segunda-feira, setembro 15, 2014

6 erros que prejudicam a eficácia da campanha

Já lá vão mais de sete dias depois que a campanha iniciou e o espaço virtual parece ser aquele onde converge toda a informação: dos órgãos de informação, fazedores de opinião, indivíduos singulares, partilham e discutem propostas de programa, ideias e eventos. O espaço virtual da internet é assim o maior repositório de informação desta campanha eleitoral e supera de longe as outras campanhas, tendo em conta que a largura da banda e a proliferação de serviços de internet e de telefonia móvel. Quem pensa que a internet é espaço da elite, que chega a poucos, à minoria esclarecida e sem influência sobre a maioria, está perdido e vai aconselhar mal os seus amigos nesta campanha. 
Ora, como os partidos e respectivos candidatos estão a usar este espaço virtual é algo que deixa muito a desejar. Decidi ser útil hoje, propondo-vos este “memo” para se calhar ajuda-los a organizar-se.

ERRO NÚMERO 1: ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Apesar desta campanha eleitoral ter disponível os manifestos eleitorais, eles são menos discutidos. Outro tipo de material de campanha como logótipo, banners, stickers etc, manifesto do candidato, palavras de ordem, gingles, vídeos do candidato, resumo de reuniões e comícios, testemunhos etc., não se encontram disponíveis num único repositório. Tenho que ver o mural de Mendes Mutenda para por exemplo ouvir a música da campanha do Nyusi; se tiver sorte, deverei cruzar com o logo oficial do MDM num mural de um dos membros. Vídeos de campanha são raros, para além dos publicitados pelo MDM. Ou seja, para um cidadão que se interessa pelo seu candidato, deverá passar horas a fio tentando juntar pedaços de informação. 
FIX: Tomem o espaço virtual como um mundo a parte e a vossa campanha como uma loja. Quem decidir entrar “na Loja da Renamo” deve encontrar lá tudo o que precisa e navegar entre as prateleiras. E neste processo, garantam que não saia desta loja insatisfeito. Tal vai exigir trabalho de equipa, coordenação e institucionalização de um repositório de informação donde toda a actividade pode ser recuperada e partilhada.

ERRO NÚMERO 2: FRAGMENTAÇÃO DAS MENSAGENS
Nesta campanha vejo a fragmentação de mensagens. Na verdade, todos os partidos políticos estão a usar a estratégia que apela a todos: catch all startegy. Gerir estra estratégia tem riscos, principalmente quando as mensagens não são bem articuladas. Por exemplo, gerir mensagens de Mudança e Continuidade pode sugerir uma contradição patética se os “campaigners” não conseguir estabelecer uma relação inteligível entre elas. 
FIX: Aqueles longos manifestos poderiam ser resumidos numa folha A4 com apelo a infográficos e outros recursos visuais, capazes de tornar as mensagens inteligíveis e de fácil compreensão. Num momento em que mesmo a campanha porta-a-porta está na moda, é difícil discutir ou apresentar o manifesto de 50 páginas em 3 minutos. Aqui também devo chamar atenção a formatação e a integração de vários média: texto, vídeo e som; texto, imagem e vídeo/som. Estar online é muito mais exigente.

ERRO NÚMERO 3: FRACO ENGAJAMENTO
Este aspecto é mais visível. Quase todos se preocupam em publicar e publicitar a campanha do seu partido ou candidato. Mas poucos se preocupam com os níveis de engajamento. Olhe, apenas no Facebook, existem mais de 600 mil subscritores em Moçambique apenas. E quantos estão no Twitter, Google+ ou Instagram? O que isso significa? SIGNIFICA QUE AS PESSOAS NÃO ESTÃO NAS REDES SOCIAIS PARA LEREM OS POSTS DAS OUTRAS. Estão elas próprias buscando influenciar, reagir e convencer. E a isso se chama fragmentação do espaço público. Vemos por dia toneladas de imagens de candidatos e partidos sem história, sem engajamento, ou seja, sem partilha nem comentário. O importante no espaço público não é necessariamente a postagem em si, é o impacto que esta cria; é o que este conteúdo consegue criar na esfera pública para criar maior empatia e simpatia para com o candidato. 
FIX: Listservs, engagement groups, páginas únicas de candidatos, canais de YouTube e de personalidades de referência bem como quiosques online de informação ajudariam a resolver a profusão das mensagens. Na verdade, precisa haver um LUGAR onde as pessoas param para ver, ouvir e escrever.

ERRO NÚMERO 4: FRACO CONTEÚDO 
As campanhas de todos partidos produzem muito pouco conteúdo. Pelo menos conteúdo sério, com potencial de engajar adversários.
FIX: Temos que pensar que estamos online, numa comunidade de referências e referentes. O ROI (revenue over investment) de uma campanha online é de 56% comparado com 15% em campanhas offline. Mas este número vem com uma particularidade. As pessoas confiam-se umas às outras e é na base desta confiança que chegam à uma decisão. 
Alguns temas que estão a faltar nas campanhas são:
• Lista e fotografias de candidatos a deputado da assembleia da República e Provincial – cada um destes tem o potencial de puxar pelo seu eleitorado, pelo seu círculo eleitoral
• Dados biográficos de alguns deputados elegíveis
• Promessas de deputados 
• Iniciativas de lei em carteira
• Resultados dos trabalhos e impacto na legislatura passada
• Paz, segurança e desenvolvimento
CONCENTRAR A CAMPANHA ONLINE EM APENAS FOTOGRAFIAS COM CANIDATOS E MULTIDOES podem cansar muito rapidamente as pessoas que buscam algum porquê neles. 
É imperioso planificar um conjunto de temas de discussão.
A PRODUÇÃO DE CONTEUDOS É ASSIM O GRANDE DESAFIO PARA OS CAMPAIGNERS ONLINE

ERRO NÚMERO 5: FRACA INTEGRAÇAO DE RECURSOS: WEB, Redes sociais e e-mail
Erro técnico reiterado este. Não há integração entre o Facebook, E-mail e Website dos partidos políticos. Por mim, TODO conteúdo deveria ter no website seu repositório. Deveria ser de lá que internautas partiriam para vários canais para de novo regressarem. Os canais sociais deveriam ser alimentados pelo website e não por curiosos.
FIX: criação de uma equipa para campanha online, melhoramento dos canais de comunicação e das redes sociais, estabelecimento de metas concretas para engajamento, impacto. Desenhar estratégias para a otimização do uso do email e da newsletter para que no fim, a campanha se promova como UMA LOJA, UM QUISQUE DE INFORMAÇÃO.

ERRO NÚMERO 6: GULA: QUERER MOSTRAR SERVIÇO E FALTA DO TRABALHO EM EQUIPA
Neste erro nem posso comentar tanto. Mais vale promover uma única pessoa em torno do qual estariam todos a trabalhar e contribuir com conteúdos do que fragmentar o espaço com postagens isoladas. 
FIX: o desafio não deve ser QUEM POSTA MAIS. Mas o que acontece com este post.


PS: tentei ser útil, como consultor, propondo uma cartilha geral. Implementar tal cartilha exige tempo, recursos humanos e conhecimento. (Egidio Vaz – Consultor – In facebook)

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