sexta-feira, agosto 27, 2021

Zuma ou "Zupta"

Nenhum sobrenome ressoa tanto nos últimos dias na África do Sul como o dos Gupta, os multimilionários indianos amigos do presidente Jacob Zuma que fazem negócios com todos os setores da administração pública, recebem tratamento de chefes de Estado e se permitem inclusive oferecer postos de ministro.  Após anos de silêncio protetor, os testemunhos incriminadores sobre a relação de Zuma com os Gupta começam a fluir em cascata dentro do próprio partido governante, o Congresso Nacional Africano (CNA).

"Membros da família Gupta me ofereceram o cargo de ministro das Finanças", admitiu recentemente o vice-ministro de Finanças, Mcebisi Jonas, que teria substituído no posto seu então chefe, o ministro Nhlanhla Nene, destituído por opor-se ao projeto de energia nuclear do presidente.

Dias antes desta confissão, o jornal "Sunday Times" tinha informado com todo tipo de detalhes a oferta ministerial dos Gupta, que foi feita na presença do filho de Zuma, Duduzane (de pé na foto), sócio dos três irmãos indianos em várias empresas. Segundo o "Sunday Times", se Jonas aceitasse ser ministro, devia aprovar a construção de novos reatores nucleares e demitir quatro altos cargos da Tesouraria que se opuseram a um plano nuclear que, em sua opinião, deixaria a África do Sul às portas da falência. Os Gupta - que operam na África do Sul uma mina de urânio que poderia abastecer o projeto nuclear de Zuma - negaram estas informações, mas o coro de acusações não deixou de crescer nas últimas semanas.

A deputada do CNA, Vytjie Mentor (direita), denunciou que os Gupta lhe ofereceram o Ministério de Empresas Públicas em sua mansão de Saxonworld (Johanesburgo), onde também se encontrava Zuma - apelidado por alguns como "Zupta" - quando aconteceu a reunião. A condição neste caso era que cancelasse o voo da South African Airways (SAA) à Índia para repassar essa rota à empresa de aviação dos Gupta.

Além disso, Zola Tsotsi, ex-chefe da companhia elétrica nacional Eskom, assegurou recentemente que os Gupta lhe telefonaram dois meses depois de sua nomeação para dizer-lhe que se considerasse despedido por não "seguir o jogo".

"Fui forçado a renunciar pouco tempo depois", acrescentou.

Uma empresa adquirida agora pelos Gupta fornecerá o carvão para uma das centrais elétricas da Eskom, que, segundo veículos de comunicação locais, realizou várias manobras duvidosas para dar o contrato aos irmãos indianos, que também têm nacionalidade sul-africana.

A prova mais gráfica da influência de Ajay, Atul e Rajesh Gupta data de abril de 2013, quando um voo charter fretado pela família para trazer convidados ao casamento de um sobrinho aterrissou na base militar de Waterkloof (Pretória), de uso exclusivo para líderes estrangeiros. Após desembarcar, os passageiros percorreram por terra os 160 quilômetros que separam o aeroporto de Sun City, a "Las Vegas sul-africana", onde o casamento foi realizado. Fizeram isso com escolta policial, em um comboio de 13 automóveis anunciado por sirenes azuis que abria passagem a toda velocidade pela estrada entre o resto do tráfego. O presidente Zuma se esquivou então do escândalo alegando não ter ideia do ocorrido, pelo qual responderam vários funcionários de baixa categoria. Agora as coisas não serão tão fáceis para Zuma, uma vez que as vozes críticas soam cada vez com mais força dentro do partido e, com elas, os apelos ao CNA para que lhe retire o apoio e ponha fim a um mandato marcado pela corrupção e a estagnação econômica, e que poderia custar caro para legenda nas eleições presidenciais de 2019.

 

(Por Marcel Gascón)

26 MAR 2016 - 12H09

 

quinta-feira, agosto 26, 2021

Teo assume

O réu Teófilo Nhangumele confirmou ontem (25), em sede da 6ª Secção-Criminal do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, como sendo o estratega do projecto integrado de protecção da costa moçambicana que terá culminado com os empréstimos não declarados (vulgo dívidas ocultas) que lesaram o Estado moçambicano em 2.2 bilhões de dólares norte-americanos.

