sexta-feira, julho 31, 2009

Um milhão de indecisos?


Aproxima-se a mais um ciclo eleitoral.Vinte e nove cidadãos entregaram ao Conselho Constitucional (CC), as suas candidaturas para concorrer para as presidenciais de 28 de Outubro próximo em Moçambique.Desde as primeiras eleições realizadas em 1994, com 12 candidatos, as deste ano serão as mais concorridas. Na corrida para a Ponta Vermelha, continuam a ser dois os mais sérios candidatos, de partidos mais representativos desde que o país enveredou pelo pluralismo politico.Um ensaio preliminar e sem muito rigor desenham-se vários cenários quanto aos resultados das próximas eleições que que se alarga as primeiras de carácter provincial.Não é para concordar, mas para despertar.Em 2004, votaram quatro mil eleitores , metade dos recenseados.A distribuição de votos foram para os únicos dois candidatos:
  1. Armando Guebuza- 2.400.000 eleitores,correspondendo a 60%;
  2. Afonso Dhlakama- 1.600.000, correspondendo a 40%.

A diferença foi de 800.000 eleitores, correspondendo a 20%.

O que poderá acontecer em 2009? Com base nos 4 mil eleitores que votaram nas últimas eleições, pode-se prever que a distribuição de votos será pelos dois candidatos “permanentes” e mais sete candidatos “novos”.O exercício passa pela subtracção aos 20% de eleitores (800.000) com seguinte formula:

  • AG – 40% de 800.000 é igual a 320.000 eleitores;
  • AD - 60% de 800.000 é igual a 480.000 eleitores.

Obs. a inversão da percentagem constantes em 1 e 2, deve-se a percepção do candidato AG e o seu partido apresentar historicamente melhores resultados.Como resultado desate raciocínio, pode-se estabelecer ao seguinte quadro:

  • AG – 2.400.000 em 2004, menos 320.000, resulta em 2009 o número de 2.080.000 eleitores;
  • AD – 1.600.000 em 2004, menos 480.000, resulta em 2009 o número de 1.120.000 eleitores.

Para eleger o Presidente da República na primeira volta é necessária a cifra de 51% da totalidade dos votos, significando 2.040.000 votos. Este número é superado em 40.000 eleitores pelo candidato AG.Em relação aos 960.000 eleitores e a sua distribuição pelos restantes sete candidatos, juntam-se 800.000 novos eleitores recenseados (dados do STAE) dos quais se desconhece a sua tendência de voto. Há um total de 1.766.000 eleitores que podem decidir a eleição presidencial apenas á primeira ou segunda volta. Dado quase consumado é de que segunda figura que pode acompanhar o candidato A.Guebuza, vai sair entre o candidato A. Dhlakama e o candidato D.Simango: Há aspectos a não menosprezar e constituí a margem de erro como: os novos 800 mil eleitores, a redução ou não do índice de abstenção, a lei eleitoral que permite a contagem e validação dos votos a mais por urna, mesmo que o número de eleitores seja inferior ao limite máximo de mil. Proximamente o cenário legislativo.

terça-feira, julho 28, 2009

Congresso da OJM na Beira

A Organização da Juventude Moçambicana (OJM), um braço do Partido Frelimo, vai realizar o seu quinto Congresso na capital provincial de Sofala. Sabe-se que o V Congresso terá como pano de fundo a preparação da campanha eleitoral da Frelimo, como forma de garantir a vitória do partido nas eleições legislativas e das Assembleias Provinciais, bem como de Armando Guebuza nas presidenciais, agendadas para 28 de Outubro próximo.O Congresso da OJM contará com cerca de 183 participantes, desde membros do Conselho Central, membros ao nível provincial e distrital, entre outros convidados.Espera-se ainda a participação de representantes da OJM na diáspora, concretamente dos países da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).A OJM vai reconhecer 550 membros honorários da agremiação, numa média de 50 por cada província.O encontro, que inicia a 29 de Julho e termina no sábado, será marcado por algumas actividades voluntárias, como limpeza de algumas artérias da Cidade da Beira e uma marcha em memória de Eduardo Mondlane, primeiro presidente da Frelimo, quando movimento de libertação.

