terça-feira, novembro 19, 2013

O MOÇAMBIQUE DE AMANHÃ DEPENDE DO MOÇAMBIQUE DE HOJE

Por JOSÉ FORJAZ 

De momento o que está a acontecer a nível político, pois nem sequer é possível falar níveis ideológicos, não é encorajador. Mas o amanhã é um país desconhecido.
Não se sabe ao certo quando começa e quando acaba. O nosso amanhã é diferente do amanhã dos nossos netos.

Preferimos portanto cingirmo-nos aos próximos anos.

Um cenário plausível é que continuaremos a ser guiados, cada vez mais directamente, para uma situação, comum em África, que é a da caricatura da democracia aproveitando o baixíssimo nível cultural da maioria e um progressivo e inexorável controle dos poucos meios de comunicação social. A confirmação da efectiva fascização do poder, que já controla efectivamente o legislativo, o executivo e o judicial.

Este cenário, que parece quase inevitável, continua a ser a regra mais aplicada em África, com pouquíssimas excepções.
Porque seriamos nós diferentes de Angola, do Congo, da Uganda ou do Zimbabwe por exemplo, com passados tão semelhantes, motivações tão próximas e afinidades tão fortes entre os seus dirigentes?

A ilusão de que agora, alguns, vamos ser ricos (…muito ricos…) obscurece sinistramente uma visão esclarecida sobre um possível amanhã radioso para todos os moçambicanos. Entretanto as grandes multinacionais vão cumprindo o seu papel de mandantes dos interesses imperialistas das grandes potências mundiais e nós vamos ficando com os buracos, a poluição, fora de casa e com uma divida colossal para pagar.
Um cenário alternativo seria o de voltar a eleger valores éticos e morais como vias de orientação do processo politico, combater frontalmente a corrupção, a começar pela que se instalou nos quadros políticos e governativos, promover a qualidade do ensino, moralizar a função pública, despolitizar a direcção das instituições e das empresas públicas e, acima de tudo abrir um diálogo não demagógico sobre as perspectivas que se podem desenhar com a aplicação dos benefícios da exploração das riquezas naturais para a melhoria efectiva das condições de vida de todo o povo moçambicano.

E porque não dar alguma atenção a documentos como a Agenda 2025 ?

Na sua versão original, e na sua revisão, são apontados caminhos corajosos e, sobretudo, possíveis para uma renascença da credibilidade interna e externa de Moçambique como um estado de direito governado para o bem de todo o povo.
Essa, sim, seria uma verdadeira “Renascença Africana”.

Este cenário parece utópico no momento actual.

Contudo, para quem atento, o espírito de justiça está cada vez mais alerta e a repulsa pelas arbitrariedades, cada vez mais frequentes, que se vão praticando para o apoderamento da riqueza nacional por uma restrita classe de políticos a serviço de si próprios, é cada dia mais patente a todos os níveis sociais e particularmente significativa entre os jovens, cansados das promessas vazias e do espectáculo da rampante corrupção de quem só se sabe governar a si próprio.

É esse espírito que nos trás de volta a esperança, tão desgastada, num futuro Moçambique feito de pessoas felizes e de natureza respeitada.

Maputo, 6 de Novembro de 2013

0 comments: