sexta-feira, fevereiro 21, 2014

Presidente Ucraniano tem como língua materna o....russo

O derramamento de sangue na Ucrânia traz o risco de intensificar tanto os rachas internos como a tensão diplomática entre vários países
envolvidos na crise local. Dentro da Ucrânia, mesmo que os protestos sejam mais complexos que uma simples divisão entre leste e oeste, a violência pode facilmente puxar os cidadão para os extremos da questão. Internacionalmente, está sendo aberto um abismo entre a Rússia e potências do Ocidente, com possíveis amplas repercussões. Pode ainda não estar inteiramente claro quem é o responsável por inflamar a situação desta vez, mas as reações dos principais poderes, Leste e Oeste, representam uma divergência gritante. O Kremlin se aliou firmemente com o presidente Viktor Yanukovych. O Ministro de Relações Exteriores russo descreveu a violência nos protestos que tomaram conta do país como uma "tentativa de golpe" e exigiu que os líderes da oposição na Ucrânia "dessem um fim ao derramamento de sangue". O presidente
russo, Vladimir Putin, tem se mantido em contato por telefone com Yanukovych. O porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov foi cuidadoso ao insistir que o presidente russo não ofereceu qualquer conselho ao governo, mas afirmou que a Ucrânia era um "Estado irmão e amigo e um parceiro estratégico" e que a Rússia usaria toda sua influência para reestabelecer a paz e a ordem.Por sua vez, líderes ocidentais apoiaram a oposição.      Nos Estados Unidos, o foco tem sido tentar persuadir Yanukovych a tirar as forças do governo das ruas e a agir com moderação. Segundo relatos, o vice-presidente, Joe Biden, falou com o presidente ucraniano pelo telefone e sugeriu que seria responsabilidade dele acalmar a situação e abordar as "preocupações legítimas" dos manifestantes. Na Europa, o ministro de
Relações Exteriores sueco, Carl Bildt, chegou a dizer que o presidente Yanukovych tinha "sangue em suas mãos". O ministro de Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, disse que a Ucrânia havia "pago um preço caro" pelas recusas de seu presidente em ter conversas sérias para acabar com o conflito.O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, disse que as autoridades ucranianas haviam perdido seu mandato democrático.Uma série de países da União Europeia (UE), entre eles França e Alemanha, agora pedem sanções contra Kiev como um gesto de solidariedade com o povo ucraniano. Uma reunião de emergência dos ministros de relações exteriores foi convocada para esta quinta-feira para discutir o assunto.Essa é a primeira vez que a União Europeia levantou a hipótese de impor sanções ao governo de Yanukovych. Até agora, o foco estava em tentar mediar entre os dois lados do conflito, além de pedir ao presidente Yanukovych que reconsiderasse sua recusa em fortalecer laços comerciais com a UE e em aceitar um pacote de resgate do FMI. Dessa forma, trata-se de uma mudança significativa na abordagem europeia à crise. Mas é difícil ver como a imposição de sanções poderia mudar o cenário - além de estimular Yanukovych a dar as costas à Europa de vez.    De modo similar, há bons motivos para acreditar que Putin não queira ser visto envolvendo-se em confrontos mais amplos na Ucrânia. A experiência mostra que intervenções de Moscou, sejam elas políticas ou econômicas, tendem a intensificar a rejeição à influência russa. O
futuro imediato da Ucrânia pode depender mais das tentativas de mediação feitas por ex-políticos ucranianos e poderosos oligarcas locais, desesperados para evitar que a violência se agrave. Mas, internacionalmente, as tensões ainda podem reverberar. Já há algum tempo tem vigorado uma delicada trégua entre o Kremlin e as potências ocidentais. Quanto à Ucrânia, os dois lados trocaram acusações mútuas de interferência, mas concordaram em discordar, por assim dizer. Em outros temas, como a diplomacia envolvendo Irã e Síria, eles têm tentado colaborar entre si. Mas parece haver muita desconfiança entre os dois lados, e esforços diplomáticos podem ser insuficientes - como mostra o recente colapso no diálogo internacional sobre a guerra civil síria. E sempre ronda o perigo de que a instável ponte entre o Ocidente e o Leste europeu balance ainda mais. Geograficamente, a Ucrânia fica entre os dois lados. Até agora, as rivalidades dos tempos da Guerra Fria vinham sendo contidas. Diplomatas argumentam que é possível que Rússia e Ocidente colaborem entre si quanto ao futuro da Ucrânia, beneficiando os dois lados. Mas, à medida que a crise se aprofunda, essa perspectiva parece estar mais distante.


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