domingo, setembro 25, 2011

Geração “digital” protesta pela 6x desde Março

A marcha convocada para 25 de Setembro (domingo) por jovens activistas para Luanda, a pedir a deposição do Presidente José Eduardo dos Santos, foi estancada pela polícia dez minutos apenas após ter começado, a partir do cemitério de Santa Ana. "Estamos a tentar negociar que nos deixem avançar como tínhamos planeado. Estamos decididos a ficar aqui e terminar a marcha", conta ao telefone o activista Gika Castro.Jang Nomada, outro dos activistas, também por telefone, dava conta de um ambiente de grande confusão. "Só nos deixaram avançar um quilómetro, se tanto, depois da concentração no cemitério. Mandaram-nos parar e ameaçaram-nos", conta este manifestante, que diz estarem com ele outros 500 jovens, parados no caminho por "entre 40 a 50 agentes".Na multidão estão também algumas mulheres, mães de alguns dos activistas detidos no início deste mês num outro protesto contra o regime de Eduardo dos Santos, de acordo com o movimento 7311 (nome em referência à data da primeira manifestação em Luanda, a 7 de Março). "Eu quero pedir à comunidade internacional e nacional, até mesmo ao Presidente para libertar o meu filho; ele está a estudar, eu vendo água para pagar as propinas da faculdade dele”, lamentava uma dessas mães, citada no website do grupo, o Central 7311. Confirmando também que não se verificaram confrontos físicos da polícia fardada com os activistas, Nomada frisa porém que "partiram a câmara de um jornalista da RTP ", o qual terá sido depois obrigado a abandonar o local. O porta-voz da polícia de Luanda, Carmo Neto, asseverou a comunicacao social que não "existe para já nenhum alerta de ocorrência de incidentes" na capital angolana, avançando mesmo não ter informações sobre a marcha. "Há uma manifestação? Mas isso é uma actividade normal num país... Quantos são [os manifestantes] e onde estão, isso já é assunto para os agentes de patrulha", afirmou por telefone.Segundo o angolano Wilsom Manuel Xuxuto conta no Facebook "a maior preocupação" da polícia que vigia a manifestação "é que não haja câmaras ou telemóveis a fotografar o evento para que pareça nunca ter existido". "Mas já temos aqui alguns vídeos que testemunharão a moldura humana da manifestação de hoje", assegura. "Nós mostrámos-lhes a carta da autorização [da manifestação] para mas eles não ligam. E vamos ficar aqui, assim parados, para demonstrar que respeitamos a lei", argumenta Nomada. Entretanto o coordenador do grupo de acompanhamento do comité provincial do MPLA ao município do Sambizanga, Celso Rosa, apelou (sabado)em Luanda, aos cidadãos, maior atenção a alguns países em crise, que pretendem fomentar desordem em Angola em seu benefício.O responsável proferiu estas declarações quando intervinha num comício político, no município do Sambizanga, no final de uma marcha sob o lema “Somos milhões pelo civismo, pela ordem pública e pelo estado democrático e de direito”.De acordo com o coordenador, muitos manifestantes “arruaceiros” têm sido incentivados por forças externas em crise económica e financeira nos seus países, para se apoderarem dos recursos de Angola, o que “jamais permitiremos”.“Alguns países atingiram o seu nível de saturação e hoje vivem numa situação de crise. Angola é um país dos angolanos e deve ser gerido pelos angolanos. Não vamos permitir que estrangeiros venham mandar no nosso país”, advogou.Presenciaram o acto político que visou aclamar os cidadãos ao civismo, patriotismo e apoio ao Presidente da República, milhares de militantes e simpatizantes do MPLA, no município do Sambizanga.

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