segunda-feira, julho 27, 2009

Fazer ?Sim , mas bem

Samora Machel, (saudades da sua integridade) sonhou e mandou desenhar nos primeiros anos da independência nacional uma política de desenvolvimento de dez anos para Moçambique.Os resultados não foram os esperados devido a factores até mesmo externos.Daí para cá foram traçados outras estratégias mas pouco se viu e como consequência , o ciclo vicioso da pobreza.Um dos maiores desafios foi o persistente afunilamento das discussões, não permetindo alargar a outras sensibilidades a identificação das causas do fracasso, para de seguida vislumbrar soluções.É verdade que a mudança constante de estratégia demonstra que há preocupação em enterrar os males que teimam adiar a melhoria de qualidade de vida dos moçambicanos.A dificuldade está na maneira de como fazer as coisas.O Fundo de Investimento Local (FIL) é o exemplo de uma estratégia de grande alcance mas que peca por não requerer muito esforço e sacrificio dos cidadãos abrangidos e particularmente do Governo, que deve monitorar o processo.Aparentemente não há obrigatoriedade no reembolso dos empréstimos. Os Conselhos Consultivos distritais que dão o aval para a execução dos projectos admitem timidamente não terem indicações especificas de como reaver os fundos emprestados.Uma operação como esta sem a devida assessoria tecnica e financeira pode ruir e não atingir o desejado impacto social e economico.Nota-se com algum calor e até compreensivel o entusiasmo dos administradores distritais.Foram verdadeiros heróis no período da guerra,tudo fazendo para proteger milhares de pessoas dos ataques animalescos da RENAMO.Fazem parte da equipa eleita para a gestão do Estado Moçambicano no último quinquénio e que não se livrou de hábitos e costumes que dificultam o desenvolvimento social e humano. Optaram por mobilar residencias oficiais, comprar viaturas e outros bens que nada tem a haver com o desenvolvimento das zonas rurais(70% da população vive no campo).O cidadão torce o nariz, denuncia estas incongruencias , o ambiente torna-se tenso, total descrebilidade. Todos os dias são milhões os dolares que os bancos financiam mas na condição dos seus clientes terem requisitos e cumprirem com as regras de jogo. Que futuro tem esta estrategia de transformar o distrito em polo de desenvolvimento? De onde virá o dinheiro para financiar os proximos projectos, se os actuais não garantem o retorno, reflexo das duvidas quanto a sua sustentabilidade económica e financeira? Sim, porque os sete milhões/ano por distrito não sao eternos.Nos anos 70, o governo da Coreia do Sul, sem grandes recursos identificou algumas comunidades para uma experiencia piloto que ao receberem sacos de cimento comprometiam-se em realizar obras de uso comum. Todos os projectos eram decididos por um conselho tecnico e comunitário (Saemaul Undong) e executados com mão de obra local. As comunidades-piloto que no ano seguinte apresentassem resultados positivos recebiam mais 500 sacos de cimento e 1 tonelada de aço para continuarem as obras. Aos poucos as zonas do interior transformaram o cenário atrasado e antiquado num visual urbanizado,desenvolvido com destaque para a industrializacao.Moçambique com a idade que tem tal como o seu governo (34 anos) não suporta mais uma vaga de experiências. Neste clima de boas intenções a procura do melhor o tempo vai passando, e o povo é a principal vítima disso. O país tem cerebros capazes de operar mudanças e não milagres.

sexta-feira, julho 24, 2009

Morreu a velha raposa

Rui Cartaxana, jornalista moçambicano, 79 anos , fundador da Tempográfica, também defensor de causas sociais como no bairro da Munhava, na cidade da Beira, morreu esta sexta-feira em Portugal.Em 2006 esteve em Maputo para rever familiares, amigos e a terra que o viu nascer. Antes do regresso , falou para o SAVANA desfiando a memória sobre a sua vida, a sua carreira profissional, o jornalismo moçambicano, o papel da Imprensa independente no desenvolvimento do país.Numa entrevista conduzida por Robben Jossai, começou pela parte que mais me marcou nas suas reportagens, sobre a usurpação de terra da população vulnerável por latifundiários na Munhava.Rui Cartaxana: Nessa altura não era fácil aquele tipo de reportagens…O que estava a passar é que na zona que liga a cidade da Beira, numa extensão de oito, nove quilómetros, a terra ali é boa e começou a ser ocupada por populações rurais daquela zona. Só que o proprietário registado daqueles terrenos (embora julgo não ser em título definitivo) eram o Dr. Joaquim Palhinha e um outro senhor chamado Dias da Cunha, que eram homens ricos da cidade da Beira. Eles tinham lá dois ou três cobradores brancos, europeus, que regularmente percorriam aqueles quilómetros cobrando dois tipos de receitas: uma era pela implantação de uma palhota e a outra era pela machamba. Só a palhota custava “x”, a palhota com a machamba custava mais. Não sei muito bem se foi o contínuo da redacção ou o (Ricardo) Rangel que me disse: isto é uma vergonha. Estes desgraçados, que eram milhares de pessoas, que estão para fazer a sua machamba ou palhota pagam uma renda mensal que era cobrada por esses empregados dos latifundiários. Um dia falei com Soares Martins sobre esse trabalho e disse-me que avançasse…
Rui Cartaxana esteve durante largos anos à frente do jornal desportivo Record, do qual foi director no período entre 1986 e 1998. Ao serviço do jornalismo, Rui Cartaxana mereceu algumas distinções, entre as quais o Prémio "Gazeta" Reportagem de Imprensa em 1984, ex-aequo com o jornalista Carlos Cáceres Monteiro, também já falecido. O velório de Rui Cartaxana realiza-se sábado, na Igreja dos Olivais. As cerimónias fúnebres são domingo, no cemitério dos Olivais, onde o corpo de Rui Cartaxana será cremado.

quarta-feira, julho 22, 2009

Atentos....

