domingo, fevereiro 06, 2011

"Meu pai não convivia com bajuladores"

“O meu pai (Samora Machel) não gostava de ser bajulado. Não queria ter colaboradores que concordassem com tudo o que ele dizia. Ele gostava de ouvir a opinião dos que diziam que “isto está mal”. “Gostava de ouvir o que ele chamava de opinião independente”. Foi com estas e outras palavras que o filho mais velho de Samora Machel, recordou o seu pai em Xai-Xai, na província de Gaza.Samora Machel Júnior falava em representação da família de Samora, no dia em que o Governo oficializou 2011 como o «Ano de Samora Machel», inaugurando a estátua do primeiro presidente de Moçambique Independente, naquela cidade.Mais conhecido por Samito, o filho de Samora falou do seu pai em quase todas as esferas. Falou de Samora líder, presidente, comprometido com o povo, com o país e com a região austral da África. Mas o seu discurso ficou diferente dos demais louvores ao primeiro presidente de Moçambique, quando começou a falar do carácter de “Samora pai”.Ele disse que precisava de “um minuto para falar de Samora pai”. Neste minuto, recordou que o seu pai “era exigente com o comportamento”. Queria-os “limpos” e sobretudo “não queria que se sentissem diferentes por serem filhos do presidente”.Foi quando falava ainda sobre o carácter do seu pai, que Samito gelou o palco ao dizer que Samora “não gostava de ser bajulado”.As palavras do filho de Samora tiveram um alcance mais profundo por se admitir que foram dirigidas subtilmente ao actual chefe de Estado, Armando Guebuza, cujo carácter é associado ao culto de personalidade.Mesmo na cerimónia de evocação de Samora Moisés Machel, ouviram-se repetitivos gritos de “viva Guebuza, líder iluminado e clarividente”, por parte de discursantes que se podem tomar por “bajuladores”.

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