sábado, setembro 18, 2010

Amargo na boca

Segundo titulou o Jornal - O País - o aumento dos preços, sobretudo do combustível, decretado pelo governo de Moçambique e que levou a confrontos na semana passada em Maputo, obedece a uma promessa de três anos ao Fundo Monetário Internacional (FMI), explicou Edward George, economista chefe do departamento de África da Economist Intelligence Unit, à "Lusa" citada pelo canal. Efectivamente, esta é que é a grande verdade! Temos um Governo que gosta muito de falar de patriotismo e auto-estima, mas que na verdade está "amarrado" pelas goelas ao FMI e Banco Mundial. E o pior, nao é capaz de explicá-lo sinceramente ao seu POVO. Prefere manter as aparências do que nunca foi. Porque aí perceberiamos todos que a solução para Moçambique é afastar-se definitivamente do crédito bonificado de Bretton Woods. Mas também, não nos enfiarmos alternativamente na boca do Dragão. Os créditos leoninos de Beijing ou de qualquer outro parceiro bilateral que prometem milagres económicos à velocidade da luz. Porque vendem irremediavelmente a nossa soberania e hipotecam gerações de moçambicanosn a uma factura cuja origem desconhecem e jamais conseguirão pagar. Porque o importante é um país como Moçambique ir ao mercado financeiro negociar livremente os termos de empréstimos mais vantajosos directamente om a Banca Internacional, mas para isso, é preciso riar o Ambiente ou Clima como queiramos, para que alguém se atreva a emprestar-nos dinheiro. E isso assa por Justiça eficiente, Boa governação, Bom ambiente e negócios e Procedimentos de trabalho rápidos e eficientes em todas as franjas da sociedade, orque nós, e não ELES é que o queremos. Poder-se-á dizer que isto são autênticos chavões dos manuais e Bretton Woods, pois claro, mas também são, ronicamente, o âmago da questão, provando que a elhor mentira é sempre aquela que está mais próxima da verdade. Porque só assim a soberania será uma palavra com sentido lato em Moçambique. Porque inaceitável esta situação para um país como Moçambique, ue não é nem pobre em recursos, nem em massa crítica, mas que só tem o infortúnio de obedecer maus líderes que abusam do slogan "estamos a envidar esforços". Pois como diria Churchill: É inútil dizer "estamos a fazer o possível". Precisamos de fazer o que é necessário. E o necessário é ter soberania inalienável sobre dois sectores em particular: a ÁGUA e a ALIMENTAÇÃO. Os próximos conflitos armados da humanidade serão em volta disto e não dos combustiveis fósseis ou vegetais. É preciso perceber as causas da erosão do controlo local e nacional dos nossos sistemas de produção alimentar. Moçambique já foi um celeiro na África Austral. O país ainda é o mesmo. As pessoas é que não. Não se deve por isso, ficar amarrado a soluções de curto prazo e proximidade, mas criar equipas especializadas para seguir em permanência a evolução política e económica do complexo agro-alimentar global. Perceber porque más decisões dos nossos líderes nos colocaram na dependência do volátil mercado global e sujeitos aos lucros pornográficos das manipuladorasn multinacionais agro-alimentares. É vital determinar o caminho certo para prever tumultos causados por legiões de esfomeados, quando noutras partes do mundo se deitam fora (ou se queimam em incêndios florestais) os excedentes alimentares, para manter os preços no mercado e alimentar a ganância de 500 famílias milionárias da humanidade. O impacto dos biocombustiveis no estabelecimento de uma situação artificial de carência no mercado, e o uso de cereais geneticamente modificados para potenciar as vendas da indústria farmacêutica internacional - o plano B do Capital – quando o preço do crude baixa. Saber o que realmente está por detrás do famoso discurso da "Revolução Verde" em África. Quem são os tais "investidores samaritanos" que se dizem dispostos a apoiar esse esforço em África. Não estaremos a alimentar Lobos em pele de Cordeiro? Compreender por que milhares de iniciativas isoladas de sucesso na agricultura de baixa escala no hemisfério sul são sistematicamente ignoradas pelo FMI e o Banco Mundial, supostamente por causa da questão da propriedade da TERRA, como se isso fosse verdade. Porque é que o problemas são comuns em todos os países, e não apenas naqueles - como Moçambique - onde a terra não se vende? E o que efectivamente estão milhares e milhares de ONGs, associações de agricultores, sociólogos, consultores, cujos honorários custam mais de 60% das ajudas ao desenvolvimento da UE, EUA, Japão e outros. O que estão a fazer para debelar o problema da fome global? Porque até agora, muito papel escrito, conversa e poucos resultados concretos. Finalmente, deve-se democratizar os sistemas alimentares mundiais. Promover o conhecimento agrícola para todos, mas sempre pelo respeito da ecologia. E porquê? Porque o problema da fome mundial não radica na falta de alimento no mercado, mas sim nas regras da Organização Mundial do Comércio e na Bolsa Internacional. É preciso criar grupos de pressão permanentes e deslocá-los para o hemisfério norte para advogar pelo diálogo, transparência e mudanca das REGRAS que actualmente barram a iniciativas agro-ecológicas, único caminho para construção de uma plena soberania alimentar em Moçambique. O terreno de batalha passou a estar agora lá. Em suma, fazer o necessário dando um bom exemplo ao "maravilhoso povo" como filhos da terra. E nunca o contrário...

(opinião de: Ricardo Santos /analista de sistemas)

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