domingo, junho 24, 2012

Água e mercúrio perigam segunda maior hidroeléctrica

O nível de redução da água na albufeira de Chicamba, em consequência de falta de chuvas, está a deixar apreensivo o Governo provincial de Manica, chefiado por Ana Comoane, numa altura em que a respectiva central está inscrita nos projectos de reabilitação da empresa Electricidade de Moçambique (EDM).Trata-se de um dos maiores lagos artificiais do país, cuja central deverá, em  princípio,   ser reabilitada com fundos da Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional (ASDI), para além da hidroeléctrica de Mavúzi, estimados, no final do ano passado, em 54 milhões de dólares.É na albufeira que está implantada a segunda maior hidroeléctrica de Moçambique, a Hidroeléctrica de Chicamba, empreendimento pertencente à empresa pública Electricidade de Moçambique (EDM).A água baixou até um nível de 20 metros de altura e grande parte dos elementos que compõem a estrutura física da barragem, antes submersos, estão à vida devido à escassez da chuva, apesar de ser uma zona de altitude, o planalto de Manica. Caso não chova o cenário, de alguma forma, pode tornar-se dramático na Hidroeléctrica de Chicamba, pois a infra-estrutura funciona basicamente através de água, para a geração de energia eléctrica. Os gestores do empreendimento afirmam estar em curso a redução do consumo de água, para assegurar uma disponibilidade maior daquele recurso natural. O engenheiro Sérgio Sacama, da EDM, afecto naquele estabelecimento, vincou, contudo, que a situação não é, ainda, alarmante. Embora a questão seja descrita como não sendo ainda alarmante, a governadora Ana Comoane, considera o facto como preocupante, na medida em que a água da barragem regista redução em consequência directa da redução da água do rio Revuè, a principal fonte de alimentação da hidroeléctrica.À semelhança de outros vários cursos naturais de água, o rio Revuè baixou de nível devido à falta de chuvas, que está a se tornar cada vez mais necessária, segundo  Ana Comoane, num momento em que o país atravessa a época seca. A barragem possui uma grande capacidade de encaixe, mas a falta de precipitação no tempo chuvoso deixou-a sem água à sua altura. Os gestores garantem o seu funcionamento, mas há problemas de água.Algumas comportas de descarga estão a descoberto, pois a água baixou consideravelmente. Nada há a libertar, senão concentrar, para a elevação dos níveis, em termos de disposição do recurso hídrico, na Hidroeléctrica de Chicamba.Esta central garante o fornecimento da energia eléctrica às cidades de Chimoio e da Beira. Chicamba constitui alternativa mais sustentável para o fornecimento de energia às referidas urbes, em caso de problemas do lado da Hidroeléctrica de Cahora-Bassa.É mesmo em Chicamba onde, por outro lado, está implantado o sistema de captação de água para abastecer às cidades de Chimoio e Manica e à vila municipal de Gondola, no âmbito do projecto de gestão delgada de água, desenvolvido pelo Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água (FIPAG).
A continuar a descida do nível de água em Chicamba, isso poderá significar constrangimento no abastecimento de água potável àqueles centros urbanos da província de Manica, onde a taxa de cobertura registou uma relativa melhoria, com a entrada em funcionamento do sistema recentemente reabilitado e ampliado, para assegurar que a água potável esteja sempre presente no seio da população.Mineradores artesanais também têm estado a causar danos, na albufeira, o que se caracteriza pela oxidação do equipamento da hidroeléctrica, indicam dados apurados, durante a visita efectuada pelo chefe do Executivo provincial de Manica, ao empreendimento, um dos bens herdados do colonialismo português. Informações sobre os riscos têm sido disseminadas, mas o garimpo continua a ser feito sem a observação de normas básicas. A lavagem do ouro continua a ser nos rios, com o recurso ao mercúrio. Dados apontam para um estudo feito que dá conta que a água está com um teor muito baixo de infestação por mercúrio. O engenheiro Sérgio Sacama revelou que o mercúrio evidencia-se nas máquinas da hidroeléctrica, em resultado da actividade de mineradores artesanais, não obstante os resultados dos estudos em referência.

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