quarta-feira, setembro 01, 2010

Recordando David Aloni

O académico e quadro sénior do partido Renamo (falecido em Agosto do ano passado ), então membro do Conselho de Estado numa longa entrevista ao MAGAZINE, acusou o Presidente da República de ser prepotente e arrogante, cujo comportamento “vai incendiar Moçambique a qualquer momento”. Aloni recorda os momentos críticos da Frente de Libertação de Moçambique sem deixar de manifestar a sua preocupação em relação ao estágio actual do País, pois para ele, Moçambique está a mudar para o abismo. “Se continuarem fechados, empurrando o diálogo para o lixo, o que não acontecia na governação de Joaquim Chissano, a situação vai ficar feia”,

MAGAZINE: O Presidente Armando Guebuza, durante as celebrações dos 45 anos da Frelimo disse que não há razões para se voltar ao monopartidarismo...

Isso é conversa fiada. É uma afirmação para enganar o outro, pois eles estão a conduzir o País para uma situação a que chamo altamente perigosa. Tudo indica que pode rebentar uma convulsão social e política de consequências imprevisíveis. Numa das intervenções desse mufana, Edson Macuácua, diz que a Frelimo “é o partido do povo para o povo”. O que é que ele está a dizer? Eles pensam que nós estamos a dormir? Pelo menos eu não estou. Falar de “partido do povo para o povo”, é o mesmo que dizer um partido de todo o povo moçambicano, um partido aglutinante, de que todos nós fazemos parte. E no substrato de um partido aglutinante, o que é que está lá é o monopartidarismo, totalitarismo. É preciso prestar muita atenção ao que dizem. Um parênteses: aqueles números da composição da Comissão Nacional de Eleições significam o processo de triunvirato; pois nota-se uma hegemonia de uma determinada região sobre outras, o que é perigoso. Devo dizer que com a situação que o País atravessa, de enormes dificuldades, há maior probabilidade de se incendiar um barril de pólvora que, a qualquer momento, poderá explodir. E a explodir, não sei quem vai aguentar os efeitos. Ilusoriamente, a comunidade internacional continua a dizer que Moçambique é um exemplo de reconciliação nacional. Onde está essa reconciliação nacional? É uma reconciliação fictícia e teórica. Esta não interessa, porque queremos uma efectiva. Se Guebuza continuar com a atitude arrogante, o País pode arder, sim! Se continuarem fechados, empurrando o diálogo para o lixo, o que não acontecia na governação de Joaquim Chissano, a situação vai ficar feia.

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