terça-feira, abril 03, 2012

“nunca devemos investir em terreno árido”

Foi (e está sendo por demais) dito que a província de Tete está a ser “assaltada” por empresas multinacionais de grande musculatura ao nível mundial, que não se importam em desembolsar milhares de milhões de dólares para a prospecção e consequente exploração de recursos naturais naquela região do país, para onde se concentram as atenções, quando se fala de mega-projectos. São companhias de proveniência diversa, mas que vão a Tete na certeza de que os investimentos aplicados tem a sua razão de ser e que, contabilisticamente falando e na hora certa, vão gerar os muito ambicionados fabulosos lucros. Disso, todos temos conhecimento.Nesta onda de movimentações financeiras, a verdade manda dizer que não existe quem aceite “enterrar” o seu dinheiro em acções cujo retorno se apresente duvidoso. A propósito, parecem-nos indispensáveis e oportunas as sábias e sempre presentes palavras do primeiro Presidente do Moçambique independente, Samora Machel, que nos ensinam que “nunca devemos investir em terreno árido”, como que a nos dizer e a nos recordar que cada quinhenta despendida deve ter o seu motivo e o seu resultado positivo, para o bem do povo pelo qual deu a vida.Foi neste diapasão que soou a voz do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) na província de Tete, partido que luta por um lugar a sombra no panorama político nacional, quando se fez ao público, à margem dos festejos do dia da cidade mais quente do país. Pela fala do seu delegado provincial, Celestino Bento, o “Galo” repisou o que sempre se tem ouvido de diversos ângulos, ao afirmar que “temos na nossa província 77 projectos licenciados, cujos investimentos se situam em largos milhares de milhões de dólares americanos. No entanto, as perguntas que se colocam são: o que é que mudou, para o melhor, no cidadão moçambicano na província de Tete com a operação dessas empresas? Quais são os ganhos directos com esses grandes investimentos?”.Aquele político, socorrendo-se da situação que diz estar a viver no dia-a-dia, responde as suas próprias perguntas, assegurando que “o custo de vida tornou-se cada vez mais insuportável”, acrescendo-se a isso “uma galopante desertificação sem precedentes. O mais grave ainda é que, mesmo com esses mega-projectos, continuamos sem dinheiro para construir escolas em condições e contratar professores suficientes para os nossos filhos, chegando ao ponto de lançar crianças de 12 anos de idade para o curso nocturno. Ainda assim, discursos existem que nos querem convencer de que se pretende implantar um ensino de qualidade no país”.Ele referiu-se também ao facto de muitos cidadãos residentes fora da província de Tete e que, na sequência da decorrente “febre do ouro”, têm mais privilégios na aquisição de empregos em empresas mineiras, chegando mesmo a afirmar que eles “chegam já com o emprego na mão e, quase sempre, ganhando muito mais do que os seus colegas naturais ou residentes na província”, adiantando que existem flagrantes casos de corrupção que se devem energicamente combater.O delegado Bento, depois de confirmar o repúdio aos cerca de 500 anos de colonização portuguesa, abordou o que chamou de “experiência socialista sem sucesso e, acima de tudo, uma guerra civil fratricida, que mergulhou o país numa instabilidade político-social que o conduziu à ruína e pobreza generalizada”, e diz entender que “as cedências de parte a parte, a bem do país, através do diálogo, seriam necessárias para se evitar imprevistos desagradáveis, pois, é bem sabido que o prevenir sempre se situou acima do remediar”.De acordo com as suas palavras, a convivência democrática exige que cada parte reconheça a existência e os direitos da outra, consagrados na Lei-Mãe moçambicana, rematando que “estou de malas aviadas para Inhambane, para apoiar o candidato do nosso partido nas eleições intercalares de 18 de Abril, porque lá vai sair faísca”.Por T.ARTUR

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