sexta-feira, outubro 18, 2013

Quem ganha a guerra?Marceta ou Emílio?

Enquanto os políticos continuarem a mostrar falta de inteligência política para, de uma vez por todas, devolverem paz e estabilidade efectivas ao país, muitos moçambicanos inocentes e não só, vão morrendo nas perseguições, assaltos, emboscadas e tiroteios que vão acontecendo nalguns circunscrições do território nacional. Depois de Muxúnguè, Rio Save, Savane, Santugira, Padja(…), ontem foi a vez de Mucodza. As informações sobre o que efectivamente aconteceu ainda são contraditórias. Ou melhor, o Ministério da Defesa Nacional e a Presidência da República contam uma versão e a Renamo conta outra. As versões são diferentes porque cada lado tenta puxar a razão e as glórias para o seu lado, mas a verdade manda dizer que filhos da Pátria Amada perderam a vida em mais uma acção do que se pode considerar “brincar à guerra”. O Ministério da Defesa Nacional diz que um contingente seu foi emboscado na zona de Mucodza, próximo a Casa Banana quando ia a caminho da vila da Gorongosa. Diz que em reacção, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) abateram dois guerrilheiros da Renamo, feriram outros e capturaram um. Diz também que as FADM conseguiram recuperar número ainda não especificado de material bélico que estava na posse dos homens da Renamo. Entretanto, por sua vez, a Renamo diz que uma posição sua em Mucodza foi atacada pelas FADM quando simplesmente encontrava-se a comemorar mais um aniversário da morte de André Matsangaíce, o primeiro presidente da guerrilha da Renamo. Diz a Renamo que na resposta conseguiu expulsar as FADM, tendo ferido mais de 10 soldados. Isto é o que cada parte diz em relação a mais um triste e inaceitável acontecimento que vem atiçar ainda a tensão que o país já vive há mais de 1 ano. Não temos aqui o número total de mortos desde que há 1 ano o país entrou na tensão político/militar, mas, a verdade é que apenas por uma questão de capricho e teimosia estamos a deixar que vidas inocentes se percam sem razões objectivas para que isso aconteça. Todos os dias continuamos a ouvir dirigentes dos dois lados a lamentar e a condenar o que está por detrás das mortes. São lamentações e condenações que, em nenhum momento, devolvem as vidas que estão a ser perdidas. É preciso recordar que uma única morte evitável, deve chocar toda uma nação na medida em que são mulheres que ficam sem seus maridos e maridos que ficam sem suas mulheres, são crianças que ficam sem seus pais e pais que ficam sem seus filhos e, por aí em diante. Embora os nossos dirigentes políticos nos tenham já provado que o choro do povo não lhes diz absolutamente nada, gostaríamos de recordar a esses dirigentes político/governativos que não foram eleitos e escolhidos para lamentar mortes, mas sim, para criar condições que evitem as mortes. E aqui é necessário que tenhamos a coragem de dizer que tem maior responsabilidade em relação ao povo quem de facto recebeu a missão constitucional de proteger o povo. Quem de facto foi eleito pelo povo e do povo recebeu a missão constitucional de assegurar protecção e segurança no sentido de este mesmo povo poder fazer a sua vida normalmente. Aliás, o povo contribui todos os dias na criação de condições para que o governo e os governantes eleitos tenham condições objectivas para proteger o povo. É verdade que não estamos aqui a dizer que quem
tem poder efectivo deve, desde já, pegar em armas e atacar esta ou aquela posição de quem quer que seja. Estamos sim a dizer que a inteligência humana é para ser usada na plenitude e a bem da maioria (do povo) e, assim sendo, vários caminhos podem ser encontrados rapidamente para definitivamente acabarmos com esse “brincar à guerra”. Aliás, parece ser consensual, a ideia de que um encontro ao mais alto nível pode reduzir a tensão político/militar e evitar as mortes que contabilizamos todos os dias. A pergunta que todos fazem é: o que então falta? A resposta é simples: falta, nos políticos, capacidade e inteligência de saber descortinar brincadeira (ficção) de uma situação de confrontação real. O Presidente da República disse a 4 de Outubro que a linguagem belicista é para os filmes onde tudo é ficção. Nós acrescentamos: os tiroteios que assistimos todos os dias não são ficção, são verdadeiros e moçambicanos estão a morrer apenas porque os políticos querem exibir, desnecessariamente, a sua musculatura. Havendo consenso de que a paz está nas mãos de duas pessoas (Armando Guebuza Afonso Dhlakama) é momento de as duas figuras colocarem a sua mão na consciência e perceberem que, em última instância, são os dois grandes responsáveis e culpados pela situação actual. Mas, pensamos nós, o peso está mais do lado de quem foi efectivamente eleito pelo povo. Engolir mais um sapo a bem do “maravilhoso povo”, pode representar a colecta de grandes louros no futuro. Situação contrária pode igualmente colocar quem foi eleito pelo povo numa situação de vilão que, por causa de orgulho e capricho de querer apenas receber um compatriota seu no ar condicionado da Presidência da República, recusou totalmente ir buscar a paz nalgum outro ponto do imenso território nacional. Gorogosa e Santugira são regiões do território nacional e “a paz não tem sede” como, um dia, disse Raul Domingos.Paremos de “brincar à guerra, pois,conhecemos os seus efeitos devastadores!”(f.mbanze)

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