quinta-feira, novembro 05, 2015

Milho contaminado

Resultado de imagem para phombeO resultado das análises laboratoriais às amostras do pombe, bebida de fermentação caseira que, em Janeiro último, vitimou 75 pessoas de um universo de 265 que a consumiram na localidade de Chitima, província central de Tete, concluiu tratar-se de uma intoxicação bacteriana e não envenenamento.O laboratório dos Estados Unidos da América (EUA) identificou nas amostras do pombe e da farinha de milho usada para a sua confecção a presença das potentes toxinas ácido “bongkrequico” e 'toxoflavina'. Na amostra de milho deteriorado foi também confirmada a presença da bactéria “burkholderia gladioli”, microrganismo responsável pela produção das toxinas.A conclusão encerra e esclarece as dúvidas e suspeitas surgidas aquando do trágico episódio sucedido no vilarejo de Chitima que chocou o país inteiro, tanto pela forma como pelo número de vítimas, na sua maioria do sexo feminino, que pereceram na sequência do consumo.O director do Instituto Nacional de Saúde (INS), Ilesh Jani, que apresentou, em conferência de imprensa, havida hoje em Maputo, o resultado do trabalho iniciado logo a seguir a tragédia, disse que a análise identificou um toxico compatível com a sintomalogia apresentada pelos 232 pacientes que adoeceram e deram entrada no centro do saúde local (Chitima).Os sintomas e sinais mais frequentes nas primeiras 24 horas foram dor abdominal, náuseas e vómitos. Foram também reportados sintomas de fraqueza, palpitações e vertigens, seguindo-se de acometimento neurológico após um período de, em média, 24 horas.“Os casos e óbitos ocorridos em Chitima resultaram de intoxicação por consumo de bebida tradicional pombe que, no processo de fabrico, foi usada farinha de milho contaminada por uma bactéria produtora de toxinas e imprópria ao consumo, muito menos para a confecção deste pombe”, explicou Jani. Segundo a fonte, as pesquisas laboratoriais detectaram a bactéria relativamente rara, e muito pouco se sabe sobre a sua epidemiologia e ecologia no continente africano, daí que não houve, a partida, quaisquer suspeitas sobre a mesma e as respectivas toxinas no início das análises.
Resultado de imagem para phombeO director do INS disse, por outro lado, que a bactéria tem a particularidade de viver em ambientes de fermentação que a estimulam a produzir as toxinas e o meio de fabrico de pombe é muito favorável e adequado para a bactéria produzir as toxinas. Jani apontou, a título de exemplo, países do continente asiático como a China e a Indonésia, onde existem casos bem documentados de intoxicação na sequência da ingestão de alimentos que passam pelo processo de fermentação e esses eventos serviram de modelo para estudar bem essa bactéria.O processo de fabrico do pombe obedece diversas etapas durante vários dias, em que há constantes adições de farinha. Porém, não se sabe em qual das etapas a farinha contaminada teria sido adicionada. Aliás, fases existem no processo de fabrico da bebida em que ela já não é fervida podendo, por conseguinte, ser nessa altura que a bactéria presente na farinha não foi destruída na fervura ao lume. A fonte, que não revelou os montantes aplicados nas pesquisas laboratoriais, que além do país envolveram parceiros da África do Sul, Portugal e Estados Unidos da América, disse que o laboratório que detectou a bactéria é de muita confiança, de alta reputação com tecnologia, metodologia e com recursos humanos do mais qualificado que existe.Ilesh Jani disse igualmente tratar-se de uma entidade especializada em toxicologia forense até porque é mais especializada que alguns dos laboratórios que trabalharam na pesquisa.

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