quinta-feira, junho 09, 2011

Desde o período colonial, portanto há....

50 anos que a agricultura moçambicana não mostra uma evolução assinalável, principalmente no que tange ao aumento da produtividade. A conclusão é do pesquisador Rafael Uaene, afecto ao Instituto de Investigação Agrária de Moçambique. O pesquisador recorreu a dados estatísticos para ilustrar que não há avanço na produção agrícola em Moçambique. “Os agricultores moçambicanos produzem menos de uma tonelada de milho por hectare, enquanto no vizinho Malawi, por hectare, produzem mais de 2,5 toneladas”, disse o investigar, explicando que os dados são de 2007, mas mantêm-se actuais.Estas conclusões estão patentes na apresentação feita pelo pesquisador numa outra comunicação intitulada “O Estado da Agricultura em Moçambique e Desafios”, que o investigador apresentou no “Seminário do Observatório sobre o Meio Rural”, que vinha decorrendo desde a última segunda-feira, em Maputo.Para melhor elucidar, Rafael Uaene apresentou uma tabela comparativa dos níveis de produtividade de milho em Moçambique e no Malawi no período 1961/2007. “Em 50 anos, nós não fizemos ainda grandes transformações nesta área”, disse o investigador comprovando com dados.No que tange à produção agrícola, segundo sustentou o pesquisador, Moçambique situa-se num nível muito baixo. Disse que a média de produção de cereais nos países da SADC é superior a uma tonelada por hectare, mas em Moçambique está abaixo disso.“O nível de produção atingido nos países vizinhos deve-se ao uso de fertilizantes, pesticidas e tracção animal”, explicou.Em Moçambique, citamo-lo, “o uso de sementes melhoradas pelos agricultores ainda é baixo, particularmente nas culturas consideradas prioritárias para o país”.Por exemplo, dados de 2007, apresentados por Rafael Uaene, indicam que apenas 10 por cento dos agricultores moçambicanos usavam sementes melhoradas de milho. No ano anterior (2006) apenas nove por cento tinha acesso a sementes melhoradas e em 2005 as sementes melhoradas só eram usadas por seis por cento dos agricultores.No que se refere à cultura de arroz, o índice de uso de sementes melhoradas era de apenas três por cento em 2007, contra quatro por cento do ano anterior.Na cultura de amendoim grande, o índice de uso de sementes melhoradas era de seis por cento em 2007, contra quatro por cento do ano anterior e dois por cento em 2005.O pesquisador do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique considera que dos baixos rendimentos agrícolas resultam os elevados índices de pobreza, sendo mais grave nas zonas rurais.Rafael Uaene considera ainda como desafios para o desenvolvimento do sector da agricultura: o investimento na pesquisa e extensão, melhoria dos serviços da agricultura, expansão do acesso à água, crédito aos agricultores, direito de uso e aproveitamento da terra, infra-estruturas, bem como a elaboração de políticas e desenvolvimento de mercados e agronegócios.Moçambique possui 36 milhões de terra arável, e apenas cinco por cento da terra é explorada, de acordo com os dados de 2003. (Cláudio Saúte)

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