terça-feira, julho 19, 2011

Zambezianos querem sentido de pertença

Os cidadãos moradores na Zambézia, no centro-norte do país, consideram que o desenvolvimento da província está a ser adiado por caprichos políticos ditados pela Frelimo, partido no poder, como punição pelo facto da Renamo ser a preferida aqui.De uma visão académica, a Zambézia assim como o país no seu todo, regride no desenvolvimento humano e do sector familiar pela incongruência de políticas e de planificação adoptadas pelo Governo e demais entidades públicas. Ou seja, as políticas de desenvolvimento sectoriais contradizem-se entre elas, e elas com o Programa Quinquenal do Governo.Já na visão popular, segundo constatações no terreno, a situação na Zambézia é resultado da opção política dos citadinos, que têm preferido votar em esmagadora maioria pela Renamo como ficou demonstrado nos vários plebiscitos realizados no País.Os cidadãos dizem que “a Frelimo já fez tudo para tirar da mentalidade dos cidadãos a ideia de confiarem na Renamo, mas não funciona”. “Até a Frelimo já realizou um congresso em Quelimane, capital da Zambézia, para persuadir os cidadãos, mas em vão”, dizem os munícipes. Aqui a oposição é preferida e tudo o que a Frelimo tem feito para tentar alterar a situação tem agravado ainda mais o desenvolvimento e acirrando ainda mais o desencanto pelo Frelimo.No distrito de Gilé, norte da Zambézia, a nossa reportagem conversou com vários cidadãos, destacando-se Roberto Jorge que avançou: “a Zambézia tem tudo para se desenvolver. Do litoral ao interior encontramos diversa riqueza, desde a do sobsolo à da superfície. Mas a Zambézia não se desenvolve porque a Frelimo e o seu Governo não querem, por não terem expressão política dominante”.O mesmo cidadão conclui que a Frelimo e o seu governo “fazem de tudo para matar esta província”.A percepção dos cidadãos encontra crédito até em alguns governantes distritais que embora sejam funcionários do estado estão também fartos das políticas de exclusão do governo central. Um administrador distrital, que falou à nossa reportagem na condição e anonimato por temer represálias, confidenciou-nos: “Ás vezes solicitam-nos no comité provincial para nos chamarem atenção de como devemos governar, o que nada tem a ver com o desenvolvimento da província, mas, sim, com o partido Frelimo”.Outro dado adquirido foi no distrito de Pebane, onde um nome sonante na nomenklatura política governativa é acusado em público de “impedir o desenvolvimento da província”. Trata-se do general Bonifácio Gruveta, primeiro governador da Zambézia pós-colonização e natural da terra do coco. A acusação foi feita pelo cidadão Lucas Grassane que disse : “Isto não vai longe porque Gruveta não quer, e muitos projectos bons para Zambézia são executados deficitariamente porque Gruveta assim quer”.“Veja que em tudo o que existe quanto à negociação e exploração desenfreada de recursos, Gruveta está metido quer directa e indirectamente”, acrescentou Grassane. Depois questiona: “Como vamos desenvolver se Gruveta quer comissão em tudo quanto existe que traga alguma rentabilidade?”.No distrito da Maganja da Costa, dos vários entrevistados, a anciã Verónica Domingos de Sousa, disse sem receios fe com um sorriso erematou: “Meu filho, você está a meter-se num caminho perigoso. Gruveta vai te matar, porque ele não gosta de chatices!”. Depois da chamada de atenção, a nossa interlocutora prosseguiu: “Nós já lutámos muito para desenvolver a Zambézia, mas quando o Massamba (Gruveta) se apercebe acaba com a pessoa que fez isso sem falar com ele, ou então terá que se sujeitar aos caprichos dele”.Uma outra questão levantada pelos nossos entrevistados é o tipo de pessoas, ou seja, das personalidades que têm sido indicadas para governar a província da Zambézia.Magda Palmeiras, residente na cidade de Quelimane, considera que “a Frelimo é muito esperta, por isso manda para esta província pessoas com coragem e capacidade de fazerem barulho, apenas para atrapalhar a opinião pública, mas é tudo em vão, porque aqueles senhores vêm satisfazer os interesses do partido Frelimo”.Esta interlocutora confessou disse ainda: “Imagine: se estes governadores fossem sérios a Zambézia estaria bem longe e à frente agora. Passou por aqui Carvalho Muária (NR: Actual governador de Sofala) e nada de visível aos olhos da população fez. Cantou e gritou que se fartou, mas em nada resultou. Agora temos o Itai Meque que, como Muária, passa a vida nos distritos a gastar dinheiro do povo”.Ademais, dizem os moradores da Zambézia, “estes governadores vêm também para satisfazer os interesses económicos e empresariais dos chefes máximos deste país”. (Aunício da Silva)

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