terça-feira, outubro 18, 2016

"Tarefa espinhosa, mas temos que ajudar o Presidente"

Embora nos últimos tempos comece a ser posta em causa a tese de um presidente da República telecomandado por uma poderosa ala maconde na Frelimo, o presidente do Conselho Municipal de Nampula, pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM) entende que, efectivamente, há grupos na Frelimo que bloqueiam a governação de Filipe Nyusi. 
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Muhamudo Amurane, que analisava, no nosso jornal, os primeiros dois anos da governação de Filipe Nyusi, começou por dizer que só a sua eleição para presidente da República foi um acto importante, porquanto marcou a passagem inter-geracional na liderança do país. Foi quando questionamo-lo se essa mudança se está ou não a reflectir na governação do país, ao que Muhamudo Amurane, sem rodeios, respondeu que não. Mas o edil de Nampula diz que não está decepcionado com Filipe Nyusi, o presidente que a 15 de Janeiro de 2015 proferiu um discurso de renascimento. O problema, entende o edil, não reside, necessariamente, em Filipe Nyusi, mas para aqueles que chamou de grupos fortes na Frelimo que não aceitam as mudanças que, estamos a citar Amurane, Nyusi parece querer empreender. O presidente da cidade capital da província mais populosa de Moçambique recua ao passado para lembrar que, em Fevereiro de 2015, logo após a sua investidura, Filipe Nyusi manteve um encontro com o presidente da  Renamo, Afonso Dhlakama, num esforço pela paz que não agradou alguns sectores da Frelimo. Outro sinal de um Filipe Nyusi que quer avançar mas que encontra entraves é a abertura do presidente perante o Fundo Monetário Internacional (FMI), na recente visita em Washington, Estados Unidos da América (EUA) para a realização de uma auditoria internacional independente às dívidas escondidas no país, anota o edil. Por isso, Amurane insta a sociedade a se levantar contra a minoria frelimista que procura sobrepor os seus interesses aos da maioria dos moçambicanos. “A expectativa do povo é frustrada por grupos menores que defendem seus interesses em detrimento da maioria”, assinala, acrescentando que é preciso isolar aqueles que bloqueiam o Presidente da República. Sublinha que um futuro melhor para o país passa, necessariamente, por isolar os grupos na Frelimo que não aceitam a mudança, uma tarefa que, por ser espinhosa, não pode ser apenas de Filipe Nyusi, mas de toda a sociedade moçambicana que contra essas forças se deve levantar de forma vigorosa. Entretanto, ganha corpo nos últimos tempos a tese de que, na verdade, Filipe Nyusi não é ingénuo como se pretende fazer passar, nem vítima de supostos poderes interpostos na Frelimo. Argumenta-se que o actual presidente está, efectivamente, alinhado com uma estratégia de mão dura sobretudo no que à guerra diz respeito, sendo os seus discursos apenas uma decoração própria da acção política.A encruzilhada económica em que o país está mergulhado foi incontornável na entrevista com o edil de Nampula. Sobre ela, Amurane evita fazer juízos, por entender que a democracia não é especulação, mas desafia a administração da justiça para que esclareça o que sucedeu com os cerca de USD2 mil milhões, dos quais USD 1.4 mil milhões ocultados. Sobre a tensão político-militar, reitera não encontrar argumentos para as matanças e destruição que continuam a minar o desenvolvimento do país. Chamado a apontar a solução, foi peremptório em afirmar que o país clama por uma descentralização político- administrativa, incluindo a eleição de governadores provinciais, pelo que é preciso que se discuta a Constituição da República. “Há resistência por parte dos dois beligerantes, mas é preciso pressionarmos para que haja abertura para discutir ideias e não pessoas”, remata. 

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