sábado, abril 28, 2012

Sempre sonho com eles e acordo doente!

Dois funcionários do Instituto de Comunicação Social (ICS) apresentaram queixa ao Tribunal Judicial da Cidade de Inhambane, depois de terem sido acusados publicamente pela chefe de recursos humanos daquela instituição de tentativa de assassinato com recurso à feitiçaria. As acusações da chefe dos recursos humanos do ICS, Sara Sahale Bicá, contra seus colegas, Cassamo Algy Dauto e Alda Alberto, começaram em Agosto do ano passado, altura em que ela fez uma consulta a uma curandeira sobre a doença que a apoquentava.Na ocasião, a curandeira, de 23 anos de idade, disse à sua cliente que a enfermidade da qual padecia era causada por dois dos seus colegas que a todo o gás querem ascender àquele cargo de chefia e a estratégia para a sua aniquilação era recorrer à superstição. Em sede de audiência e julgamento, Sara Sahale Bicá contou ter sido tratada pela curandeira, que se dirigiu, inclusive à sua casa, onde foi remover drogas mágicas que haviam sido implantadas por seus inimigos.“O primeiro diagnóstico confirmou o que ela, a curandeira Elisa, disse, que estava a ser vítima do feitiço dos seus colegas. Sempre sonho com eles e acordo doente” – confessou Sara Sahale Bicá.Impaciente, tratou de levar a fotografia de um dos colegas suspeito para a curandeira, a quem pediu a retaliação.A curandeira, identificada apenas como Elisa, confirmou as alegações do seu cliente em juízo, durante a sessão de julgamento que teve lugar no dia 16 deste. “Conheço a senhora Sara Sahale Bicá e tudo o que disse é verdade. Cobrei três mil meticais pelo tratamento” – disse a Elisa.Elisa confessou ainda ter recebido da sua paciente duas fotografias para usá-las como armadilhas para matar com recurso ao poder mágico os seus dois colegas.“Não aceitei o pedido porque só conheço raízes que curam doenças e não para matar. Quando disse isto ela ficou irritada comigo” – explicou Elisa. Depois do fracasso dos intentos da chefe de recursos humanos do ICS, abandonou a curandeira e dirigindo-se a Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO) com o mesmo propósito, de aniquilar as sua vítimas. Na AMETRAMO descobriu-se que a doença da qual padecia era provocada por um espírito maligno da anterior curandeira, a Elisa, daí que foi notificada.A pedido da Sara Sahale Bicá foram notificados igualmente pela AMETRAMO, os seus colegas Cassamo Algy Dauto e Alda Alberto, acusados pela sua chefe de protagonista do feitiço contra si. Na AMETRAMO, não se provou o seu envolvimento na deterioração da saúde da chefe dos recursos humanos. Assim, depois de ilibados, os suspeitos de feitiçaria decidiram intentar uma acção judicial para repor os danos morais provocados pela chefe dos recursos humanos.Na sessão de julgamento que, durou perto de cinco horas, foram arrolados perto de uma dezena de nomes, entre funcionários do ICS e membros de direcção dos curandeiros na cidade de Inhambane.O Ministério Público, nas suas alegações finais, disse que os factos indicam que “foi posto em causa a honra e o bom-nome dos ofendidos” e pediu a justiça merecida nos termos da lei.A defesa de Cassamo Algy Dauto e Alda Alberto disse que o “comportamento da ré deve ser sancionado exemplarmente”, tendo exigido igualmente uma indemnização a favor dos seus constituintes no valor de cinquenta mil meticais.
A defesa da Sara Sahale Bicá considera que o assunto é controverso. “Quem não acredita na tradição? A minha constituinte não pode ser imputada culpa sequer, pois ao dirigir-se a curandeira ia à busca de uma defesa espiritual de modo a fazer face à uma agressão do mesmo género. Não se pode invocar o crime de difamação, pois não há intenção de ofender moralmente os queixosos”— argumentou o advogado da ré.Apelou ao juiz para desvalorizar as alegações do Ministério Público e da defesa dos queixosos, admitindo que tudo ocorreu dentro das regras costumeiras.

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