quinta-feira, maio 26, 2011

Carta aberta

Exmo. Senhor Presidente do Conselho de Administração da LAM.

Permita-me que use este meio para congratulá-lo pela recente nomeação para o prestigiado cargo de PCA da nossa companhia de bandeira! É certamente momento de orgulho, saber que a nossa companhia nacional passará a ter um PCA a tempo parcial (part-time), apesar dos inúmeros problemas que enfrenta! Nada temos contra a sua vida privada, pelo contrário estimulamos aqueles que simultaneamente para além de docentes em várias universidades, conseguem ser ao mesmo tempo deputados, presidentes de comissões especializadas, PCAs de empresas públicas e privadas, membros de comités e conselhos locais, regionais, partidárias, nacionais e outras! Um exemplo vivo de empreendadorismo e auto-estima!

Exmo. Senhor,

Não duvidamos da sua competência, mas como utentes da nossa companhia de bandeira estamos preocupados com os recentes desenvolvimentos na empresa, que apesar de não terem sido por si criados, acabam afectando a minha vida pessoal, a de membros de nossas famílias, a nossos amigos, e no final do dia a todos os utentes que não por vontade própria, mas por falta de alternativa vem-se forçados a usar os serviços da companhia que V. Excia. dirige!Dizíamos nos que não duvidamos da Vossa competência, mas preocupam-nos os gravosos atrasos que se tem verificado na empresa e nos surpreende que no acto de celebração da passagem de mais um aniversário se tenha lançado nos media informações que não me parecem corresponder, na totalidade, à actual imagem que temos da empresa que superintende. Refiro-me aos persistentes atrasos, um dos quais de mais de 14 horas num dos voos no percurso Quelimane-Maputo só para citar um.

Exmo. senhor PCA,

escrevo-lhe para lhe dizer que estou cansado de chagar as casa às 03, 04, 05 e até 06 horas da manhã! Escrevo em desespero de causa porque não vejo da parte da vossa empresa nem vontade, nem preocupação nem respeito pelos constantes transtornos porque os utentes passam!

Excia,

ao longo dos últimos 15-21 dias, fomos vítimas privilegiadas da empresa que dirige! Fizemos mais de 10 voos e sem pestanejar lhe asseguro que nenhum saiu a horas, com a excepção de um que saiu quase a horas, provavelmente porque a bordo estavam os Ministros da Planificação e Desenvolvimento, da Indústria e Comércio e da Cultura, para além do Vice das Obras Públicas e Habitação que se dirigiam à Cidade de Quelimane! Tirando esse, Exmo Senhor todos os outros voos registaram atrasos gravíssimos. Não me venha dizer que foi azar meu! Pois acho que seis ou dez voos em menos de 21 dias, é uma amostra considerável estatisticamente falando!

Exmo Senhor,

Não sei se sina da família ou não, mas para que não lhe venham dizer que inventei, contarei singelamente alguns episódios ocorridos, comigo, com membros da minha família e alguns amigos. Meu irmão que viaja regularmente à cidade da Beira em missão de serviço, foi vítima de vários atrasos, tendo algumas vezes chegado a casa depois das três da manhã. Outros membros da minha família, incluindo meu pai, com mais de 70 anos, foram obrigados a fazer voos que chegaram ao destino cerca das 04.00 da manhã, fazendo com que só pudesse estar em casa volta das 05.00 da manhã, com prejuízos para membros da família no local da partida do voo, os próprio viajantes e a equipa receptora!! Outros amigos reportaram situações escandalosas de super atrasos! Mas apesar destes factos não vimos nenhuma nota explicativa, nenhum pedido de desculpas formal para alem do habitual ‘atrasámos por motivos operacionais’ mesmo quando nos chegam informações de numa das vezes uma das razões operacionais foi o atraso de uma hospedeira por motivos de beleza cabeleireira! E com este backgroung Exmo. Senhor, que custa a acreditar nas estatísticas que nos apresentam, afirmando que o índice de pontualidade no primeiro trimestre foi de mais de 90%! Reconheço que o período em apreço diverge daquele que menciono, não resisti à tentação de enviar-lhe esta missiva na esperança de que seus colaboradores mais próximos não estejam a ‘atirar areia para seus olhos’, pintando um quadro róseo da empresa que dirige quando nos os utentes que, em princípio, deveríamos ter sempre razão, não temos razão nenhuma, nenhuma razão para estar felizes com o desempenho da Vossa-nossa empresa. Caso duvide da nossa intenção, agradecíamos que visitasse a blogsfera, especialmente a facebookosfera para aperceber-se do estado de espírito dos utentes da empresa que dirige!

Exmo Senhor,

Sabemos que a União Europeia baniu a nossa companhia de bandeira de voar no seu espaço aéreo-um golpe duro a nossa auto-estima!. Não teria sido uma ocasião impar para V. Exia se pronunciar explicando aos seus utentes o que terá acontecido para que nos colocassem na lista da vergonha de África? Não teria sido uma ocasião impar para pedir a nossa colaboração no intuito de juntos resgatarmos a imagem da nossa companhia aérea mor?

E já agora, acha que o monopólio é salutar para a saúde da nossa companhia de bandeira?

Sem outro assunto de momento subscrevo-me,

Manuel de Araújo

(Dr. Manuel Araújo, ex-deputado da Assembleia da República)


1 comments:

Anónimo disse...

A LAM está no princípio do fim. Empresa altamente endividada, se não fosse a situação de monopólia, fecharia as portas num curto espaço de tempo.