No seu depoimento, o réu explicou os passos por si dados na companhia do seu “amigo de longa data” e co-réu Cipriano Mutota, bem como toda a engenharia aplicada na concepção do ambicioso projecto de protecção da Zona Económica Exclusiva de Moçambique. No entanto, vinca que o seu projecto custava cerca de 350 milhões de dólares norte-americanos e não tem nada a ver com a empresa Ematum, uma das três empresas usadas para contractar nos bancos europeus Credit Suisse e VTB da Rússia empréstimos na ordem de 2.2 bilhões de usd com garantias do Estado. Disse que ficou surpreso quando ouviu, através da imprensa, falar de outros conceitos integrados na sua proposta inicial do projecto de Sistema de Monitoria e Protecção.

“Por livre iniciativa, eu e o Mutota começamos estudos para perceber como o sistema de protecção e monitoria da costa poderia servir para Moçambique. Participei do estudo e do projecto como consultor independente”, disse Nhangumele que também se orgulha por ter o domínio da língua inglesa e gestão de negócios.

De acordo com o réu, tudo começou quando ele participou de uma reunião no Ministério da Ciência e Tecnologia, em 2011, a convite do co-réu Mutota, antigo oficial do SISE também delegado pelo seu superior hierárquico no SISE, o também co-réu Gregório Leão, para facilitar na comunicação em língua inglesa. Na aludida reunião, havia uma apresentação do Grupo libanês Abu Dhabi Mars, liderado por Jean Boustani, onde vários participantes não teriam percebido o conceito da proposta da empresa libanesa, tendo o réu mantido uma conversa, em privado, com os proponentes para perceber com exactidão do que se tratava. Depois de perceber a ideia da Abu Dhabi Mars, Nhangumele e Mutota iniciaram uma série de contactos com várias instituições ligadas ao mar, pesca, transportes e comunicações, entre outras, no sentido de reunir elementos para a composição de um projecto consistente.  Depois desse exercício, o trabalho foi entregue ao SISE que por sua vez agendou apresentações na Presidência da República, perante o antigo Chefe do Estado, Armando Guebuza, os ex-ministros da Defesa Nacional, Filipe Nyusi (actual Presidente da República), e das Finanças, Manuel Chang (detido na Africa do Sul), entre outros membros do Governo. Do encontro saíram recomendações para enriquecimento do mesmo projecto através de contribuições de mais sectores.

Segundo o réu, perante o cenário animador do acolhimento do projecto de protecção da Zona Económica Exclusiva, incitou vários contactos com a Privinvest, concretamente com Jean Boustani para apurar os equipamentos necessários para a concretização do mesmo, incluindo visitas aos estaleiros que produzem os materiais necessários. 

“A primeira proposta para a protecção da costa marítima tinha um custo de 302 milhões de USD. Era preciso adquirir satélites, meios aéreos para controlo e monitoria da costa, lanchas rápidas para serem colocadas nas bases navais e fragatas para transporte de militares e equipamento bélico, e um centro de comando e controlo com sistema de radares”, disse Nhangumele, em sede do tribunal. De acordo com o reu, o projecto inicial avaliado em 302 milhões de USD viu os seus custos dispararem com a integração de outros componentes não previstos, nomeadamente mudanças de marcas das aeronaves, e reabilitação de bases aéreas e ancoradores navais destruídas durante a guerra dos 16 anos. A audição do réu Nhangumele, que iniciou ontem (25) contínua quinta-feira na Cadeia de Máxima Segurança, vulgo “BO”, onde está instalada a tenda onde funciona o tribunal.

segunda-feira, agosto 23, 2021

Prazo de 72 horas

O Ministério Público acusou o advogado de António Carlos do Rosário, Alexandre Chivale, de ocupar um apartamento arrestado e gerir uma empresa que o arguido e o seu constituinte usam para lavar dinheiro. O juiz nada disse sobre a empresa, mas ordenou a Chivale para abandonar o apartamento de forma voluntária num prazo de 72 horas. Ainda nas questões prévias, um escândalo. Afinal, Alexandre Chivale não é só advogado de António Carlos do Rosário, no caso das Dívidas Ocultas, como também é gestor da empresa “Txopela”, alegadamente usada pelo seu constituinte para fazer lavagem de dinheiro.

