terça-feira, fevereiro 26, 2013

Quando mal resolvido,vira "problemão"

 As Comunidades Islâmica e maometana de Moçambique encontram-se a juntar elementos para processar o Estado moçambicano em  tribunais internacionais, na sequência dos constantes raptos dos  empresários membros daquelas comunidades, segundo fontes internas dessas comunidades. O último sequestro ocorreu ao  princípio da noite da passada semana na baixa da cidade de Maputo, concretamente na Rua da Mesquita, em frente da porta da mesquita da baixa, em que a vítima foi o empresário moçambicano de origem asiática, Rachid Takdir, mais conhecido na sua comunidade pelo nome de “Galinheiro”.Fontes daquelas comunidades garantiram “à nossa Reportagem” que    preparação para processar o Estado moçambicano, devido à onda de sequestros de que têm vindo a ser vítimas, desde há cerca de dois anos, alegadamente pela ineficácia do Estado moçambicano em travar a onda dos raptos mas sobretudo pela incapacidade de esclarecer os casos.De acordo com as fontes, os membros daquelas comunidades estão agastados e indignados com o silêncio do presidente da República, Armando Guebuza, que em Agosto do ano passado, depois do encontro com os dirigentes do “Movimento Islâmico”, garantira que iria pessoalmente envolver-se para que se resolvesse a questão dos raptos.“Ele (Guebuza) continua no silêncio como se nada estivesse a acontecer. Acreditamos que alguém ao mais alto nível deve estar a beneficiar-se desses  raptos”, disseram as nossas fontes.“Há uma grande movimentação  para processar o Estado moçambicano nas instâncias judiciais internacionais. A nossa comunidade já  contratou advogados que estão a  reunir os documentos para accionar um processo contra o Estado.  Os muçulmanos pretendem também denunciar a cumplicidade do  Governo moçambicano nas Nações  Unidas”, disseram as nossas fontes. Na verdade, as Comunidades muçulmana, hindu e ismaelita de Moçambique ameaçaram em Agosto do  ano passado lançar uma campanha  de desobediência civil à escala nacional, por causa dos sequestros.  Foi dito na ocasião, que as comunidades iriam levar a cabo manifestações, uma greve geral do comércio  e indústrias e serviços sob controlo  de membros dessas comunidades,  uma marcha em direcção ao Ministério do Interior e uma campanha  de desobediência fiscal. Nada disso aconteceu na esperança do Governo agir. Mas até agora os raptos  continuam e o Governo não conseguiu esclarecer um único caso. Em apenas dois anos, mais de 30 membros da comunida de muçulmana foram sequestrados em Maputo e milhões de  dólares foram pagos de resgate. Quando as comunidades admitiam paralisar as suas actividades  económicas, para impedir que as  ameaças daquelas comunidades se  concretizasse, o presidente Armando  Guebuza, que na altura se encontrava na cidade municipal da Matola  a dirigir a reunião do Comité Central da Frelimo em preparação do X Congresso, na qualidade de presidente daquela formação politica,  abandonou o evento para se reunir  com os elementos das organizações muçulmanas de Moçambique. O encontro de alto nível surgira depois do anúncio de uma  onda de protesto da comunidade  que iria começar no dia seguinte. O presidente Armando Guebuza  recebeu a delegação da comunidade  muçulmana do país, cujos pontos da  agenda eram os protestos anunciados  por esta comunidade, tais como uma  greve do sector empresarial e manifestações nas 11 capitais provinciais  de Moçambique a 1 de Setembro. Na circunstância, Armando Guebuza oferecera garantias aos elementos presentes na reunião do seu  “comprometimento pessoal” para  resolver a problemática dos sequestros que têm vindo a assolar a comunidade muçulmana moçambicana. Depois do encontro com o chefe de Estado e presidente do partido Frelimo, as organizações muçulmanas decidiram suspender a greve do sector empresarial que estava prevista para o dia seguinte. Agora dizem estar indignados com “o silêncio cúmplice do presidente Armando Guebuza”, ameaçando processar o Estado moçambicano “por causa da incapacidade das instituições estatais”. Uma fonte do Ministério da Justiça disse que nos últimos dias os  sequestros não têm afectado as comunidades ismaelitas e hindus. Mas membros das comunidades muçulmanas continuam a ser raptados. Os muçulmanos ameaçam retirar do país todos os investimentos  aplicados por falta de segurança.  Segundo a mesma fonte, em Cabo Delgado, uma dessas comunidades  ordenou o encerramento de um banco seu em concretizando as ameaças. “Eles, inclusive, já foram marcar  audiência com o Presidente da República para lhe dizerem que vão  retirar os seus investimentos, caso  a situação dos raptos prevaleça.  Disseram que não estavam para  brincadeiras, por isso os raptos contra ismaelitas e hindus  reduziram”, concluiu a fonte. De recordar que em Moçambique  não existe uma lei contra raptos. Apenas existe uma lei que penaliza  o cárcere privado. (B.Álvaro)

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