segunda-feira, março 05, 2012

Outra guerra? Os mesmos actores?

A Renamo é acusada de manter sob cativeiro um indivíduo, por alegada espionagem. O Partido responde com uma contradição, a que confirma e a que desmente tal ocorrência. Em qualquer dos casos, o rosto desta contradição não é visível. Nos corredores, alimenta-se a especulação, com base em informações avulsas e não oficiais que vão escapando por entre a forte cortina de ferro montada pela Renamo. A Polícia também alimenta alguma contradição. Enquanto em Nampula a corporação garante estar a tentar negociar com a Renamo para que o homem volte ao convívio familiar, a nível central a ideia que existe é de que a Polícia não está para negociar nada. Os militares é que, desde logo, atiram o “capote” para a Polícia. Não há motivo para guerra, tanto mais que Afonso Dhlakama é livre de manter os seus homens (armados) seja na sede da Renamo, seja na sua residência, desde que no quadro da legislação. O Acordo Geral de Roma, em 1992, pôs fim à guerra civil, mas deu lugar a uma incessante troca de palavras (azedas) entre a Frelimo e a Renamo. Em muitos casos, tais conflitos – com tendências belicistas – só páram com a intervenção das lideranças da Frelimo da Renamo. Mas logo depois reacendem quase ao mesmo rítmo. Assim, parece claro que o retorno à guerra não interessa, nem à Frelimo, nem à Renamo, embora por vezes tudo indique que a paz esteja por apenas um fio… Apesar disso, a comunidade internacional continua a acreditar num país comprometido com a paz, diferentemente de “ene” nações africanas onde o conflito armado leva mais tempo que a observância do sossego social. Esta casa acha que devia ser instaurada uma espécie de comissão bilaterial (Frelimo e Renamo) encarregue de analisar questões pontuais susceptíveis de gerar polémica, como é o caso do eventual cárcere. A Renamo já defendeu uma iniciativa semelhante, mas rapidamente respondida com a ideia de que, para isso, existe a Assembleia da República e que todos os partidos políticos devem merecer o mesmo tipo de tratamento. Só que a história, em África, mostra que os partidos com um passadobelicista têm uma larga vantagem sobre os restantes, que nunca conheceram o cheiro à pólvora. .Dialogar, dialogar sempre deve ser a arma para acabar com cárceres privados.

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