Nunca imaginei que um aeroporto com estatuto de internacional como o da Beira pudesse funcionar sem água. Ao ser surpreendido com essa situação incrível, não consegui disfarçar a minha indignação. Foi num dia recente, estava eu e alguns colegas de profissão à espera da chegada de uma individualidade que iria conceder uma conferência de imprensa. Nesse mesmo dia, também havia alguns responsáveis e não só que esperavam pelo desembarque da referida personalidade. Todos, eles e nós, tivemos que permanecer horas a fio naquele aeroporto, devido aos sucessivos adiamentos da chegada do avião da LAM, ido de Maputo.A longa permanência naquele local fez com que as pessoas frequentassem muitas vezes os urinóis, vulgalmente conhecidos por casas de banho. Aqui, entretanto, deparavam-se com uma situação anómala, pois as torneiras não jorravam sequer uma gota de água.Quem não tivesse tempo para reparar para algum canto, onde estavam colocados alguns recipientes, saía sem lavar as mãos, muito menos pôr água no urinol usado e o resultado disso era o cheiro nauseabundo que obrigando os utentes a tapar as narinas.Como se isso não bastasse, alguns dos recipientes colocados para a provisão de água estavam vazios. Aliás, noutras casas-de-banho sobravam algumas gotas de água, mas esta estava suja, o que dava a entender que já tinha usada várias vezes.As instituições instaladas no primeiro piso são as que mais sofrem, pois mesmo para confeccionar refeições têm que desenrascar água algures contendo-a em recipientes. Esta situação prevalece há já mais de um mês e, conforme informações apuradas na ocasião, a água não jorra das torneiras por causa das obras de reabilitação que decorrem naquele aeroporto.Para tirar a água dos recipientes colocados nas casas de banho recorre-se a bidões cortados, sem o mínimo da estética recomendada para a dignidade de um aeroporto que se afirma ser internacional. Em jeito de comentário, alguns passageiros que estavam à espera de seguir viagem, deploraram e criticaram o facto daquele aeroporto, com o estatuto que ostenta, funcionar sem água para as mais diversas necessidades. Eu também alinho pelo mesmo diapasão e apelo no sentido de esta vergonha ser superada o mais urgente possível, na medida em que põe em perigo a saúde pública.(DM)