domingo, maio 29, 2011

Quanto vale o dinheiro?

A atracção do Homem pela esfera material, bem como o seu amor à riqueza, são factos reconhecidos pelo Isslam, pois este não proíbe nenhuma dessas coisas. Todavia, exige que se mantenha uma perspectiva correcta no concernente à sua importância relativa, para que assim os bens materiais e a riqueza não se tornem o objectivo da sua existência. Consta no Al-Qur’án, Cap. 3, Vers. 14:
“Foram embelezados para os homens os objectos de suas paixões; as mulheres, os filhos, os tesouros de ouro e prata, os cavalos de raça, os rebanhos e as machambas. Mas tudo isso é o gozo da vida terrena, mas é junto de Deus que está o melhor retorno”.
Consta ainda no Al-Qur’án, Cap. 28, Vers. 60:
“E o que quer que vos tenha sido concedido, é apenas gozo da vida terrena e seu ornamento, e o que está junto de Deus é melhor e mais durável. Não raciocinais”?
Se Deus nos favorecer com riquezas e ficarmos entretidos com elas deixando de adorá-Lo, Ele criar-nos-á barreiras neste e no Outro Mundo, não sendo de afastar a possibilidade de Deus retirar de nós essas riquezas, mudando a nossa situação de abastança para a penúria, como um castigo.Se não permitirmos que as riquezas interfiram na nossa adoração a Deus, bem como no cumprimento das Suas ordens, então seremos abençoados com mais riquezas. E assim as riquezas mundanas serão como que nossos servidores e nós seremos autênticos servidores de Deus.
Diz o Al-Qur’án, Cap. 2, Vers. 219:
“Eles perguntam-te o que devem gastar (na caridade). Diz-lhes: o que é supérfluo (para as vossas despesas)”.
O Isslam não é contrário ao ganho de dinheiro. Aliás, ganhar dinheiro por meios lícitos até é considerado uma obrigação religiosa. Contudo, o Isslam abomina e desaprova a tendência de se exaltar a aquisição de riquezas como um objectivo supremo e exclusivo da vida.Portanto, a pessoa pode adquirir riquezas e propriedades para seu usufruto. Porém, isso deve ser feito de forma equilibrada e com prudência. Não nos devemos envolver demasiado na procura de riquezas e bens materiais ao ponto de isso interferir nas relações que necessariamente devemos manter com o nosso Criador, ou que de alguma forma desvie as nossas mentes dos objectivos da nossa existência neste Mundo, bem como do nosso destino final.Para além disso, não nos podemos esquecer do direito que os pobres e os desfavorecidos têm sobre a nossa riqueza, pagando o Zakát (esmola obrigatória) e dando Sadaqa (caridade facultativa). Na realidade, as riquezas que uma pessoa ter não constituem um direito seu mas sim uma dádiva de Deus. Nem se devem considerar um prémio pelo esforço ou mérito, mas sim uma beneficência de Deus.Portanto, é necessário que as riquezas excedentes que circulam somente entre algumas pessoas abastadas, não se concentrem apenas nesse círculo restrito de pessoas, mas sim devem ser gastas no alívio da pobreza, de forma devidamente planeada.Se fizermos isso, a luta de classes que ameaça a paz mundial em todas as esferas da vida deixará de ter lugar.A riqueza que uma pessoa possa ter não deve ser gasta apenas para si, mas também para a família e para os necessitados e aflitos. E todo o acto de beneficência para com o pobre e o necessitado é considerado um empréstimo a Deus, pois Ele chama a Si a responsabilidade de reembolsar com acréscimos inimagináveis tudo o que se tenha gasto em prol dos necessitados, conforme consta no Al-Qur’án, Cap. 2, Vers. 274:
“Os que gastam de seus bens dia e noite, em segredo e em público, receberão a recompensa de seu Senhor. Nenhum medo os dominará e nem se entristecerão”.
E Deus diz no Al-Qur’án, Cap. 3, Vers. 92:
“Jamais atingireis a piedade até que gasteis (em esmola) daquilo que mais apreciais”.
Estes ensinamentos incutem nos crentes uma atitude básica de generosidade e espírito de “mão aberta”, pois como resultado eles começam a gastar livremente a favor do seu próximo, e entre eles o dinheiro nunca se torna um objecto de adoração. É simplesmente para ser usado para os outros, assim como para si.Há a acrescentar o facto de a religião desencorajar e desaprovar o desperdício, bem como os gastos em luxos desnecessários com o intuito de fazer alarde ou impressionar os outros. A simplicidade, o contentamento e a gratidão por tudo aquilo que Deus generosamente concedeu a alguém, são qualidades importantes.Por outro lado, o orgulho devido à riqueza, e os preconceitos relativamente aos que têm menos, a ganância e a avareza, são pecados graves.O valor do dinheiro não reside em si próprio mas sim no que pode fazer em prol dos necessitados e aflitos, pelo que não deve ser acumulado ou imobilizado em contas a prazo, mas sim, gasto em necessidades legítimas ou na ajuda ao próximo, ou então investindo-o de forma benéfica e apropriada.Quando o Ser Humano deixa de seguir estes ensinamentos, torna-se materialista e a sua meta na vida confina-se à aquisição de dinheiro a todo o custo, usando meios lícitos ou ilícitos, ainda que tenha traficar, matar ou roubar.Para esse tipo de gente, a vida humana não tem nenhum valor, já que para eles o objectivo da vida reside apenas no dinheiro.E o que está a acontecer à nossa volta é um grande exemplo disso, pois quando as pessoas chegam a esse ponto, os Homens são avaliados na base do material e dinheiro. Quem tem mais dinheiro pesa mais, tem mais valor, ainda que seja um falido em termos de mérito. E quem não tem dinheiro pesa menos, não tem valor nenhum na sociedade, ainda que seja pesado em termos de mérito.

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