quinta-feira, março 28, 2013

A volta do torrão de açucar


 vésperas da última quadra festiva o Vice-Ministro do Interior, José Mandra, visitou a província de Inhambane. A principal mensagem que transmitiu às forças policiais e paramilitares, cujos postos de trabalho localizam-se na Estrada Nacional Numero Um, foi que deixassem as pessoas circular livremente.Mandra disse-o e repetiu-o tantas vezes por todos os locais por onde passou. Esta mensagem era uma réplica do que o director nacional das Alfândegas apelou no lançamento da operação “Karibu”, em Dezembro passado.O período do “Karibu” passou e parece que tudo voltou à estaca zero na principal rodovia do país, troço que atravessa a província de Inhambane, onde fiscais de algumas instituições de Estado, sem serem acompanhados pela Polícia de Trânsito, sem que tal se justifique tal como ressalvou José Mandra, montam na EN1 controlos para tudo e todos.Aliás, em Dezembro, durante a vigência da operação “Karibu”, Pambara, 30 quilómetros depois de Mapinhane e quilómetro e meio do desvio para a vila de Vilankulo, chegou a ser apelidado de zona perigosa, porque um forte dispositivo das Alfândegas não deixava respirar ninguém. Todas as viaturas eram fiscalizadas até ao pormenor e os automobilistas eram obrigados a explicar com detalhe eventuais falhas no registo das viaturas, entre muitas coisas que eram questionadas. O mais caricato é que, das tantas vezes que vi os funcionários das Alfândegas naquela zona, não tinham a companhia quer da Polícia da Protecção muito menos da Polícia de Trânsito.
Para mandar parar as viaturas, o funcionário das Alfândegas, trajando o seu uniforme sem reflector, “espetava-se” no meio da estrada e obrigava as viaturas a parar. Que o diga o 1º secretário do Comité Distrital da Frelimo, em Vilankulo, que, conduzindo a sua viatura, quase “limpava” aquele agente, pois só se apercebeu da obrigação de parar num controlo inexistente a escassos metros, situação agravada pela maneira arrogante com que o agente alfandegário actuava. Esta triste cena aconteceu muitas vezes, da mesma maneira e no mesmo local. Pambara tinha ou tem uma “cancela” invisível, pois os fiscalizadores exercem as suas actividades às escondidas, dado que optam por escolher as viaturas a dedo, de preferência com matrícula estrangeira ou com a nova matrícula nacional.Terça-feira da semana passada, fiquei escandalizado quando encontrei uma fila de viaturas em Nhachengue, a cerca de 67 quilómetros a norte da vila da Massinga a serem fiscalizados. Dois homens trajando uniforme das Florestas e Fauna Bravia estavam com documentos dos automobilistas, cujas viaturas estavam imobilizadas. Mas, mesmo assim, um dos elementos ainda mandou parar a viatura onde eu viajava, só que logo depois mandou passar. Dia seguinte, quarta-feira, dia 20 de Março corrente, cerca das 18.30 horas, a operação continuava no mesmo local e ninguém passava sem ser fiscalizado, não interessa se transportava ou não produtos florestais.Caricato para a operação “Nhachengue” é que naquela região funciona um posto policial, mas nem um “cinzentinho”, como se diz na gíria popular, andava por perto para credibilizar a actividade daqueles fiscais.O meu espanto é que à saída da vila da Massinga, metros depois do chamado mercado Rita, já estava um controlo de fiscalização de membros da Polícia de Trânsito devidamente uniformizados com sinais luminosos. A brigada, composta por cinco agentes da Polícia, incluindo a Polícia de Protecção, esteve a fazer o seu trabalho normalmente e só recolheu depois das 20.00 horas, levando um mini-“bus” que não estava documentado.A questão que levanta muitas suspeitas na actuação daquelas forças paramilitares é o facto de trabalharem isolados dos membros da PRM, cuja missão é, de facto, mandar parar viaturas na via pública. A Polícia de Protecção, disse José Mandra, se a situação se justificar, pode mandar parar viaturas.Porque é que as Alfândegas actuam sozinhas? Porque é que os fiscais das Florestas e Fauna Bravia não querem a Polícia de Trânsito na sua actividade? Ninguém está contra qualquer actividade que seja de fiscalização, mas é necessário evitar qualquer oportunismo. Nas minhas andanças pela província dentro, tenho visto carros-patrulha da Polícia de Trânsito que não têm um lugar específico para trabalhar. Quanto a isso não há problemas, mas o exercício da actividade de fiscalização sem sinalização e sem agentes de direito para ordenar a paragem de viaturas é uma actuação que levanta suspeitas.(Por Victorino Xavier)

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