quarta-feira, fevereiro 06, 2013

7 mil afectados e + 10 pessoas mortas! É pouco “mano Mané” ?

Como um político da nova geração, com o alto nível de instrução, exige-se que Manuel de Araújo seja portador de sinais de esperança. Que seja uma fonte de inspiração para que os mais jovens se interessem pela política e devolvam à política a nobreza que ela merece. Para que isso aconteça, o país precisa de políticos diferentes dos que temos hoje.  Causou indignação geral o facto da Presidência da República, o Governo e a família Guebuza terem tomado a triste decisão de oferecer o mega-almoço de celebração dos 70 anos de vida de Armando Guebuza, numa altura em que compatriotas nossos se afogavam em consequência das cheias que fustigam o país. Este acto condenável teve até direito a honras televisivas para que os moçambicanos, incluindo as vítimas da cheias, pudessem acompanhar este momento de celebração do Presidente Guebuza juntamente com os seus 1 000 convivas.A oposição, aproveitando-se deste facto, desdobrou-se em moralismos até certo ponto excessivos para condenar a atitude do Presidente Guebuza. Chamaram nomes ao Presidente da República e sua família. 
Não é que para o meu espanto, tomei conhecimento, através da STV, que Manuel de Araújo,(carinhosamente chamado Mano Mané) edil de Quelimane,
militante do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) está a gastar um milhão de meticais para realizar uma festa popular denominada “Carnaval Chuabo”.Não tenho nada contra as festas populares e acho de bom tom que os governantes apoiem as manifestações populares e o carnaval de Quelimane é uma marca indelével na cultura do povo de Quelimane. Entretanto, é do conhecimento de todos nós que o município de Quelimane e seus munícipes foram afectados pelas cheias e há, neste momento, pessoas que estão a atravessar momentos dramáticos, e não me parece razoável que Manuel de Araújo, na sua qualidade de edil, tire dos cofres municipais um milhão de meticais para promover festas.O mais sensato na minha opinião seria adiar o carnaval, em consequência das cheias na província da Zambézia, incluindo o município de Quelimane. Manuel de Araújo, na sua qualidade de governante, deve ser solidário com outros compatriotas seus em Gaza, Maputo e Sofala que perderam tudo. Mas não é o que está a acontecer. Só na Zambézia, há mais de sete mil pessoas afectadas e mais de 10 pessoas morreram em consequência das cheias! É pouco senhor presidente Manuel de Araújo?
Da mesma forma que a oposição e outros sectores de opinião habituados a criticar Armando Guebuza, a Frelimo e o Governo, espero que tenham a mesma coerência e denunciem este acto simplesmente escandaloso e vergonhoso. De uma figura como Manuel de Araújo, com reconhecido percurso académico e intelectual, era de esperar uma outra forma de estar na política. O recurso a camisetas, música, danças e bebedeiras não pode continuar a ser o expediente político mais apetecível para captar votos por parte de políticos moçambicanos. A política precisa de ser um espaço de trabalho e de debate de ideias e não um espaço para a promoção da bebedeira, do ócio e da estupidificação da sociedade e dos mais jovens em particular.   Como um político da nova geração, com o alto nível de instrução, exige-se que Manuel de Araújo seja portador de sinais de esperança. Que seja uma fonte de inspiração para que os mais jovens se interessem pela política e devolvam à política a nobreza que ela merece. Para que isso aconteça, o país precisa de políticos diferentes dos que temos hoje. Precisa de verdadeiros servidores públicos e não estes que hoje abundam no espaço público que usam o Estado e o povo para dele se servirem. Precisa de gente qualificada que faça uma gestão correcta dos bens públicos e faça a devida prestação de contas.
O país não suporta mais políticos que são avessos à prestação de contas e têm na desorganização organizada o seu modus operandi para pilhar cada vez mais ao povo moçambicano.  O país precisa de mais trabalho e menos festas e, já agora, menos feriados e pontes. Precisamos de políticos trabalhadores e não aqueles que ficam um dia inteiro a desfilar pelas ruas da cidade em nome de carnaval.   Precisa de políticos trabalhadores, mais sensíveis, e não estes que sobrevoam zonas inundadas de helicópteros e montam palanques para fazer comícios dizendo ao povo que há cheias no país porque somos pobres. Precisamos de sinais de esperança já!   Aos autarcas dos partidos da oposição, exige-se seriedade e mais rigor na gestão da coisa pública. Precisam de mostrar que são diferentes da actual governação da Frelimo, em que, em muitas ocasiões, escasseiam exemplos de moralidade e ética pública ao mais alto nível da Governação! (J.B.soico)

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