“O ilustre advogado Alexandre Chivale é administrador da Txopela Investment, SA, empresa usada por aquele arguido para branquear capitais nos presentes autos, o mesmo é o mandatário judicial do arguido António Carlos do Rosário.  Na qualidade de administrador da Txopela, Alexandre Chivale ocupa uma das residências apreendidas no âmbito desses autos, quiçá de consciência tranquila, mesmo sabendo que a mesma foi adquirida através de fundos de proveniência criminosa. E, por um lado, na qualidade de administrador da Txopela Investment, SA, entidade confiada para guardar o imóvel em causa, Alexandre Chivale está obrigado a gerir o imóvel no interesse da entidade que lhe confiou. Por outro lado, ele, na qualidade de mandatário do arguido António Carlos do Rosário, tem que defender os interesses deste porquanto também é interessado no imóvel. Esta dupla qualidade gera um conflito de interesses que importa desde já ser resolvido”, disse a magistrada do Ministério Público, Ana Sheila Marrengula.

Por sua vez, Chivale justificou-se dizendo, “se eles escolheram a mim para ser administrador da empresa, eles podem explicar se forem perguntados, até é uma das questões que tínhamos colocado na altura. E, como administrador da Txopela, aproveito dizer que, até ontem, estava a tratar desses assuntos e outros ligados a esta empresa e outras que me foram obviamente confiadas. Um dos benefícios que foi dado a um dos apartamentos. E é preciso dizer aqui que estes apartamentos são pertença da “Txopela”, o Ministério Público acha que são do António Carlos do Rosário. Esta é a opinião do Ministério Público”. Para além do imóvel em que reside Alexandre Chivale, o Ministério Público fala ainda de um apartamento vendido pela empresa gerida por Chivale depois de ter sido arrestado pelo Tribunal.

O Juíz alérgico à corrupção

Herdar erros e gerir expectativas

João Ferreira que foi apelidado pelos munícipes de Chimoio de “Mandevu Manunure”, substantivo em língua Tewe, que em português significa “o barbudo salvador”, confiado como um dirigente que podia mudar a vida dos munícipes no que tange ao provimento de emprego aos jovens, melhoramento de vias acesso em toda urbe, recolha de lixo até as zonas periféricas entre outras promessas feitas durante a campanha eleitoral em 2018. Nota-se um pouco por todos munícipes de Chimoio, um elevado nível de insatisfação pelo actual edil desta urbe, pois este sentimento é notório até aos próprios funcionários do Conselho Municipal desta cidade, uma vez que esta direcção nada faz em benefício dos munícipes, facto que levanta inúmeras questões ao lema deste organismo que é: por uma melhor qualidade de vida para os munícipes de Chimoio. Aos olhos de muitos munícipes, o conselho municipal de Chimoio apenas reabilitou e construiu monumentos históricos, praças e algumas vias de acesso que são obras de oferta de empresariado local.

“Esse Ferreira dele só faz praças e fica por ai a desfilar na internet, nós vamos comer praça? Os nossos filhos vão trabalhar nessas praças? Onde está o verdadeiro trabalho que esse município está a fazer, que nos prometeu na campanha eleitoral? Quando é para ser votado até vem aqui no mercado ajoelhar”, disse Joana Joaquim, munícipe entrevistada pelo Zambeze.

“Nós até estamos com saudades de Conde, estávamos habituados pelo trabalho de nada que ele fazia, mas fazia alguma coisa visível, então nós não estamos a ver trabalho de Ferreira, eu pessoalmente me sinto burlado por esse presidente, nos ludibriou para depositar voto nele só”, afirma Mário João, munícipe de Chimoio. Falando em exclusivo ao semanário Zambeze, o académico e jornalista moçambicano, Nelson Benjamim, afirma que houve má gestão nas expectativas com a entrada da nova liderança na autarquia de Chimoio em 2019, porque os munícipes depositaram uma demasiada confiança na edilidade, mas no caso concreto, pouco trabalho se vê. “Aqui há um misto de sentimentos, é um meio de frustração e meio de satisfação, as pessoas depositaram uma confiança e tiveram uma expectative alta, mas vêem agora suas expectativas serem goradas apesar de que há realizações não podemos negar, mas as expectativas são goradas, o caso concreto é da erosão, parece não haver uma solução concreta por parte da edilidade, estamos a falar do bairro cinco, Nhamaonha entre outros, a edilidade não avança uma solução concreta”, disse Nelson Benjamim.

