segunda-feira, outubro 24, 2011

Energia do bagaço

Marromeu, em Sofala, passará a dispor de um novo projecto energético, com a implementação de um empreendimento de produção de electricidade a partir do bagaço de cana-de-açúcar cultiva pela Companhia de Sena, detida pelas multinacionais Guarani e Tereos do Brasil e França, como accionistas maioritários.Trata-se de um projecto que visa a comercialização da corrente à empresa Electricidade de Moçambique (EDM) e com impacto no aumento de fontes energéticas em Moçambique. A produção de energia para fins comerciais, conforme o director fabril da Companhia de Sena, José Luís Zago, está integrada num projecto de três anos, cujo término está agendado para 2014, período em que a firma irá fazer a acoplagem de sua electricidade com a EDM, caso a segunda empresa concorde em comprar o excedente produzido na base de bagaço. Para a concretização da iniciativa, conforme disse o director fabril, a sua firma está já a desenhar os primeiros traços de um plano que incluirá negociações com a EDM para a produção de energia em quantidades industriais, pois a intenção da Companhia de Sena é a comercialização da corrente para a Electricidade de Moçambique.Se as duas empresas chegarem a um acordo, a acoplagem será feita a partir das turbinas instaladas na companhia, passando estas a transportar a corrente eléctrica para as infra-estruturas da EDM.“Estamos a fazer o nosso plano para daqui a três anos vendermos energia à EDM. Teremos bagaço suficiente que servirá de matéria-prima para a produção de energia” — disse José Zago, acrescentando que, para pôr o projecto a andar, a firma de que é director fabril vai aplicar dois milhões de euros.O processo de produção de energia eléctrica a partir do bagaço de cana-de-açúcar é considerado técnico e totalmente automatizado e inserido dentro da linha de produção das usinas.Após a planta ser colhida e levada até a usina, geralmente ela passa por três moendas. O produto da primeira moagem vai para a produção de açúcar, na chamada moagem de primeira linha. Já na segunda e na terceira moagens o que é produzido é o álcool combustível. O que resta da cana é o bagaço, que é levado por uma esteira até a caldeira que realiza a queima. Depois de passar pelas turbinas e geradores, o vapor produzido na queima gera a energia eléctrica.Quando questionado sobre a quantidade de energia que se pretende gerar a partir do bagaço, Zago afirmou que até 2014 a companhia estará em condições de produzir corrente eléctrica que for solicitada pela EDM.“Hoje a empresa tem capacidade de suportar dois megabits, mas, a partir do acordo, a empresa pode produzir muito mais” — explicou Zago.Entretanto, o mesmo interlocutor afiançou que, para além de energia, a Companhia de Sena tem disponíveis 12 milhões de dólares para investir na construção de uma destilaria destinada à produção de álcool e etanol.Uma das matérias-primas da destilaria a ser construída será o melaço final que é desaproveitado.Dados apurados pelo DM indicam que as usinas para a destilaria serão importadas ou do Brasil ou da França.Refira-se que a Guarani é neste momento o maior produtor mundial de biocombustíveis e em Moçambique, a produção etanol, particularmente, aguardava a recomendação governamental sobre a política do género.

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