quarta-feira, novembro 06, 2013

Análise fria (5)

Uma das grandes promessas do Presidente Guebuza foi o combate cerrado contra a corrupção e neste aspecto eu dou nota positiva. Pela primeira vez na história, altos dirigentes do Estado foram levados à barra da Justiça e condenados por crimes de desvio de fundos ou de aplicação. São disso exemplos os casos “Aeroportos, INSS e MINT”. Até hoje a imprensa está cheia de casos de corrupção à escala nacional. Isso pode dar a (falsa) ideia de que a corrupção cresceu, mas eu prefiro pensar que os mecanismos da sua detecção é que melhoraram porque sempre houve corrupção, em grande escala, em Moçambique. Hoje até se descobre a corrupção em órgãos de soberania como o Conselho Constitucional e o Tribunal Administrativo. Mas cedo alguns “corruptos” descobriram que o Estado estava mercantilizado e o Presidente, como autor dessa mercantilização, já não tinha moral para puní-los. É por isso que existem casos que consubstanciam crimes de corrupção envolvendo membros do executivo que nunca foram investigados. O próprio Partido FRELIMO acabou de oficializar a corrupção, ora apelidando-a de acidente de percurso, ora considerando-a como gratificação, ao defender e apoiar o aspirante a edil de Moatize, que tentou subornar uma magistrada do Ministério Público.
Veja-se que, neste caso, até procura-se culpabilizar a procuradora por um suposto mal-entendido! Ou seja, neste aspecto o Presidente assemelha-se ao peixe, que vive e morre pela boca. De qualquer modo, as instituições de combate à corrupção estão criadas e consolidadas, cabendo ao futuro presidente melhorar o que já foi feito até ao presente momento. O que mais manchou a era Guebuza foi a falta de transparência nos negócios do Estado, desde os contratos com as multinacionais que exploram os recursos naturais, as concessões de terra para o Prosavana, o negócio com a Semlex para a produção de bilhetes de identidade e passaportes biométricos, até ao recente negócio de aquisição de navios para pesca e patrulhamento da costa marítima moçambicana. Esta falta de transparência alimenta as mais variadas especulações do envolvimento de altos dirigentes do Estado em negociatas. Os mais críticos, incluindo a poderosíssima e auto-confiante Maria Alice Mabota, apelidaram o Presidente de Mr. 5%.

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