O académico avança que nota-se um aparente trabalho que vem sendo levado a cabo pela edilidade, mas no caso concreto de melhoria, pouco se faz, ademais, volvidos dois anos e meio de ciclo de governação, Chimoio não está num nível desejado se comparado com as promessas feitas durante a campanha eleitoral. “Pela cidade há muitas obras, há sempre lançamento das primeiras pedras, mas pouco são concluídas essas obras, nesses dois anos e meio, pouco se viu a inauguração de determinadas obras, a única coisa que pode-se ressalvar aqui foi com a celebração do dia 17 de Julho em que se teve a inauguração de uma e outra infra-estrutura, mas eu acredito que ainda há mais por fazer”, acrescenta a fonte.

Recorde-se que a edilidade adquiriu no mês de Dezembro do ano passado, um leque de equipamento composto por máquinas e camiões, components para constituir a empresa municipal, que iria responder as necessidades de outros municípios da província de Manica e zona centro do país, em termos de infra-estruturas, mas até ao momento não se sabe a real função deste equipamento considerado moderno e de ponta. “Não se percebe ate que ponto uma cidade como esta tem este equipamento, mas ate aqui diz-se que se aguarda pelos chineses para montage e entrada em funcionamento, enquanto não entra as pessoas vão vivendo piores cenários em determinados bairros ou seja as pessoas não conseguem chegar em suas residências em dias de chuva, mesmo tendo viatura, as pessoas ate deixam viaturas no centro da urbe por que eles não têm vias apropriadas ara chegar as suas residências”, disse Benjamim. 

Nelson Benjamim finaliza que outros desafios da edilidade é a falta da iluminação pública, pois o município deve firmar uma parceria com a EDM para ajudar a reduzir a criminalidade que ocorre na calada das noites, pois também o conflito de terra é outro problema que tende a se registar cada vez mais, pois na sua opinião, se deve combater este mal que pode se repercutir negativamente doravante.

O semanário Zambeze entrevistou outras figuras de relevo da cidade de Chimoio em Manica, como é o caso do analista social e arquitecto, Kelvin Uaila este que defende que o mandato do João Ferreira esta sendo um sucesso, acreditando que a imagem desta cidade está sendo elevada positivamente em tod aprovíncia, no pais e pelo mundo inteiro. “Temos agora vários serviços melhorados, vários mercados bem organizados, parques renovados, modernizados, o serviço de limpeza acho que melhorou. Vias rodoviárias no centro da cidade a ser melhoradas, contudo no centro da cidade muita coisa mudou para o melhor”, disse Kelvin Uaila.

A época chuvosa já se avizinha e, as vias de acesso ainda continuam esburacadas e lamacentas nos bairros, facto que leva a nossa fonte a desafiar a edilidade tomar em consideração este aspecto, “esse é um desafio forte mesmo do município, pois precisa ser muito flexível em resolver uma vez que só no centro da cidade de Chimoio é que tem ruas asfaltadas e pavimentadas”, finaliza o analista e arquitecto Kelvin Uaila. Outro aspecto que vai em contra mão com o programa de governação de João Ferreira, é a corrupção e extorsão perpetradas pelos agentes da polícia municipal nos mercados e aos moto-taxistas desta urbe, facto que cria revolta por parte desta camada social.

Esta segunda-feira, mais de 100 moto-taxistas amotinaram-se fronte ao edifício do conselho autárquico de Chimoio, em reivindicação da má actuação da polícia municipal, liderada por João Ferreira. “Apolícia municipal está a trabalhar de uma maneira muito ilegal, quando encontra mota parada, eles só chegam e tiram as chaves, e começam a pedir dinheiro que não consigo fazer de receita de um dia, caso contrario parqueiam a mota e passam uma multa de 2 a 4 mil meticais”, disse Zeca Pintos, moto-taxista de Chimoio. Depois de manifestação de transportadores semi-colectivos de passageiros ocorridos há um mês e meio em Chimoio, esta de moto-taxistas é a segunda em reivindicação da má actuação da polícia municipal na via pública deste território municipal.

 

sexta-feira, agosto 20, 2021

Cronologia de um país invadido

🔴1979 A URSS envia tropas para o Afeganistão a pedido do governo laico do Afeganistão. Os Estados Unidos da América financiam e fornecem armas aos guerrilheiros islâmicos (mujahedin), entre eles Osama bin Laden, que combatem o governo de Cabul.

🔴1996 - Março  Osama Bin Laden, na altura líder da organização terrorista Al-Qaeda e financiador dos talibãs, é oferecido de bandeja aos EUA pelo governo do Sudão (onde se encontrava a dirigir a organização terrorista) , como forma de melhorar o mau relacionamento entre os países. Bill Clinton recusa a extradição de Bin Laden.

🔴1996 – Setembro Os talibãs, herdeiros dos movimentos apoiados pelos EUA na luta contra as forças laicas no Afeganistão, conquistam o poder e instauram um Emirado Islâmico no país.

🔴 1998 - 7 de Agosto As embaixadas dos EUA no Quénia e Tanzânia são atacadas pela Al-Qaeda, organização fundamentalista islâmica fundada por vários ex-militares da guerra no Afeganistão.

🔴1998 -  20 de Agosto A marinha americana bombardeia os campos de treino da Al-Qaeda no Afeganistão e destrói uma fábrica farmacêutica no Sudão sob a suspeita do fabrico de armas químicas, que nunca se confirmou. O proprietário da fábrica pediu uma indemnização aos EUA pelo prejuízo causado.

🔴 O ATAQUE DA AL-QAEDA:

11 Setembro 2001 Dois aviões de passageiros embatem nos edifícios do World Trade Center. Um terceiro avião despenha-se sobre o Pentágono e um quarto cai em Somerset Country. A Al-Qaeda reivindicou os ataques e Osama Bin Laden é apontado como o principal responsável pelos atentados.

🔴15 setembro 2001 "Estamos em guerra", declarou George W. Bush, presidente dos Estados Unidos, afirmando que o conflito "não será curto", nem fácil.

🔴16 setembro 2001 O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, declara "guerra ao terrorismo", entrando numa maratona diplomática para reunir consenso em torno de uma intervenção militar no Afeganistão.

🔴A INVASÃO DOS EUA E DA NATO

19 Setembro 2001 Centenas de aviões de guerra norte-americanos dirigem-se para bases estrangeiras no Médio Oriente e Ásia Central. Na presidência há menos de um ano, a popularidade de Bush sobe para 90%.

🔴 3 Outubro 2001 A NATO ativa, pela primeira vez em 52 anos, a cláusula de defesa mútua prevista no tratado fundador, adoptando oito medidas para ajudar os EUA.

🔴 19 Outubro 2001  No Conselho Europeu, os líderes reafirmam “o mais firme apoio às operações militares” no Afeganistão.

🔴 20 ANOS DE OCUPAÇÃO AMERICANA NO AFEGANISTÃO: 2001-2021

2009 Barack Obama, recém eleito presidente dos EUA, reforça o contigente militar norte-americano no Afeganistão para combater o ressurgimento dos talibãs e da Al-Qaeda.

🔴 2011 Patrocinado pela ONU, o Acordo de Bonn une as facções afegãs num governo interino liderado por Hamid Karzai. Os EUA declaram encerrado o reinado talibã e entra em vigor a ISAF - Força Internacional de Assistência para Segurança (força internacional da Nato).

🔴2020 A administração Trump e os talibãs assinam um acordo para a saída das tropas norte-americanas até 1 de maio de 2021.



