quinta-feira, setembro 16, 2010

Nunca imaginei gerar um filho presidente

De uma invejável longevidade, dona Marta, como sempre foi tratada pelos familiares mais chegados e não só, fez esta confissão durante a cerimónia que marcou a passagem dos seus 95 anos de vida, que, juntando familiares e amigos que, com ela, cantaram parabéns e cortaram o bolo de circunstância. Apesar de nonagenária, a mãe do presidente fala e gesticula num à-vontade, notando-se-lhe ao mesmo tempo uma natural capacidade de rebuscar pela memória, sem nenhum esforço, algumas das passagens mais significativas da vida até gerar o Armando, que hoje é o mais alto magistrado da nação moçambicana. Conta ela que a sua vida, como a de uma outra qualquer mãe da sua geração, foi marcada por bons e maus momentos, alguns dos quais, para a sua alegria, mais tarde transformaram-se em vitórias, como é o caso de ter conseguido educar os filhos que hoje constituem um forte motivo de orgulho como mãe educadora. Como é de calcular, o dia de ontem não era muito dado a discursos nem a recordações de coisas acontecidas há décadas. Mas Vovó Marta acedeu contar um pouco do peso que ela também sente em ter um filho que é presidente da República. Reconhece que não seria fácil para ninguém dirigir um país tão grande e com problemas do tamanho do próprio país, mas acredita igualmente com fé e crença em Deus que o filho vai conseguir dirigir este barco a bom porto. E em seguida explica-se: "Recordo-me quando ele (Armando) veio me comunicar que tinha sido escolhido para o cargo de chefe do Estado, e que ao mesmo tempo se considerava muito novo para tamanha responsabilidade. Eu respondi-lhe que devia entregar tudo às mãos de Deus". Ainda neste capítulo da fé em Deus e socorrendo-se das escrituras bíblicas, como devotada religiosa, recordou ao filho que quando o Rei David, de um total de seis irmãos, sendo ele o mais novo, foi escolhido para dirigir o povo de Israel, foi bem sucedido porque, antes de mais, aceitou entregar tudo às mãos de Deus. Recuando um pouco sobre a infância de Armando Guebuza, a mãe disse que ele teve um crescimento igual a de outras crianças moçambicanas, sublinhando que o que lhe diferenciava de muitos outros meninos da sua idade, era a inteligência com que assimilava a matéria na escola. "Ele foi sempre um menino inteligente e desembaraçado. Era, por isso, por todos, incluindo os pastores da igreja onde rezava que sempre me chamavam a atenção para seguir com muito zelo os seus estudos, porque, segundo eles, já revelava, nessa altura, notáveis sinais de inteligência". Marta Guebuza, nasceu na província de Gaza, posto administrativo de Chonguene, povoação de Ncavelene, veio a Maputo muito nova, depois da morte do seu pai. Foi educada na Igreja Presbeteriana (Khovo), onde conheceu Emílio Guebuza, com quem contraiu matrimónio em 1929. O seu marido viria a perder a vida em 1968, situação que lhe obrigou a redobrar esforços para educar e alimentar os seus filhos que haviam ficado órfãos de pai.

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