quinta-feira, agosto 15, 2019

Chove plástico!


Resultado de imagem para esta a chover plasticoQue os oceanos estão cheios de plástico já não é novidade. E, apesar de ainda haver pouca investigação científica sobre o tema, é também sabido que estas micropartículas de plástico invisíveis a olho nu podem ser transportadas pelo ar por distâncias superiores a 100 quilómetros: no topo dos Pirenéus, Steve Allen já tinha encontrado concentrações de microplásticos semelhantes às de Paris ou de uma megacidade industrial chinesa. Agora, um estudo publicado na revista Science Advances mostra que os microplásticos transportados pelo ar e caem depois sob a forma de neve (ou chuva), chegando a regiões tão remotas como o Árctico ou os Alpes Suíços.
A descoberta foi feita por cientistas do Instituto Alfred Wegener de Investigação Polar e Marinha, que analisaram amostras de neve em zonas habitadas, como as regiões da Heligolândia e Baviera e a cidade de Bremen, na Alemanha, e de áreas remotas, como os Alpes suíços e Árctico. A conclusão? Ainda que a concentração de microplásticos seja mais elevada na Europa, é também substancial no Árctico. Ou seja, em todos estes locais foram registados altos níveis de concentração de micropartículas de plástico.
Graças ao movimento das ondas do mar e às radiações ultravioleta do Sol, o lixo é gradualmente dividido em pedaços cada vez mais pequenos, que se vão espalhando por toda a parte e acabam por chegar até nós. Um relatório do Fundo Mundial para a Natureza mostra que estamos a ingerir até cinco gramas de plástico por semana: o equivalente a um cartão de crédito. Estas partículas são também ingeridas por animais, especialmente marinhos, que as confundem com alimento no oceano.
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Se as micropartículas viajam até aos solos e oceanos, também conseguem entrar na cadeia alimentar. Em áreas habitadas, é comum remover neve das ruas e transportá-la para outro sítio. Por isso, o estudo alerta que os locais de deposição da neve devem ser escolhidos com cuidado, de forma a evitar a contaminação de áreas sensíveis. Mais ainda, “os microplásticos caíram do ar, o que pode ser considerado um factor de poluição atmosférica” — e particularmente importante no contexto da saúde humana e animal, sobretudo em locais habitados, onde os residentes podem estar a respirar as partículas.
Ainda não são conhecidos os impactos destas partículas na saúde humana, mas o estudo adianta alguns riscos como irritação respiratória, alveolite alérgica ou fibroses. Em Outubro de 2018, foram encontradas pela primeira vez 20 partículas de microplásticos em cada dez gramas de fezes humanas. “Mesmo que parássemos a produção de plásticos agora”, alertava Steve Allen no seu estudo de Abril deste ano sobre microplásticos nos Pirenéus, “não sabemos durante quanto tempo é que vão continuar a chover do céu ou a fluir para os oceanos”.

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