🔴 A ACTUALIDADE:

Abril 2021 A 14 de abril, Joe Biden, recém eleito presidente dos EUA, anuncia a retirada total das tropas norte-americanas até 11 de setembro. Na última semana de junho, acelerou o processo. Os outros países da NATO, Portugal incluído, seguiram o exemplo.

🔴 Agosto 2021 Depois de um rápido avanço na conquista de muitas províncias do Afeganistão, os talibãs conquistam Cabul, a capital afegã.

A política imperialista dos EUA enfraqueceu as forças laicas do Afeganistão e permitiu o triunfo dos talibãs Durante os 20 anos de ocupação, o Governo português enviou 4500 soldados para apoiarem o contigente americano.

APRENDER COM OS ERROS

O regresso dos talibãs demonstra a enorme irresponsabilidade que foi a invasão e ocupação do Afeganistão;

A invasão ajudou à exaltação do terrorismo em largas partes do mundo;

Nunca são invasores estrangeiros a impor a democracia num país.

Devemos procurar formas de apoiar o povo afegão sem acrescentar problemas e violência às suas enormes dificuldades: apoiar organizações, acolher pessoas refugiadas.

Palavras para Quê...?

Um bebé é entregue a um militar norte-americano no aeroporto de Cabul para que seja levado para um lugar seguro. O desespero para fugir do regime talibã no Afeganistão é tão grande que crianças são transportadas de mão em mão, pelo meio da multidão que se amontoa no exterior do aeroporto.

quinta-feira, agosto 19, 2021

Irmãs Ursulinas

Teve lugar no passado domingo, 15 de agosto, na Arquidiocese da Beira a profissão perpétua da primeira moçambicana das Irmãs Ursulinas do Sagrado Coração de Maria, sinal da encarnação do carisma em África.

A Congregação das Irmãs Ursulinas do Sagrado Coração de Maria foi criada na Itália no ano de 1900, e as primeiras Irmãs chegaram a África, concretamente em Moçambique, no ano de 2000. No passado dia 15 de agosto a Congregação ouviu o Sim definitivo da primeira religiosa Africana, por sinal Moçambicana, através da profissão perpétua da Ir. Fátima Amélia Gonzaga cuja vocação nasceu na cidade da Beira, no Centro de Moçambique.

A cerimónia que foi bastante restrita devido à pandemia do coronavírus, foi presidida por Dom Cláudio Dalla Zuanna, Arcebispo da Beira, no Centro de Nazaré, Cidade da Beira, e contou com a presença da Madre Geral das Ursulinas, a Irmã Maria Luísa Bertuzzo, outros membros da Congregação e alguns familiares. No fim da cerimónia a Ir. Maria Bertuzzo, explicou à Emissora Católica da Beira, que o evento constituía a realização do desejo da fundadora da Congregação, a Madre Giovanna Meneghini, representando assim a encarnação do carisma em África:

“Esta festa ou este evento da profissão perpétua da irmã Fátima Gonzaga é particularmente importante porque é a primeira irmã Moçambicana, a nossa Fundadora a Madre Giovana Menegrine desejava ter um coração tão grande capaz de abraçar todo mundo, e com este evento vemos realizado o desejo da Madre Giovana no continente Africano, portanto este sim definitivo da Irmã Fátima é uma encarnação realizada em Moçambique, não somente com religiosas italianas mas o começo com presenças locais”.

Alegria e gratidão caracterizavam aquela que entra na história das Ursulinas do Sagrado Coração de Maria em África, a Ir. Fátima Gonzaga justifica o mesmo recordando o lema da profissão dos seus votos extraído do Evangelho de Lucas “A minha alma glorifica o Senhor”.

Ciente da realidade que se vive em Moçambique, relativamente à situação do terrorismo em Cabo Delgado, no norte do País, e a Covid-19, a Irmã Fátima encorajou os jovens a acreditarem que dias melhores virão. Actualmente estão no País cerca de 7 religiosas Ursulinas do Sagrado Coração de Maria, divididas em duas Comunidades (Dondo e Beira), na sua actividade pastoral estas auxiliam na área da educação através de várias ações que tem em vista a promoção e empoderamento das mulheres. De referir que a Irmã Fátima Amélia Gonzaga iniciou o seu processo formativo em 2011, tendo professado seus primeiros votos em 2014, durante o seu percurso formativo trabalhou como enfermeira no centro de saúde de Mafambisse, na região centro de Moçambique.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mil colinas

Promotores de Ruanda pediram a sentença de prisão perpétua para Paul Rusesabagina, herói retratado no filme "Hotel Ruanda", de 2004. Ele é julgado por "terrorismo" em Kigali, capital do país africano, em um processo que sua defesa avalia como político.

