segunda-feira, junho 13, 2011

Investimos e depois mandamos come-los

O antigo primeiro-ministro no Governo de Samora Machel, Mário Machungo, reconhece ter cometido erros durante o período que era alto dirigente do Estado, mas também diz ter feito boa coisa para salvar a economia do país ao recusar-se a seguir algumas intenções relativas a privatizações manifestadas pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), na década 80.O Dr. Mário Machungo é actualmente PCA do ‘Millennium-bim’. Afirmou, numa intervenção numa sessão do ‘Observatório Rural’, que como primeiro-ministro liderou uma campanha de mobilização de camponeses na província de Gaza, para a criação de coelhos e patos em grandes quantidades. Segundo disse, este projecto falhou porque o Governo não tinha planos concretos com estes animais.Falando no seminário subordinado ao tema ‘Perspectivas do Desenvolvimento Rural’, organizado pelo Observatório sobre o Meio Rural, Machungo referiu ainda que quando os camponeses disseram que já tinham patos e coelhos, a resposta do Governo foi que deviam comer. Por seu turno, os camponeses retorquiram que não precisavam de criar coelhos nem patos para comer, pois havia muitos coelhos na floresta que podiam ser caçados para alimentação. “Cometi erros quando era primeiro-ministro”, reconheceu a propósito do exemplo dado.Num outro desenvolvimento, Mário Machungo disse que quando era primeiro-ministro defendeu, com ‘dentes a garras’, a não privatização da indústria de caju que empregava milhões de moçambicanos. Afirmou que, porque naquela altura havia coerência entre os ministros, nenhum governante doutro pelouro aceitou a privatização do sector do caju.“Quando eu era primeiro-ministro nem me recordo quantas vezes recebi cartas do Banco Mundial a falar-me da privatização da indústria do caju. Sempre respondi que o Banco Mundial não podia dar-nos lições sobre a economia do caju, pois nós é que somos os pioneiros na produção da castanha de caju”, disse Machungo.Foi durante o seu primeiro mandato como primeiro-ministro, que Moçambique deu os primeiros passos no Programa de Reabilitação Económica (PRE), em sequência de negociações com o FMI e o Banco Mundial, que culminaram abrindo-se as portas à iniciativa privada em Moçambique.O ex-primeiro primeiro-ministro do País criticou a falta de coerência nos discursos actuais de dirigentes,: “apareceram em 1990 e aceitaram privatizar o sector de caju e seguiu-se um carnaval de privatizações”. (Cláudio Saúte)

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