sexta-feira, janeiro 15, 2010

Segundo mandato garante reforma

A Renamo, maior partido da oposição em Moçambique, promete medidas disciplinares contra os 16 deputados que tomaram posse terça-feira na Assembleia da República, o parlamento moçambicano, em Maputo, contrariando claramente a decisão expressa pelo seu líder, Afonso Dhlakama.Na cerimónia de investidura dos 250 deputados do mais alto órgão legislativo do país, que foi dirigida pelo Presidente moçambicano, Armando Guebuza, a Renamo esteve representada por um total de 16 dos 51 deputados eleitos nas quartas eleições gerais de Outubro de 2009, em desafio as ordens do seu líder.No acto solene, que teve lugar na “Magna Casa”, sede do parlamento moçambicano, estiveram figuras proeminentes do partido da oposição, entre eles os deputados Luís Gouveia, ex-secretário geral da Renamo; Viana Magalhães que foi segundo vice-presidente do parlamento na última legislatura; José Manteigas que foi porta-voz da bancada. Até a data da cerimónia de investidura, Dhlakama vinha insistindo que os deputados da Renamo não tomariam posse em protesto contra os resultados eleitorais que, segundo afirma, foram viciados em detrimento do seu partido. Mas a decisão tomada pelos 16 empossados, um terço da sua bancada parlamentar, constitui uma autêntico “golpe” contra a sua credibilidade.Arnaldo Chalaua, porta-voz da Renamo, na província de Nampula, norte do país, disse que os deputados que tomaram posse contra a decisão do líder se sujeitam a sanções disciplinares.
“Na Renamo reina a verdadeira democracia, manifestada, no caso vertente, pela decisão de alguns deputados eleitos participarem na cerimónia de investidura do parlamento. Contudo, importa recordar que o partido tem a sua disciplina interna que não pode ser secundarizada pelos membros para privilegiar questões meramente pessoais”, disse Chalaua.A fonte confirmou que a Renamo, através dos seus órgãos partidários, vai reunir-se nos próximos dias para analisar o comportamento dos deputados que ignoraram, por completo, as ordens do líder no sentido de boicotarem a cerimónia da sua investidura no parlamento, que teve lugar em Maputo. A atitude dos deputados empossados, segundo Chalaua, passou a figurar na agenda de trabalhos do encontro da Renamo, que teve início na terça-feira, e coincidiu com a cerimónia tomada de posse dos deputados.
Entretanto, os restantes 35 deputados não investidos na data vão, segundo o matutino “Notícias”, tomar os respectivos assentos depois da marcação da primeira sessão extraordinária do mais alto órgão legislativo. Segundo o Notícias, um dos deputados, que juntar-se-á aos já empossados nos próximos dias, disse na condição de anonimato ser completamente absurdo que depois de eleitos por voto do povo hoje defraudem as expectativas dos eleitores, apenas por capricho de um líder que tem empresas e se beneficia de grande parte do dinheiro a que a Renamo tem direito por via do Orçamento do Estado.
“Alguns de nós precisam apenas de cumprir mais um mandato para conseguir uma reforma completa no Estado. Como é que, em consciência, nós iríamos perder esta oportunidade de assegurarmos a nossa reforma? Ele (Dhlakama) não está preocupado com a nossa situação, porque ele tem a sua vida feita à custa do nosso sacrifício de longos anos nas matas”, disse.
A cúpula do maior partido da oposição está reunida em Nampula para, entre várias matérias, deliberar sobre a data do início das manifestações de repúdio aos resultados do escrutínio de 28 de Outubro de 2009.
(AIM)

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