quinta-feira, março 06, 2014

Cessar-fogo,nos póximos dias

A Renamo, o segundo maior partido da oposição em Moçambique e antigo movimento rebelde, aceitou parar com os ataques armados que tem vindo a orquestrar contra as posições das Forças de Defesa e Segurança (FDS).A decisão do partido liderado por Afonso Dhlakama surge na sequência do entendimento alcançado em sede do diálogo, observado quarta-feira, entre aquela formação política e a delegação do governo moçambicano.Segundo a edição de hoje do jornal “Noticias”, as partes já identificaram os mecanismos para a cessação dos ataques. Porém, o chefe da delegação do governo e actual Ministro da Agricultura, José Pacheco, não mencionou tais mecanismos.“Não é relevante citar os mecanismos nesta fase, porque estamos ainda a construí-los”, disse Pacheco, sublinhando que os mesmos visam a cessação dos confrontos entre as duas partes, bem como o desarmamento da Renamo.Em reacção à acusação da Renamo sobre um alegado bombardeamento, com recurso a armas pesadas, levado a cabo quarta-feira pelas FDS na região da Gorongosa, Pacheco disse que as FDS apenas defenderam-se e estão, por isso estão a perseguir quem perpetrou o ataque ao carro da Polícia. O chefe da delegação governamental lamentou a acção violenta da Renamo que, na segunda-feira última, traduziu-se num ataque contra uma viatura da Polícia, cuja missão era fazer reabastecimentos logísticos.Não obstante o cenário que se verifica, o Ministro disse que as partes vão continuar a trabalhar com vista a cessar os confrontos. A Renamo, na voz do chefe da sua delegação ao diálogo com o Governo, apesar de aceitar parar com os ataques, exige o envolvimento da comunidade internacional no processo que designa de cessar-fogo. 
Porém, Pacheco afirmou que, ao que tudo indica, existe tendência de se tratar o assunto a nível doméstico entre as duas partes e com o envolvimento dos observadores nacionais.“Na construção dos mecanismos, espero que não haja imposições nesse sentido. Para já, há um entendimento de que existem condições à escala nacional de darmos o tratamento doméstico a este assunto”, indicou.Por seu turno, Saimone Macuiana explicou que as partes continuam a discutir os assuntos que têm a ver com os mecanismos, garantias de fiscalização e o controlo do cessar-fogo.“No diálogo desta quarta-feira, pudemos reiterar os grandes avanços alcançados, que têm a ver com a necessidade de cessar o conflito armado o mais rápido possível. Esperamos que ao longo dos próximos dias possamos ter condições criadas para o cessar-fogo”, disse, revelando que sobre esta matéria o seu partido colocou à mesa do diálogo questões sobre as garantias de todos os militantes.Segundo Macuiana, a questão central é que ao se chegar à situação de cessar-fogo, tem de estar claro que não haverá em Moçambique detidos ou presos por razões políticas.“Isso tem de acontecer, porque se cessarmos fogo e continuar a haver presos políticos, não teremos resolvido o problema. O nosso objectivo é que possamos ter um cessar-fogo duradouro que irá permitir que as gerações vindouras não possam ter Moçambique em situações idênticas às que aconteceram depois dos acordos de Roma”, disse, acrescentando que todos os aspectos negativos e positivos do AGP deverão ser capitalizados no sentido de se procurar a melhor forma para uma paz efectiva no país.Para além dos observadores nacionais aceites pelas partes, a ronda do diálogo realizada quarta-feira também contou com a presença de peritos militares do Governo e da Renamo.

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