quarta-feira, outubro 26, 2011

300 euros mês

De repente, o espaço António Repinga virou centro de contestação social.Os rivais de ontem viraram camaradas, unidos pela mesma causa: pensão condigna, avaliada em 12 Mil Meticais/mês.São desmobilizados das Forças Armadas de Moçambique (FAM), da Renamo, Naparamas e até milicianos,que decidiram unir as forças, fazer coincidir a concentração com o Conselho de Ministros. Difícil avaliar o efectivo destes indignados, mas por aí 1.500 almas aos gritos que nunca paravam. Cânticos que, pese a relativa distância com a sala do Governo, eram perceptíveis aos ouvidos de Aires Ali, o Primeiro-Ministro que, coincidência ou não, esteve à frente do centro de decisão, já que Armando Emílio Guebuza (palacio presidencial)está na Austrália.Ali manteve-se ali, na sala, eventualmente se sentindo mais seguro ao lado dos outros membros do Governo.O homem não ganhou para o susto. E que susto.Homens e mulheres sem medo de uma AKM ou de uma bazuka, se calhar mais corajosos que os policiais que ontem os vigiavam a escassos metros.O grupo promete voltar à “sua” praça. A Praça da Indignação,para darem continuidade à contestação, estratégia adoptada depois de Armando Guebuza, ou alguém em seu nome, não ter dado ouvido a estes homens e mulheres. E como a paciência não é elástica, avisam que não tardará muito até que entrem para o Plano B destas manifestações, quase ignorando a presença policial nas suas variadas especialidades,incluíndo a famosa Força de Intervenção Rápida (FIR), todos armados até ao pormenor. Não foi necessário, porém, recorrer às chambocadas, o que teriaprecipitado um cenário negro.Nada que seja novidade.Os indignados estão emquase todo o lado, nos Estados Unidos, na Europa, no Norte de África e até aquí ao lado, em Joanesburgo, a ala juvenil do histórico ANC entra amanhã em cena, nasruas, contra o enriquecimento ilícito, contra as multinacionais,contra a injustiça social.Esta marcha junta-se auma outra de há semanas,na capital económica da Áfricado Sul.Angola também nãoescapou a estes ventos decontestação. E Moçambiquenão podia ficar indiferente.E se a socidade civil não tem “estofo” para avançar – sem destruições– os desmobilizados tomam a dianteira, pese acontra-propaganda da véspera.Esta casa aplaúde a forma disciplinada dos manifestantes.Isso terá ajudado os vários ramos da Polícia a assumirem uma excelente postura perante um cenário cujo desfecho era imprevisível.Que se manifestem,desde que de forma ordeira.E o Governo que estejapreparado, a avaliar pela carestia da vida. Deve “saber”falar. São os nossos indignados.

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