quinta-feira, março 29, 2012

A factura do serviço prestado ao diabo?

Perto de cem antigos agentes da Casa Militar, do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), entre outros serviços secretos e de protecção do Estado, estão agastados com o Governo.Em causa está a alegada falta de seriedade do executivo que recrutou os antigos agentes e os treinou em Matalane, prometendo-lhes reitegração na corporação. Porém, desde Janeiro que regressaram a Maputo, foram deixados à sua sorte, ou seja, ainda não foram reintegrados e nem recebem salário, o que está a causar indignação no seio do grupo.Os referidos agentes decidiram dar a cara, marcharam e amotinaram-se defronte do Gabinete do Primeiro-Ministro (PM) para expressar a sua indignação por, alegadamente, se sentirem abandonados pelo Estado.Ao todo são 600 ex-agentes de diferentes serviços secretos que foram chamados e reciclados na Escola de Condução Militar.“Estamos aqui porque estamos cansados com esta situação. Somos 624 agentes, estávamos nas nossas casas, cada um a fazer das suas para sobreviver. E, eles tiraram-nos das nossas casas, aquartelaram-nos, com a promessa de reintegração, mas até hoje nem água vem nem água vai”, disse um dos agentes, acrescentando que “voltámos de lá desgraçados, não temos nada, não temos dinheiro. prometeram-nos emprego mas até hoje estamos a morrer de fome e não sabemos o que fazer. por isso, viemos ao chefe dos ministros para saber dele se sabe da nossa formação em matalane, e se sabe por que nos deixa assim”.Os referidos agentes dizem estar a passar momentos difíceis e, por isso, já tentaram, sem sucesso, falar com os ministros do Interior, da Defesa e dos Combatentes. Tentativas de manter um encontro com o primeiro-ministro também estão a fracassar.“Desde que voltámos, em Janeiro, não nos dizem nada. Fomos falar com o ministro do Interior, não conseguimos; da Defesa, também não; dos Combatentes, idem. Metemos uma carta a pedir audiência, há mais de um mês, mas o primeiro-ministro não nos atende. Hoje, olhou para nós e ficou admirado como se nunca nos tivesse visto”, explicou um outro agente, outrora do SISE.Para estes, a situação revela falta de seriedade para assuntos sensíveis por parte do Governo.“Não sabemos o que eles pensam ao deixarem-nos aqui. Nós trabalhamos com eles, conhecê-los bem e eles a nós, e não estamos a perceber o porquê deste tipo de tratamento”, disse outro ex-agente da Casa Militar, acrescentando que “nós não estamos a receber nada. As nossas famílias estão a passar mal, as nossas mulheres estão a abandonar-nos por causa da fome; os nossos filhos não estão a estudar por falta de quase tudo”.(O PAÍS)

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