domingo, março 09, 2014

Marcelino e Malhuza autores do nome FRELIMO


Emílio Manhique, apresentador do programa “No Singular” na TV pública
moçambicana (TVM), entrevistou, em 2005, o antigo membro da Frente de Libertação de Moçambique e mais tarde ministro de Samora Machel, presidente da Assembleia Popular, e membro do Bureau Político (mais tarde Comissão Política Permanente) do Comité Central do partido Frelimo,Marcelino dos Santos(foto ao lado) .Dos arquivos extraiu-se (CMoz)  
parte dessa entrevista relativa aos fundadores e combatentes da Luta de Libertação Nacional que defendiam um sistema como o que hoje vigora em Moçambique e com a alegação de que por isso eram anti-patrióticos e “reaccionários” foram  presos no fim da década de 70, princípio de 80, já depois de Moçambique ser membro das Nações Unidas.
Emílio Manhique : “Lazaro Nkavandame, Gwenjere, Joana Simeão(na foto) foram mortos depois da independência, mas a Frelimo tinha dito que iam ser reeducados, que iam servir de exemplo. Porque é que foram mortos sem sequer nenhum julgamento?”
Marcelino dos Santos: “Naturalmente... primeiro porque consideramos que era justiça.”
Manhique: “Justiça popular?”
Marcelino dos Santos: “Altamente popular, exercida”...
Manhique:... “mas foi uma justiça de um movimento guerrilheiro, não de um partido”.
Marcelino dos Santos: “Justiça contra traidores porque qualquer um deles se aliou ao colonialismo português.”
Manhique: “Mas porque é que a Frelimo primeiro disse que iam servir de exemplo?”

Marcelino dos Santos: “Sim, e depois sobreveio a acção, a tentativa do inimigo de buscar elementos moçambicanos descontentes, em particular aqueles que pudessem ser-lhes bastante úteis. Então, aquela consciência que nós tínhamos inicialmente de que são traidores e que, portanto deveriam ser executados. Bom, numa certa medida podemos dizer que surgiram as condições que forçaram a implementação de uma preocupação e de um sentimento muito, muito, muito antigo porque é bom não esquecer que Lázaro Nkavandame...”.
Manhique: “E porque é que não se informou o povo?”
Marcelino dos Santos: “Porque aí é preciso ver o momento em que isso acontece e naturalmente embora nós sentíssemos a validade da justiça revolucionária, aquela construída, fecundada pela luta armada revolucionaria de libertação nacional, havia, no entanto, o facto de que já estávamos em Estado independente. Quer dizer, Moçambique se tinha ja constituído em Estado embora a Frelimo fosse realmente a força fundamental desse Estado. Então foi isso, talvez, que nos levou, sabendo precisamente ainda que muita gente não estava certamente apta a entender bem as coisas, que nós preferimos guardar no silêncio esta acção realizada. Mas que se diga bem claramente que nós não estamos arrependidos da acção realizada porque agimos utilizando a violência revolucionária contra os traidores e contra traidores do povo moçambicano”.

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