terça-feira, fevereiro 28, 2012

Isto não está mesmo a dar!

As justificações são as de sempre, como do doador que não libertou o dinheiro a tempo e, por isso, as editoras não libertam o livro, ou o libertam para o sector comercial, seja ele formal ou informal, e ainda assim a conta-gotas. E no entanto queremos que os nossos excelsos professores dotem de competências os nossos filhos, a quem desejamos um futuro de diamantes, ainda que não tenham nascido em berços de ouro.

E queremos um país, o nosso país, em condições competitivas ao nível da região, ao nível internacional, mas começamos essa caminhada para a competição desta maneira. A nossa maneira que nos deixa com os corações moídos e passado pouco tempo, no final do ano, temos em casa os nossos filhotes com muitas dificuldades, sem habilidades nenhumas e na classe seguinte.

É hora de desdizer do professor que não ensina bem, que não sabe transmitir conhecimentos. E tudo isto porque esquecidos destes primeiros, destes segundos, destes terceiros dias do início do ano escolar. A agravar a situação, as condições em que os alunos têm de receber aulas: sentados no chão ou na sua barriga, a passarem os apontamentos que o professor deles já encheu o quadro. E têm de ser rápidos a copiar porque, afinal, ainda há mais e por vezes, antes mesmo de acabarem de fazer a cópia, é o toque do sino que convoca a comunidade estudantil a fazer-se ao intervalo, ou mesmo para o final do dia lectivo e o resto fica para a próxima aula, que pode não acontecer no dia seguinte.

Quer dizer, lições previstas para cinquenta minutos podem precisar de cento e cinquenta minutos e nada se altera em matéria de programação, do tempo que os estudantes têm para adquirir habilidades, conhecimentos de maneira para que possam competir e fazer competir o país.

Temos o desejo, sim, mas enquanto não o podermos realizar, vamos esperar e depois podemos, quando estivermos seguros, realizá-lo, avançar: quer dizer, se não se pode assegurar a gratuitidade do livro escolar para as primeiras classes, é bom que se diga e se estará sendo pragmático. Isso não envergonha, pelo contrário. É o país que ainda não produz o suficiente para resolver essas situações.

Quando pequeno, na Escola Primária S. Paulo de Txanwane, tinha colegas que da apanha da castanha de caju adquiriam cadernos, livros e tudo o resto. Bom, aqui não abundam cajueiros e as acácias não produzem nada com valor comercial mas podem fazer outras gincanas para assegurar que as crianças tenham o livro desde o primeiro dia de aulas. Aliás, o que se passa é que compramos o livro, mas o circuito é bastante sinuoso, o que não facilita a vida dos pais.

Bom…e outra vez o livro escolar! (Djenguenyenye Ndlovu)

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