quinta-feira, julho 01, 2010

Só querem viver do roubo

Manuel António é um antigo combatente pela libertação do país. Foi governador da província de Manica e Ministro do Interior. Uma personalidade incontornavel na história de Moçambique e que hoje 35 anos de independência nacional, não se esquiva de questões que no passado eram problematicas para a classe dirigente. Confrontado com a opinião que defende que a existência dos campos de reeducação , permitiu o recrutamento de pessoas para a guerrilha de desestabilização (1997), respondeu ao Diário de Moçambique (DM) que estes foram criados para recuperar as pessoas consideradas ideologicamente perdidas, para serem úteis a sociedade. “Todos temos que trabalhar, não pode haver uns que o fazem e outros que se espreguiçam e só querem viver do roubo e da mendicidade”. Sobre a necessidade de se voltar aos tempos dos grupos de vigilância, o coronel na reserva disse que “ penso que não é bem voltarmos àquelas estruturas, mas devemos é adoptar outros métodos de trabalho mas com as mesmas funções, porque hoje não há um controlo eficaz das pessoas. infelizmente existem aqueles que sobrevivem de forma duvidosa e é preciso que haja vigilância. O Estado e o Governo devem procurar maneira de enquadrar todos os moçambicanos e nenhum deve ficar de fora. Quando a pessoa não está ocupada, planifica a criminalidade”. Foi questionado pelo jornalista Alberto Chissico se no contexto actual de democracia multipartidaria era possível a Frelimo fazer a mobilização de todo o povo como acontecia no passado. “Concordo que essa democracia tem que existir, mas ele tem que ser construtiva. Construtiva no sentido de corrigir o que está errado. Não deve ser uma democracia ambiciosa, em que os que querem chegar ao poder usam todos os meios mesmo os não lícitos, para desalojar quem está lá. Se for essa a democracia que se pretende, não iremos longe”. Em relação a corrupção, Manuel António tem uma receita: “Devem ser tomadas medidas drásticas. Há falta de coragem para combater esse mal. Estão sendo tomadas algumas medidas administrativas, mas muito poucas. Onde há medidas administrativas (fortes) ninguém se atreve a pisar o risco. Hoje o ladrão sente-se mais protegido na policia. Ele devia é ter medo e fugir da policia, mas faz o contrário, porque na esquadra sente-se em segurança.O Ministério do Interior e a Procuradoria Geral da República ainda não encontraram medidas próprias para lidarem com a criminalidade e a corrupção”. Manuel António nasceu em Nova Sofala, distrito do Búzi, província de Sofala. Viveu e cresceu na sua localidade, depois foi para a cidade da Beira, donde saiu em 1965, rumo a Tanzânia, onde se engajou na Frelimo, tendo participado na luta de libertação nacional.

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