quinta-feira, abril 30, 2020

Florestas "descansam"2 anos

FAO - Moçambique vai digitalizar informação florestal com apoio ...O governo moçambicano suspendeu, por um período de dois anos, a tramitação de pedidos de Direitos de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT) em áreas de exploração de madeira em regime de licença simples, uma medida que visa conservar e tornar sustentável as florestas e fauna bravia no país. Falando no habitual briefing no final da 14ª sessão ordinária do Conselho de Ministros, que  teve lugar em Maputo (28), o porta-voz daquele órgão de soberania, Filimão Suaze, explicou que a suspensão visa a aplicação de uma monitoria que poderá ditar a futura decisão de exploração florestal no país. Acrescentou que a actual legislação estabelece normas básicas direccionadas à protecção, conservação, exploração sustentável dos recursos florestais.

“O nosso país detém uma considerável área de floresta nativa e outras formações florestais sujeitas a uma grande pressão, o que origina uma elevada taxa de desmatamento e degradação florestal”, disse Suaze, que é igualmente vice-ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos.

Dados do governo apontam para um decréscimo acentuado da área florestal produtiva de cerca de 27 milhões de hectares, registados em 2007, para 17 milhões de hectares em 2017. Por conseguinte, segundo o porta-voz, existe uma redução de cortes de árvores anuais admissíveis para as peças de valor comercial, de 649 mil metros cúbicos, em 2007, para 446 mil metros cúbicos, em 2017. Apontou Tule, Pau-ferro, Umbila, Jambire e Mhondzo como madeiras que registaram um declínio em cerca de 90, 75, 60, 54 e 49 por cento, respectivamente. Para diminuir a pressão dos recursos florestais, Suaze vincou que, nos últimos cinco anos, o governo adoptou algumas medidas restritivas de exploração florestal.

“É tendo em vista aquilo que foram a implementação das medidas restritivas implementadas até então que nesta altura, em 2020, o governo entendeu e bem que seria de bom-tom suspender a emissão de novos pedidos”, vincou Suaze, para quem os dois anos poderão ser renovados.
Florestas de Moçambique em Extinção | WRM em Português
Actualmente, o Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, criado em 2015, é o responsável pela atribuição de licenças, bem como a respectiva fiscalização.A China é o maior consumidor de madeira de Moçambique, sendo pau-ferro, mondzo, pau-preto, chanate, jambire e umbila as espécies mais procuradas e mais exportadas em toros para aquele país.Além da China, a madeira moçambicana é exportada para os mercados da África do Sul, Alemanha, Japão, França, Maurícias, Malásia, Tailândia, Tanzânia, Portugal, Israel, Vietname, Singapura, Turquia, Zimbabwe, Botswana, Croácia, Namíbia, Dubai, Índia, Paquistão, Estados Unidos da América, Ilhas Reunião e Itália.

O Conselho de Ministros aprovou a resolução que ratifica o acordo de donativo celebrado entre o Executivo e a Associação de Desenvolvimento Internacional (IDA, sigla em inglês) do Banco Mundial, em finais de Fevereiro último, em Maputo, no valor de 75 milhões de dólares. Suaze afirmou que o valor vai financiar o projecto de aumento de dividendos demográficos no país.
“Alcançar o dividendo demográfico consiste em fazer mudanças na estrutura etária por forma a ter mais população activa (geralmente entre os 15 e 64 anos) do que população não produtiva e, por essa via, potenciar o crescimento económico”, explicou. Dados do Banco Mundial apontam que Moçambique tem um dos maiores índices de fertilidade da África Subsaariana, com taxas de casamento precoce e gravidez na adolescência entre as mais altas do mundo.
Segundo o mais recente censo, realizado em 2017, a população moçambicana ronda os 28 milhões de habitantes.

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