segunda-feira, abril 23, 2012

Cheirinho a tribalismo!

O Chefe do Estado, Armando Guebuza, que escalou o distrito de Namarrói, na Alta Zambézia, na sua Presidência Aberta e Inclusiva, acompanhou de perto denúncias sobre tratamento diferenciado dos cidadãos, em função das suas origens tribais, ao ser confrontado com queixas de residentes da localidade de Muemue, que entendem que o Governo está a privilegiar pessoas oriundas de Quelimane no acesso às oportunidades de emprego. Evaristo Santo Mucumula, que disse ter formação na área de electricidade, em Tete, afirmou no comício orientado pelo PR que se sentia humilhado na sua aldeia natal, porque quando tenta oportunidades de acesso ao emprego é colocado de lado, alegadamente porque nos postos de trabalho só são privilegiados jovens da cidade de Quelimane.
“Sou electricista de profissão, formado em Matundo, Tete. Quando concluí o meu curso, decidi voltar para trabalhar na minha terra natal, só que agora não consigo ter emprego, porque quando há vagas só se olha para pessoas de Quelimane. Nós daqui somos tratados como se fôssemos lixo”, queixou-se.O pior de tudo, tal como reclamou Evaristo Santo, é que, mesmo quando tenta avançar com iniciativas próprias visando gerar alternativas de emprego para a população local, não tem êxito. Disse ter elaborado por duas vezes projectos para obtenção de financiamento pelo Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD), porém, sem sucesso.O jovem electricista disse ter submetido uma proposta de financiamento de 300 mil meticais, para a implantação de uma oficina de reparação de veículos automóveis, mas ele, na sua qualidade de habitante local, viu a sua proposta rejeitada. Em contrapartida, conforme alegou, muitos projectos apresentados por cidadãos de Mocuba foram autorizados.“Mas eu que quero desenvolver Namarrói não fui financiado, mandaram-me alterar o projecto e depois de reformular, mesmo assim, não foi aprovado”, lamentou, realçando que quando vai pedir emprego “levam pessoas de Quelimane, quando se trata dos sete milhões de meticais, escolhem projectos de pessoas de Mocuba”.
A reclamação em torno de oportunidades de emprego foi também apresentada por Tomé Daniel, o qual disse que, mesmo em caso de vagas no sector da educação, colocam-se muitas restrições, uma das quais a nota de aproveitamento pedagógico.Assim, pediu ao Chefe do Estado para promover investimentos com vista a desenvolver iniciativas empresariais de geração de postos de trabalho.
O distrito de Namarrói tem enormes potencialidades para o desenvolvimento da actividade agrícola e agro-processamento, uma vez que é altamente produtivo em culturas frutícolas, para além dos recursos hídricos, como nascentes de água, montanhas e uma paisagem interessante para atracção de investimentos turísticos.Os habitantes de Muemue, a primeira localidade que Guebuza escalou nesta Presidência Aberta e Inclusiva na Zambézia, também querem antena de telefonia móvel, porque, tal como referiu Rafael Agostinho, enquanto em muitas zonas ter telemóvel não é encarado como luxo, a população naquela região nunca teve telefone por falta da cobertura de rede.
Guebuza apenas comentou algumas questões levantadas, dando realce ao caso de Evaristo Santo, já que mexe com unidade nacional.“Estamos a dizer que nós, moçambicanos, do Rovuma ao Maputo, somos donos desta terra, mesmo que não seja exactamente daquele lugar que nasceu, não pode um moçambicano ser negado que não é sua terra”, persuadiu.Por outro lado, recordou que as riquezas naturais existentes em qualquer ponto do país constituem riqueza nacional. “Todos nós somos donos da riqueza deste país, seja gás natural de Pande (em Inhambane), carvão de Moatize (em Tete), areias pesadas de Moma (em Nampula) e Chibuto (em Gaza), petróleo da bacia do Rovuma (em Cabo Delgado), pedras semi-preciosas, ouro de Manica, alumínio, dentre outros recursos de subsolo, pertencem aos moçambicanos e não especialmente ao povo natural de Inhambane, Nampula ou Tete”, assinalou.Com efeito, afirmou que as pessoas são preparadas no seu processo de formação académica para trabalharem em qualquer região do país, isso desde mesmo o período de luta armada de libertação nacional, o que, aliás, foi crucial para o sucesso do combate que se travou contra o colonialismo português.

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