Sou completamente contrário a tudo que esteja relacionado com "imprescindiveis". Embora não seja o único contra este sistema, pouco ou nada significa no meio de um grande grupo de pessoas que o defendem .Desde há alguns anos atrás as pessoas teimam em votar em personalidades. Os partidos fomentam-no o que não admira, é uma das funções. Mas há quem vota em estratégias e programas. Se vota num partido, tem que acreditar minimamente que a pessoa que o lidera é idónea. Nada de votar apenas porque gosta da cara do fulano ou o ache honesto. Se assim fosse, não teria dúvidas em votar em Raul Domingos ou no Daviz Simango, como exemplos de honestidade e credibilidade. No entanto, não valerá a pena votar no primeiro porque o seu partido porque é cavalo perdedor e quanto ao segundo tem muita parra e pouca uva. Quanto aos restantes, estão sempre fora do âmbito porque não cumprem a primeira condição – HONESTIDADE. Vaidosos, embora em extremos opostos do pensamento político, muito parecidos nos seus afins , em torno de cada um, ou seja "culto à personalidade". O culto da personalidade ou culto à personalidade é uma estratégia de propagandapolítica baseada na exaltação das virtudes que são reais ou supostas , bem como da divulgação positivista da sua figura. Cultos de personalidade são frequentemente encontrados também em democracias. O termo culto à personalidade foi utilizado pela primeira vez por Nikita Kruschov para denunciar Josef Stalin.O culto incluí cartazes gigantescos com a imagem do líder, o seu nome de baptismo a cada esquina que se ergue, constante bajulação do mesmo por parte de meios de comunicacao e, irrita-os aqueles que não se levantam a sua passagem.A afirmação da personalidade individual constituí uma regressão a solidariedade e o respeito pelo o outro. Em suma: perde-se a sensibilidade do amor dada a busca insaciável e infértil da auto-promoção.

As mulheres unem!

Passou despercebido para muitos, mas deixou alguns sinais de mudança o facto do edil da Beira ter marcado presença nas celebrações do dia da Mulher Moçambicana.De facto mais não fez se não tomar uma atitude de Estado, na pessoa de representante de uma instituição onde todos os citadinos com maior ou menor frequência necessitam dela.Estabelecido o contraste com aquela oposição que não faz para influenciar e deixa-se ficar em casa protestando os fundamentos das datas históricas nacionais.Ao tratar-se de uma figura independente no xadrez politico nacional, o Presidente do Município da segunda maior cidade moçambicana, mostrou que uma outra atitude, pode mudar a visão afunilada e politizada de momentos incontornaveis para a nação moçambicana.O seu apelo para que o 7 de Abril seja uma forma de agregar todos os nacionais, abre entre linhas a possibilidade a curto prazo de esta data e outras passarem a ser uma referencia para todos e de adesão o espontânea. Na forja um politico de visão aglutinadora, aparentemente de dificel aceitação pelos moçambicanos com outra visão para o país.Ao querer notabilizar e render homenagem as heroínas moçambicanas, o jovem engenheiro deixou passar entre linhas que a Organização da Mulher Moçambicana deve estar aberta a todos, seja quais forem as suas inclinações politicas.Ficou-se com a ideia que está interessado em inscrever na OMM as mulheres que comungam dos ideais do seu recém criado partido. Embaraçoso ou não, certo é que a acontecer os actuais lideres da Organização vão ter que fazer jus aos estatutos que a norteiam, ou seja, integração de todas a mulheres independentemente a sua filiação politica.Provavelmente se estendera a outras organizações próximas a “nossa” histórica FRELIMO, como por exemplo a dos jovens.É cedo para chegar a esta conclusão, mas é um exercício pouco comum no jovem espaço democrático nacional.Se for esta a pretensão, o edil da Beira e o seu Movimento podem estar a passar a mensagem de que há espaço para todos, e que ele só não foi ocupado devido a complexos, intriguismo e uma visão obtusa da mais valia do pluralismo de ideias.A mensagem de harmonia e respeito pelas sensibilidades do eleitor, caiu bem fundo no coração dos munícipes da capital de Sofala.A dado momento a relação reticente e medroso entre moçambicanos de cores politicas diferentes, esfumou-se sem muitos darem por ela.Exemplo recente temos da terra do “tio Sam”, durante os últimos anos odiada quase pelo mundo inteiro, e num ápice recuperou a admiração dos povos.Na senda dos homens de boa vontade, os actos valem mais que os discursos.Vamos esperar e aguardar na esperança do sol ao brilhar para todos seja de igual maneira.Na última instância caberá a cada um saber com sua inteligência tirar proveito do raio que o ilumina.