segunda-feira, abril 22, 2013

Vale com medo de oleiros, para de exportar carvão


A polícia moçambicana deteve o líder de oleiros em Cateme, na província ocidental de Tete, que na semana passada bloqueou a circulação do carvão da mina de propriedade da gigante  mineração brasileira Vale, mas libertou-o  domingo depois de uma manifestação em frente à delegacia de polícia. Os oleiros  reassentados em Cateme,  afirmam que a Vale  renegou as suas promessas de compensação. De acordo com os manifestantes a Vale tem que pagar a cada um deles 120 mil meticais (cerca de 3950 dolares). Mas a Vale diz que o número real é de 60.000 meticais que foi pago na íntegra.Na semana passada, centenas de oleiros bloqueou a entrada da mina da Vale, interrompendo momentaneamente o transporte de carvão por via ferroviária. Quando a polícia prendeu o líder dos manifestantes, 43 anos de idade, Refo Agostinho, os seus apoiantes alegaram ser  uma tentativa de intimidá-los de modo a não haver mais bloqueios. Eles alegaram que a polícia prendeu Agostinho, embora  não tivesse mandado de prisão.De acordo com um relatório na edição de segunda-feira do diário independente "O País", no domingo, os oleiros reuniram-se em frente ao comando da polícia do distrito de Moatize, exigindo a libertação de seu líder. "Nós não saimos deixando sem Refo", disse Maria Faria, um dos manifestantes. "Ele não matou ninguém. Estamos apenas exigindo os  nossos direitos. Paguem pagar o que nos devem. 60.000 meticais é uma soma irrisória. Já deixamos muito tempo a  Vale  brincar ".Por volta do meio-dia, o advogado dos oleiros, Hermínio Nhantumbo, disse à multidão: "esta prisão é ilegal. A polícia não pode continuar a agir desta forma. Isso só mostra que eles estão a abusar da autoridade do Estado ".No entanto, a Procuradoria Distrital agora envolvida,  claramente concordou com Nhantumbo. Por volta das 13h00, Nhantumbo apareceu novamente, desta vez acompanhado por um representante do Ministério Público, com um mandado para a liberação de Agostinho.Fora da delegacia, Refo Agostinho declarou que "o que a polícia está a fazer é injusto. Eles vieram para me prender à noite. Eu sou um ladrão? "Vou continuar a lutar pelos nossos direitos", prometeu. "Haverá uma grande manifestação. Se não receber uma resposta positiva, você vai ver o que faremos. Chega".Actividades dentro da mina a céu aberto da  Vale  voltaram ao normal, mas os comboios não retomaram o transporte do carvão até o porto de Beira, por medo de incidentes. Uma fonte do Vale, citado pelo "O País", disse que a empresa pretende  reunir-se com representantes do governo, a fim de estudar como superar a disputa com os oleiros.

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