sexta-feira, outubro 25, 2013

EUA,Portugal e outros, não são sérios!!!

É tema incontornável, nos tempos que correm, a reposição da ordem, segurança e tranquilidade públicas, na região de Santunjira (ou Sandjujira...) pelas forças de defesa e segurança, num exercício normal de controlo da soberania do Estado. Porém, o que soa a anormal é o coro de críticas vindas dos habituais séquitos da desgraça, para quem o certo se confunde com o que vai egoisticamente nas suas mentes. Não me parece defensável este titânico, mas inglório exercício de apelo à amnésia colectiva, como se de uma cooperativa de raciocíniose tratasse, à imagem dos seus defensores.
É imperioso, portanto, fazer uma resenha cronológica dos acontecimentos vividos na região centro do país, para perceber que as críticas de hoje são a prova inequívoca de se usar um peso, duas medidas. Após a humilhante derrota que Afonso Dhlakama teve em 2009, reconhecendo a sua insignificância no cenário político nacional, o homem preferiu refugiar-se em Nampula, sem nunca deixar de proferir impropérios contra as instituições legitimamente constituídas, de premeio, com ameaças de destabilizar o país, supostamente por não reconhecer o Governo. Assistimos, a seguir, a concentrações militares dos soldados da Renamo, num claro desafio à autoridade do Estado e, não tendo logrado os seus intentos, Dhlakama preferiu (?) ser sequestrado em Santunjira, donde foi aumentando o tom das suas ameaças.  Pensou Afonso Dhlakama que este exercício condicionaria o funcionamento normal do Estado, olvidando que o povo moçambicano tem uma agenda claríssima. Eis que o nosso homem passou para a materialização de ataques contra alvos civis e militares, perante tamanha paciência demonstrada pelo Comandante-chefe das Forças de Defesa e Segurança.  Lembro que o primeiro acto concreto de banditismo foi anunciado por Manuel Bissopo, seguindo-se a ajuntamentos e demonstrações militares e, para finalizar, Gerónimo Malagueta, através de um comunicado anunciava o bloqueio da N1, entre Muxúngue e Rio Save, “apelando” aos moçambicanos a evitarem aquele troço.
Efectivamente:
  • No dia 4 de Abril de 2013 a Renamo atacou o Posto policial de Muxúngue, tendo morto 5 polícias.
  • No dia 7 de Abril a Renamo voltou a incendiar viaturas de civis, na Estrada Nacional nº 1.
  • Para não variar, a Renamo atacou o paiol de Savane, em 19 de Julho, matando 7 militares.
  • Não satisfeita com o desenvolvimento do país, o partido de Afonso Dhlakama assaltou posições das FADM em Samacuze, ferindo militares destas, em 27 de Setembro.
  • Em 4 de Outubro – talvez não satisfeita com a paz – a Renamo atacou as FADM em Muxúngue
  • Em 21 de Outubro, respondendo a mais um ataque da Renamo, as FADM tomam o controlo da Base/Academia/Residência Oficial do líder da Renamo, da qual Afonso Dhlakama saiu em debandada.
Para a surpresa colectiva, veio a Embaixada dos Estados Unidos, de Portugal e algumas organizações que sempre se arrogaram de exclusivamente personificar a sociedade civil, vieram condenar a suposta violência protagonizada pelas Forças de Defesa e Segurança, como se estivessem a agir fora do que se deve esperar da parte delas. É estranho que para as entidades acima citadas a crítica à violência só faça sentido quando forças com poder legitimado repõem a ordem, segurança e tranquilidade públicas. Será que o sangue derramado por forças estranhas ao nosso processo de desenvolvimento é menos valioso que a antiga base de Dhlakama? Espanta-me que este choro colectivo venha em defesa de quem não quer conformar-se com o quadro legalmente instituído e use a força e a selva como meios de sobrevivência política. Mesmo quando actos de banditismo puro da Renamo recomendavam tratamento mais incisivo, o Presidente Armando Guebuza soube manter a calma e se mostrou disponível para ouvir as preocupações de Afonso Dhlakama e remeter aos órgãos competentes. Mas numa atitude de pura arrogância e prepotência, o líder da Renamo sempre pensou que era mais forte que o Estado, preferindo lançar impropérios contra a nossa paciência. Entretanto, hoje muitos saem a condenar e a pressionar o Chefe de Estado para que haja diálogo.
Onde é que estavam essas entidades quando civis e inocentes morreram ao longo da Estrada Nacional nº 1? Onde è que estavam quando bens privados e públicos foram pilhados? Estas entidades perderam tempo e acobertando o discurso e actos sanguinários da Renamo e Afonso Dhlakama e hoje aparecem a dizer há guerra porque a base da RENAMO foi tomada?
Até podem ter razão, mas estão largamente atrasados. A RENAMO violou os direitos humanos, pilhou bens, hoje o que está a acontecer é exactamente aquilo que nãoquiseram evitar. Todos os que hoje choram o assalto a Santunjira ignoraram, num passado recente, a morte de civis inocentes. Se estão comprometidos com a paz que sejam coerentes e não usem um peso, duas medidas.
Quosque tandem Renamo abutere patientia nostra? (Até quando a Renamo continuará a abusar a nossa paciência?)
Até breve.
Alexandre Chivale (advogado)

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