 Rusesabagina é ex-gerente do Hotel das Mil Colinas, em Kigali e foi importante no contexto do genocídio em Ruanda em 1994, quando salvou mais de mil pessoas, dentro do hotel. A crise humanitária, que levou à morte de 800 mil pessoas, principalmente da etnia tútsi, foi retratada em 2004 no filme "Hotel Ruanda", momento em que o ex-gerente ficou conhecido internacionalmente, pela actuação de Don Cheadle.  Crítico ferrenho do governo do presidente Paul Kagame, tútsi que comanda o país desde 2000, Paul Rusesabagina recebeu nove acusações, incluindo terrorismo, por suposta associação com a Frente de Libertação Nacional (FLN), grupo rebelde acusado de ter organizado e executado centenas de ataques a Ruanda nos últimos anos. Ele está sendo julgado junto a outros 20 réus.

— Demonstramos que cada ato de Rusesabagina era de natureza criminal, com a intenção de cometer atos de terrorismo —, declarou um dos promotores, Jean Pierre Habarurema. — Como dirigente, apoiador e partidário da MRCD/FLN, estimulou e permitiu aos combatentes que cometessem os atos terroristas contra Ruanda.

O promotor reforça que, apesar do ex-gerente não ter ligação ativa com os atentados, os promotores acreditam que ele teve um papel nos ataques apenas por ter prestado apoio aos combatentes. A defesa e a família de Rusesabagina consideram que "o governo de Ruanda não apresentou nenhuma prova" durante os quatro meses de processo e classificaram o julgamento de "farsa" para "calar" Tusesabagina, segundo um comunicado divulgado pela Fundação Hotel Ruanda. O documento ainda avalia o julgamento como político e acusa o governo ruandês de sequestrar o acusado.

Paul Rusesabagina vivia no exílio desde 1996, nos Estados Unidos e na Bélgica, e foi detido em Ruanda no fim de agosto de 2020 em circustâncias particulares, ao desembarcar de um avião que pensava que seguia para o Burundi, país ao sul de Ruanda. "Formámos a FLN (Frente Nacional de Libertação) como uma ala armada, não como um grupo terrorista, como a acusação continua a afirmar. Não nego que a FLN tenha cometido crimes, mas o meu papel foi a diplomacia", disse Rusesabagina ao tribunal, citado pelo jornal "The Daily Telegraph". O acusado tinha pedido fiança por estar doente e prometeu não fugir, embora o juiz tenha assegurado que a prisão não o impedia de receber tratamento médico.

Paul Rusesabagina, 66 anos, é um forte crítico do Presidente ruandês, Paul Kagamé.

 

NA fOTO - Milhares de pessoas tentaram de se refugiar nas igrejas aonde iam rezar todos os domingos. Só no templo de Ntarama, 5.000 pessoas foram aniquiladas na manhã de 11 de abril de 1996 , uma segunda-feira. Esta foto mostra o resultado daquele massacre.

O Ministério Público acusa-o, entre outros, de ter dado dinheiro às milícias das Forças de Libertação Nacional (FLN), a ala armada do Movimento Ruandês para a Mudança Democrática (MRCD), o partido que lidera. A FLN tem sido responsável por ataques no Ruanda desde 2018. No filme "Hotel Ruanda", Paulo Rusesabagina é apresentado como um hutu casado com uma mulher tutsi que salvou mais de 1.200 pessoas em 1994 no Hotel des Mille Collines, em Kigali, do qual foi o diretor, usando a sua influência junto das milícias hutu.Cerca de 8.000 tutsis e hutus moderados foram mortos diariamente entre abril e junho de 1994 no Ruanda por membros da etnia hutu.