segunda-feira, dezembro 13, 2010

Paga-se dinheiro para ter dinheiro

A população de Quissanga acusa o Conselho Consultivo daquele distrito da província de Cabo Delgado, Norte de Moçambique, de entrar em esquemas de corrupção na atribuição do fundo do Estado destinado a financiar projectos de desenvolvimento.Trata-se do fundo chamado Sete Milhões de Meticais (cerca de 200 mil dólares americanos) canalizado pelo Governo a cada um dos 128 distritos do país para financiar projectos destinados a geração de comida e emprego. Falando recentemente durante um comício orientado pelo governador de Cabo Delgado, Eliseu Machava, António Amade disse haver pessoas que conseguem empréstimos naquele distrito mesmo de forma ilícita, sendo o Conselho Consultivo (CC) o órgão culpado por essa situação. O CC é o órgão responsável pela gestão deste fundo criado pelo Governo há cerca de quatro anos. Na ocasião, ele apontou os cidadãos Momade Issufo e Ide Buana como tendo se beneficiado deste montante mesmo não vivendo naquele distrito, não podendo por isso contribuir para o desenvolvimento do distrito para o qual o dinheiro foi alocado.“Senhor governador, há corrupção no Conselho Consultivo. Paga-se dinheiro para ter dinheiro”, denunciou Amade, tendo depois sido corroborado por um jovem de nome Abdala Sumaila, que lamentou o facto de se excluir cidadãos que gostariam de contribuir para o desenvolvimento do distrito, alegadamente porque são irresponsáveis.“Por exemplo, no quadro da atribuição dos “sete milhões” os jovens não têm oportunidade, são tidos como bêbados e marginais e então não se lhes contempla, nem que seja para experimentar. Como é que vamos desenvolver assim, se a juventude está a ser posta de lado, até marginalizada?”, questionou ele, citado pelo jornal “Notícias” .Entretanto, a semelhança de outros distritos do país, em Quissanga há também dificuldades no reembolso dos fundos atribuídos aos mutuários.De 2007 até ao ano passado, o Governo local atribuiu cerca de 21,5 milhões de meticais, valor do qual só se devolveu nove por cento até agora. Contudo, de ponto de vista de impacto a situação é um pouco encorajadora. Só este ano, o Governo desembolsou 7,8 milhões de meticais, para os quais o CC aprovou 164 projectos, sendo 20 para a produção de comida e 144 de geração de rendimento, prevendo-se com isso criar 309 novos postos de trabalho.

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