O novo informe, intitulado "Diligência indevida; como os bancos fa
zem negócios com regimes corruptos", mostra a forma com que, ao criar vínculos com obscuros clientes em países ricos em recursos naturais, vários bancos facilitaram a corrupção e o saque estatal, o que impede essas nações de terem oportunidade de sair da pobreza e deixarem de ser dependentes da ajuda externa. A Global Witness é uma organização sem fins lucrativos e dedica-se à investigação sobre causas e efeitos da exploração da riqueza natural no mundo. "Se recursos como petróleo, gás e minerais realmente existem para ajudar a tirar a África e outras regiões da pobreza, então os governos devem assumir a responsabilidade de impedir que os bancos façam negócios com ditadores corruptos e com suas famílias", acrescentou Gavin Hayman, o director . O informe cita vários clientes de determinados bancos na Guiné Equatorial, República do Congo, Gabão, Libéria, Angola e Turcomenistão. Entre os bancos mencionados estão Barclays, Citibank, D
eutsche Bank e HSBC. Quase todas as instituições bancárias incluídas no informe são de alto alcance internacional e todas proclamam os seus compromissos de responsabilidade social. Mas, segundo o trabalho, há uma enorme brecha entre esse discurso e a realidade. O rendimento de recursos naturais oferece uma potencial saída para a pobreza a muitos países em desenvolvimento. Mas estes ganhos, que poderiam ser destinados ao desenvolvimento, são usurpados por altos funcionários do governo ou usados para ajudar regimes que oprimem o seu próprio povo. "Os bancos fornecem o mecanismo para que haja corrupção em torno dos recursos naturais", disse Anthea Lawson, da Global Witness. Entre a evidência apresentada no informe está o caso do banco Barclays que manteve conta aberta para Obiang, filho do ditador da Guiné Equatorial, mesmo muito depois de se tornarem públicas provas de qu
e a família estava envolvida na usurpação das riquezas petrolíferas dessa nação. Em 2004, o banco Riggs entrou em colapso como resultado de uma investigação de um comité do Senado norte-americano, na qual se descobriu que mantinha contas em nome do ditador da Guiné Equatorial Teodoro Obiang, bem com de membros da sua família e do seu governo corrupto. Apesar disso, o seu filho, que como ministro da Agricultura e florestas no governo de seu pai tinha salário de 4 mil dólares mensais, ainda tinha conta aberta no Barclays em Novembro de 2007. O informe assinala que enquanto o seu país continua a ser um dos mais pobres da África, ele possui uma mansão de 35 milhões de dólares em Malibu (EUA) e gastou 6,3 milhões de dólares na compra de automó
veis nos últimos 10 anos. Também está mencionado o caso do Citibank que facilitou o financiamento de duas guerras civis em Serra Leoa e Libéria ao permitir ao ex-presidente liberiano Charles Taylor, agora julgado por crimes de guerra no Tribunal Penal Internacional de Haia, saquear as riquezas naturais de madeira. Isto ocorre apesar de uma série de leis contra a lavagem de dinheiro exigir dos bancos diligência em identificar os seus clientes e rejeitar fundos que tenham sido adquiridos de forma ilícita. Mas as actuais normas são ambíguas sobre até onde os bancos devem ir para identificar a pessoa real que está por trás das empresas. Ao aceitar estes clientes suspeitos ajudam directa ou indirectamente os que usam as contas do Estado para enriquecer ou oprimir seus povos, diz o informe.




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