segunda-feira, julho 27, 2009

Fazer ?Sim , mas bem

Samora Machel, (saudades da sua integridade) sonhou e mandou desenhar nos primeiros anos da independência nacional uma política de desenvolvimento de dez anos para Moçambique.Os resultados não foram os esperados devido a factores até mesmo externos.Daí para cá foram traçados outras estratégias mas pouco se viu e como consequência , o ciclo vicioso da pobreza.Um dos maiores desafios foi o persistente afunilamento das discussões, não permetindo alargar a outras sensibilidades a identificação das causas do fracasso, para de seguida vislumbrar soluções.É verdade que a mudança constante de estratégia demonstra que há preocupação em enterrar os males que teimam adiar a melhoria de qualidade de vida dos moçambicanos.A dificuldade está na maneira de como fazer as coisas.O Fundo de Investimento Local (FIL) é o exemplo de uma estratégia de grande alcance mas que peca por não requerer muito esforço e sacrificio dos cidadãos abrangidos e particularmente do Governo, que deve monitorar o processo.Aparentemente não há obrigatoriedade no reembolso dos empréstimos. Os Conselhos Consultivos distritais que dão o aval para a execução dos projectos admitem timidamente não terem indicações especificas de como reaver os fundos emprestados.Uma operação como esta sem a devida assessoria tecnica e financeira pode ruir e não atingir o desejado impacto social e economico.Nota-se com algum calor e até compreensivel o entusiasmo dos administradores distritais.Foram verdadeiros heróis no período da guerra,tudo fazendo para proteger milhares de pessoas dos ataques animalescos da RENAMO.Fazem parte da equipa eleita para a gestão do Estado Moçambicano no último quinquénio e que não se livrou de hábitos e costumes que dificultam o desenvolvimento social e humano. Optaram por mobilar residencias oficiais, comprar viaturas e outros bens que nada tem a haver com o desenvolvimento das zonas rurais(70% da população vive no campo).O cidadão torce o nariz, denuncia estas incongruencias , o ambiente torna-se tenso, total descrebilidade. Todos os dias são milhões os dolares que os bancos financiam mas na condição dos seus clientes terem requisitos e cumprirem com as regras de jogo. Que futuro tem esta estrategia de transformar o distrito em polo de desenvolvimento? De onde virá o dinheiro para financiar os proximos projectos, se os actuais não garantem o retorno, reflexo das duvidas quanto a sua sustentabilidade económica e financeira? Sim, porque os sete milhões/ano por distrito não sao eternos.Nos anos 70, o governo da Coreia do Sul, sem grandes recursos identificou algumas comunidades para uma experiencia piloto que ao receberem sacos de cimento comprometiam-se em realizar obras de uso comum. Todos os projectos eram decididos por um conselho tecnico e comunitário (Saemaul Undong) e executados com mão de obra local. As comunidades-piloto que no ano seguinte apresentassem resultados positivos recebiam mais 500 sacos de cimento e 1 tonelada de aço para continuarem as obras. Aos poucos as zonas do interior transformaram o cenário atrasado e antiquado num visual urbanizado,desenvolvido com destaque para a industrializacao.Moçambique com a idade que tem tal como o seu governo (34 anos) não suporta mais uma vaga de experiências. Neste clima de boas intenções a procura do melhor o tempo vai passando, e o povo é a principal vítima disso. O país tem cerebros capazes de operar mudanças e não milagres.

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