quinta-feira, maio 19, 2011

EUA desejam presidente muçulmano

A Administração americana numa previsão geopolítica procura aliar a inevitabilidade da política moçambicana a necessidade de conter a expansão islâmica nas lideranças africanas patentes no corno de África.Acontece que a FRELIMO, movimento de guerrilha libertador e hoje um Partido saído de uma orientação socialista para amarrar-se ao FMI, vai eleger no seu X Congresso no ano que vem (Cabo Delgado) o seu candidato presidencial para 2014. Corredores dão certezas que estão na forja algumas candidaturas, sendo a mais forte a do actual primeiro ministro , Aires Aly, visto por Washington como um muçulmano moderado.Internamente, e para os históricos do Partido governamental a 35 anos no poder uma figura útil ao actual “status” pois é natural da província nortenha do Niassa.

No seu trabalho de pesquisa "A Província de Nampula como Estudo de Caso" de Maria João Baessa Pinto , conclui que Moçambique é o país que, a sul do continente africano, apresenta maior percentagem de população muçulmana. O processo de islamização data praticamente dos primeiros contactos estabelecidos no século VII na costa oriental de África, por via essencialmente do desenvolvimento do comércio com o Índico e no quadro institucional da acção missionária das confrarias. A região norte do país, e em particular as províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa, são fortemente habitadas por muçulmanos sunitas que integram as diferentes escolas islâmicas. A predominante é a escola Chafita, cujos membros são maioritariamente associados às confrarias e ao Congresso Islâmico. Os outros muçulmanos são representados pelo Conselho Islâmico (Wahaabita), pela Associação Mahometana Seita Sunni (Hanafita) e pela Comunidade Xiita Seita Shia Ithna-Asheri. Na região, o Islão das confrarias surge fortemente enraizado nas tradições, costumes e culturas locais, é maioritariamente rural e pouco erudito. A Província de Nampula é o santuário mais expressivo da influência islâmica em Moçambique. De acordo com o Censo de 1997, 42,3% dos muçulmanos moçambicanos estão concentrados nessa província. A comunidade muçulmana é dominante no que se refere à distribuição por religiões da população que habita a província, onde 47,1% são muçulmanos. O crescimento destes crentes islâmicos tem-se processado de forma contínua, ainda que a ritmos diferentes, ao longo dos tempos. Se o papel social da comunidade muçulmana adquiriu, nos anos 90, maior dimensão e visibilidade e se o seu papel económico era já generalizadamente reconhecido, a última década do século XX foi marcada pela emergência dos muçulmanos na esfera da acção política, não apenas por via das ligações que se estabeleceram com os representantes do poder, no sentido da concentração de esforços para promover o desenvolvimento ou para superar situações de crise (p.e. no plano da ajuda humanitária), mas também pelas diversas manifestações de elementos da comunidade islâmica no sentido de fazer corresponder o seu peso populacional e sócio-económico a uma crescente participação nas instituições políticas e nas estruturas decisórias. Este crescimento é acompanhado por profundas transformações internas no seio do universo islâmico moçambicano. Nota-se uma perda de influência relativa do Islão tradicional, difundido pelas confrarias, a favor das correntes mais próximas da visão reformista-integrista, do designado Islão erudito. Cresce também a interligação entre a(s) comunidade(s) islâmica(s) moçambicana(s) e a comunidade islâmica internacional, por via das ligações estabelecidas com as instituições internacionais islâmicas, com alguns países islâmicos empenhados na difusão do Islão e com ONG's islâmicas. No contexto de todo este conjunto de transformações, começaram a manifestar-se sinais de um crescente desejo de afirmação, protagonismo e participação na esfera político-económica-social, inclusive um candidato muçulmano ao invés a de todos os outros de crença católica.

também a velha e crescente contestação, cristalizada, quanto a distribuição do poder embora Armando Guebuza, o actual Chefe de Estado tenha colocado nas chefias intermédias uma substancial representatividade das principais etnias, com realce para a “makwa” a primeira em população e ao norte de Moçambique.

É imperioso para a FRELIMO que a sua liderança se desloque em definitivo e nos próximos anos do sul para o norte, pois o seu fundador Eduardo Mondlane, o primeiro Presidente do país, Samora Machel, o seu sucessor Joaquim Chissano são todos originários da província sulista de Gaza.O actual Presidente não esconde as suas raízes urbanizadas da então colonial cidade de Lourenço Marques hoje Maputo, capital da República, falando com naturalidade suas línguas linguas locais, e quase nada da terra que o viu nascer, Murrupula ,distrito da província nortenha de Nampula.Mas outras duas figuras se preparam para o assalto ao lugar de Presidente da histórica FRELIMO: Eduardo Mulémbwè, então Procurador Geral e quinze anos na Presidência da Assembleia da República, formado em direito e natural da maior província, Niassa. Outra que desponta ... Luísa Diogo. Fez uma dupla como Primeira Ministra nos três mandatos do Presidente - diplomata Joaquim Chissano , ainda hoje recordada com alguma saudade perante os actuais sistemáticos atropelos na gestão economica e relações internacionais. “Dona Lulu” assim como é conhecida, economista respeitada pelo FMI e Banco Mundial, onde num deles foi funcionária antes de abraçar a política, representa a mulher, a maioria do eleitorado e da central província carbonífera de Tete.

O interesse dos Estados Unidos da América, vai mais além do que ter a frente dos destinos de Moçambique uma figura de consenso político e religioso , mas sim que satisfaça algumas vontades do “tio Sam”. O petróleo,gás ,carvão mineral, urânio, rubis em toda a região centro norte é uma exigência da estratégia a médio e longo prazo. Não é por acaso que a transformação do base aérea de Nacala em aeroporto internacional, cujo valor de investimento supera ao do recém inaugurado aeroporto internacional de Maputo. Também estão atentos os senhores do capital internacional a toda uma região norte, decisiva no plano eleitoral e rampa segura para o desenvolvimento de Moçambique por muitos e muitos anos ,com excelentes polos de acesso ao mar, para navios de qualquer calado.

Aguardar!

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