sexta-feira, março 14, 2014

"Quando cheguei isto era um clube nocturno"

Está instalada uma desordem total no Instituto Agro-industrial de Salamanga, distrito de Matutuíne, em Maputo.  Três anos após o instituto ter iniciado os cursos Agro-pecuária e Ecoturismo, o Governo mandou publicar um Boletim da República em que extingue o curso de Ecoturismo e introduz o curso de Guia de Turismo. São cerca de 100 estudantes do 2º e 3º anos do curso de Ecoturismo que protestam a suspensão do curso de Ecoturismo ao meio. Entretanto, o director do instituto, Valentim Nguenha, diz que a instituição está a seguir com as novas regras de qualificação aprovadas pelo Programa Integrado da Reforma da Educação Técnico Profissional (PIREP) e publicadas no BR, em Dezembro do ano passado. O instituto vinha funcionando antes da publicação do BR que o atribui competências. 
Claramente vítimas da desorganização e irresponsabilidade do Governo, numa carta endereçada ao ministro da Educação, os estudantes questionam: “É justo os estudantes do curso de Ecoturismo pagarem pelos erros dos outros. Quando concorremos e matriculamo-nos, disseram-nos que no instituto existiam dois cursos, Agro-pecuária e Ecoturismo e não Guia de Turismo como aparece este ano”, queixam-se.
“Na semana passada, o director disse que o curso de Ecoturismo não existe. De quem é a culpa? Nossa não pode ser. Como é que foram introduzir um curso antes de ser aprovado pelo Conselho de Ministros”, questionam.Segundo relatam, há dois anos abandonaram o convívio familiar em busca de um futuro promissor, mas agora deparam-se com a “desordem” e “enganos”.“Senhor ministro, a vida de internato não é fácil. Toda a gente sabe que nem todos os encarregados de educação têm condições para sustentar os seus filhos no internato. Anualmente, temos que pagar 3.500 meticais de taxa de internato enquanto as condições não são boas. A alimentação é uma lástima. Nem os que estão a cumprir penas nas cadeias não têm este tratamento”, pode-se ler num dos trechos da carta-denúncia. 
Os estudantes dizem que desde que Nguenha assumiu as funções de director do instituto em finais do ano passado, tudo mudou. O seu reinado é caracterizado pela ditadura e abuso de poder.“O director Nguenha só manda. Não gosta de ouvir a opinião dos estudantes. Ele sempre está certo”, dizem.
O director do Instituto Agro-Industrial de Salamanga, Valentim Nguenha, disse que o Ministério da Educação, através da Direcção Nacional do Ensino Técnico Profissional, vai arranjar uma solução para o assunto do curso de Ecoturismo. “O instituto está a seguir com as novas regras de qualificação aprovadas pelo Programa Integrado da Reforma da Educação Técnico Profissional (PIREP) e publicadas no BR, em Dezembro do ano passado,” disse Nguenha.Explicou que o instituto vinha administrando cursos baseados em programas do PIREP, mas em Dezembro do ano passado foi publicado um BR que aprova as novas qualificações que não englobam o curso do Ecoturismo. E o ministério deverá decidir sem prejudicar os estudantes.“Nada posso fazer. Com o conhecimento das direcções distrital e provincial da Educação reagimos junto do ministério. Estamos à espera de uma resposta”, disse.
Valentim Nguenha diz que quando assumiu a direcção o instituto e o internato estavam desorganizados. Então no processo de uma nova organização, algumas sensibilidades podem ter ficado feridas.“Gosto de fazer coisas legais. Quando cheguei isto era um clube nocturno. Estou a pôr a ordem. Desde a hora de acordar, 5 horas, até à hora de dormir, 22horas. Queremos formar o homem do amanhã e não malandros”, disse. (C. Saúte)

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