das instituições continua concentrada na capital do país, onde os quatro maiores bancos que operam no mercado, nomeadamente: Millennium Bim, BCI, Standard Bank e Barclays Bank, detêm quase 90 por cento dos activos do sistema.Assim, as zonas rurais ficam prejudicadas, sendo que a população está desprovida destes serviços, vendo-se forçada a enterrar as suas poupanças ou guardá-las debaixo do colchão na maioria dos casos.Um estudo realizado em 2009, citado por Gove, concluiu que em Moçambique apenas 22,2 por cento da população adulta tem acesso aos serviços financeiros, nível bastante baixo comparativamente a outros países com características económicas similares, tais como a Tanzânia e o Malawi.“Este nível de acesso aos serviços financeiros que Moçambique possui mostra a elevada exclusão na utilização dos serviços e produtos financeiros pela população. O mesmo estudo conclui que a situação de exclusão é mais acentuada nas zonas rurais onde 86,5 por cento da população não tem nenhuma relação com as instituições financeiras contra 61 por cento nas zonas urbanas”, frisou. A agricultura, um sector determinante para a redução da dependência do país em relação ao exterior, continua a não beneficiar de créditos por parte da banca comercial, por ser considerada uma actividade alto risco.Ademais, estas instituições exigem garantias que, muitas vezes, os camponeses não possuem. Os agricultores poderiam produzir comida suficiente para o consumo e interno e, quiçá, exportar, se tivessem financiamento para investirem na aquisição de sementes melhoradas, maquinarias, entre outros insumos agrícolas necessários para melhorar a sua produção e produtividade.Os quatro maiores bancos continuam a atrair para si e a conceder créditos a grandes empresas, que têm contribuído, significativamente, para o incremento das suas carteiras e, consequentemente, das respectivas quotas de mercado.As pequenas e médias empresas, que têm grande impacto na geração de emprego, ficam relegadas para o segundo plano, sobretudo por serem consideradas unidades de risco.Por isso, Gove fez questão de frisar que “a banca deve continuar a desempenhar o seu papel de alavanca de desenvolvimento económico, alinhando as suas estratégias comerciais aos objectivos do governo de combate a pobreza e redução da dependência externa”. A pesquisa lançada hoje é da autoria da empresa de auditoria e consultoria KPMG em parceria com a Associação Moçambicanas dos Bancos.A pesquisa, relativa a 2009, mostra que o sector está a crescer, tendo registado, no ano em análise activos no valor de 132,4 mil milhões de meticais, o que representa um aumento de 35,8 por cento face a 2008.

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