quinta-feira, outubro 14, 2010

"Sal e Pimenta"


29/09/10 - O povo animou em San José, Chile. Numa carrinha de caixa aberta, devidamente tapada com um plástico negro, chegou finalmente a cápsula "Fénix" que vai "sugar" mineiros chilenos do fundo da terra. Um a um, todos deverão ser resgatados em Novembro.Dei comigo a pensar se, ao abrigo do "intercâmbio cultural permanente" que o governo adora apregoar, não seria possível trocar o actual executivo pelos mineiros soterrados? Isto é, os chilenos coitados, deixá-los com as famílias a matar saudades. Agora seria engraçado ver o nosso governo de capacete na cabeça a 700 metros de profundidade. Ter a certeza que dali não conseguiam sair durante alguns meses seria reconfortante. E digo isto no bom sentido, porque a bagunça por cá é tal que ao ler sobre a forma profundamente organizada como aqueles mineiros se comportam em tão exíguo e inóspito local (e com escassos meios) dá vontade de votar neles nas próximas legislativas. Estou certo de que fariam um figurão neste país. Podiam chamar à operação "Uma Fénix por Fónix", à medida que fossem trazendo para cima um mineiro enviavam para as entranhas da terra uma das figuras do nosso governo. O Primeiro-Ministro José Sócrates inauguraria a viagem na cápsula. Ate porque convém enviar em primeiro lugar alguém que domine bem o castelhano técnico. É importante causar uma boa primeira impressão entre os mineiros. Verem alguém "enterrar-se" logo à partida pode ser um factor de identificação.Estou certo que cinco minutos depois de ter chegado lá abaixo teríamos uma emissão em directo a contar-nos como havia sido recebido calorosamente e que alguns mineiros tinham gostado tanto da sua presença que estavam a pensar ficar a viver ali mais uns tempos. E afinal as Minas até são de "São José", o que daria logo para uma piada de caserna: "Hola, soy Jose y vengo a salvar a todos". Aproveitaria ainda para perguntar em tom brincalhão: "Então e o Pedro (Silva Pereira)? já o meteram na cápsula?" À superfície chegava um farrusco chileno, imediatamente desaparecia um Ministro português. Tudo ao som de "Um grande, grande amor" do José Cid: Addio, adieu, auf wiedersehen, goodbye, Amore , amour, meine liebe, love of my life...e lá ia mais um encher-se de pó. A ministra da Educação podia aproveitar e lançar um novo livro, Uma aventura nas minas de San José. Ou até quem sabe uma coisa mais "Júlio Verne de saias"- " Viagem do Governo português ao Centro da Terra". E fazer uma declaração para os pequenitos chilenos com uma lanterna na cabeça e o Ministro Santos Silva como realizador. Com a mesma energia, mas agora a gerador. Obviamente que isto é uma brincadeira. Escrevo sem maldade. Uma forma de mostrar aos pessimistas que é sempre possível ir um pouco mais além, mesmo quando damos como adquirido que batemos no fundo. Temos sempre São José. Até porque estou certo que ninguém neste país tem vontade de "instalar" os ministros durante uma temporada nos confins de uma mina escura. Ou estarei errado?

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